Uma nova forma de fazer gestão pública
Opinião
Carlos “Cabeça” Moura Andrade*
A variedade de opiniões sobre a atual gestão da Prefeitura Municipal de Itabira gera certa incerteza na cabeça de muitos Itabiranos quanto ao mandato do Prefeito Marco Antônio Lage.
Esses diálogos me fazem refletir e recapitular o histórico do qual pude participar na dependência da gestão pública desde os direitos básicos e constitucionais, minha infância, os 20 anos que trabalhei com contabilidade, os quase 30 anos na área cultural como músico e produtor de eventos, morador da zona rural de Itabira, agora Gestor de uma Organização da Sociedade Civil (OSC) e atuante no turismo na comunidade da Serra dos Alves.
Mas o que tenho de mais forte em lembranças fica nos tempos de criança e minha adolescência a ponto de afirmar que a geração atual jamais poderá entender a diversidade de opções de lazer, da cultura e do esporte que tínhamos nos anos 80, 90 e que que a partir dos anos 2000 começou a perder o “condutor da charrete”, como definiu Raul Seixas em uma de suas canções em alusão à MPB dos anos 80.
Naquela época estudei na FIDE e CNSD sendo privilegiado com as bolsas de estudo oferecidas pela então CVRD (Vale) e mesmo assim fazia uma série de amizades com as mais diversas escolas públicas da nossa cidade em função de uma competição que se espelhava basicamente nos jogos olímpicos e que contemplava todas as escolas da nossa cidade. Chamava-se OLIMPETIZES (não me lembro se Z ou S na palavra) onde eu participei em sua maior parte nos times de Futebol de Campo, Futebol de Salão e Vôlei.
O esporte na nossa cidade não parava por aí. Meu pai era um dos mais antigos sócios do então Real Campestre Clube e lá tínhamos um ótimo time de futebol de campo dividido em três faixas etárias de acordo com um entre espaço de idades. E não só o Real mas praticamente todos os clubes da cidade desenvolviam outras modalidades no esporte.
No caso dos clubes a competição das modalidades se chamava INTERCLUBES e da mesma forma abordavam essas mais diversas modalidades entre os clubes da cidade, gerando da mesma forma uma integração imensurável entre os adolescentes da nossa cidade.
Neste âmbito o VALÉRIO era referência por desenvolver praticamente todas as modalidades do esporte. De lá notáveis surgiram como Talmo (campeão olímpico de vôlei), Basilinho (um educador de um universo de crianças), André (professor de basquete e educador físico), Martinho (Taekwondo), Lino e Loló (Natação) para não falar de mais uma série de personagens que poderiam ser citados aqui.
Fato é que Itabira sempre despontou nestes cenários de integração social e cultural. Nesta última minha geração pode contemplar os melhores momentos da Praça do Pará, os Bailes no CAI, Carnavais, Festivais de Inverno, Nook Scothbar, Pointer, Drashs, Festival Caipira, Exposição de agosto quando contemplava os mais diversos estilos e não só o sertanejo, Jairo e outros points mais.
Mas tudo isso se perdeu… ou quase. Existe esperança?
Novos ares
Bordo este contexto histórico para relembrar aos itabiranos que Itabira começa de novo a respirar estes ares de esporte e cultura na gestão atual. Na minha modesta opinião são atividades como estas que reduzem a criminalidade, que dão opções para a família e que fazem as pessoas sorrirem.
Como exemplo dessa mudança vale ressaltar a volta do Valério aos campos e a competições que levam as famílias ao Israel Pinheiro, o retorno da Feira de Produtores na Esplanada da Estação, a qual posso ver e ouvir da casa de minha mãe na Rua Água Santa todos os finais de semana, atividades de lazer diversificadas e descentralizadas nos bairros da nossa cidade, Campeonato Amador de Futebol, Festival de Inverno com investimento considerável, Festividades do Aniversário de Itabira com os artistas da nossa terra, o retorno do Carnaval de forma inovadora e também descentralizada e outras atividades mais que não consegui acompanhar em todo o plano.
Na área de turismo investimentos fundamentais estão sendo realizados de forma gradativa. Asfaltamento de algumas estradas rurais de acessos, manutenção constante das estradas de terra, investimento nas comunidades rurais e em cursos profissionalizantes junto ao SEBRAE, fortalecimento das instituições sem fins lucrativos através de convênios e termos de fomento que possibilitam a independência de determinado setor ou comunidade e que também transforma a realidade daqueles que sequer tiveram acesso ao primeiro emprego anteriormente.
O sucesso de uma administração pública não deve estar atrelado às obras de infraestrutura somente, pois não existe população feliz e realizada sem o lazer e a cultura. Não sei opinar sobre a saúde, mas das vezes que precisei, eu tive acesso e ocorreu tudo bem. A educação está em ótimas mãos ao contrário do que dizem as pessoas preconceituosas e de mentalidade retrógada ou alienados.
Fato relevante que me faz acreditar que a atual gestão deve ser exemplo a todas as próximas, se deve principalmente pela abertura e acesso às secretárias, secretários, administradores que fazem questão de receber o ouvir projetos, deixando de lado a antiga maneira de se ter acesso de direito que dependia de muita articulação política e de favores.
Apesar da rotatividade do secretariado e de administradores em alguns setores, tive acesso a todos eles, tanto como pessoa física quanto representante de instituição ou empresa. As respostas são rápidas, objetivas e sem amarras políticas ou o famoso jargão de que “isso tem que ver com fulano para liberar”.
Só na Serra dos Alves, o atual polo do turismo da nossa região, recebemos visitas de praticamente TODOS os secretários da atual administração, inclusive do próprio Prefeito, que também faz questão de ser presente em todas as atividades que acontecem no seu governo.
Conversando com todos e sem aquela velha impressão de ser intocável e que para ter acesso é preciso falar com alguém antes. Isso é novo, mas deveria ter sido para todos que ocuparam este cargo uma obrigação para com a comunidade.
Temos atualmente também um contato de ouvidoria que funciona e que se posiciona. Por muitas vezes funcionou como um canal vazio e falo por experiência própria de quem já foi retaliado em gestões anteriores após algumas considerações que julgava construtiva, mas que feriu o ego de alguém naquele momento.
Antes também que alguém se manifeste com viés político apenas, dizendo que de alguma forma eu possa estar sendo favorecido, gostaria de relembrar que por diversas vezes nas redes sociais expus pontos relevantes e de elogio a grandes figuras públicas de nossa cidade em gestões passadas, sejam prefeitos, deputados, vereadores e qualquer outro que assume um papel público na sociedade. Minha opinião é de cidadão itabirando que aqui nasceu e vive por mais de 40 anos.
Há muito que melhorar, mas é preciso participação da população com sugestões, críticas e não dor de cotovelo por participar de outro grupo político. É possível ser atleticano e reconhecer a vitória ou bons momentos do Cruzeiro. Digo ser possível termos opiniões diferentes, mas precisamos confrontá-las de forma construtiva e não com um papel de sempre se opor sem fundamentos ou soluções para determinada situação.
Minha torcida é que Itabira continue a crescer de forma democrática, com uma cultura forte para que nossa população, em todos os níveis e gerações, tenha oportunidades de sorrir e de ter uma vida mais saudável. Investir em cultura, esporte e lazer é também reduzir os problemas de saúde, é valorizar a família!
Que tenhamos daqui em diante representantes que participam efetivamente e presencialmente de suas ações e sejam responsáveis por elas e não mais grandes nomes para apenas sair na foto com um número, para depois sentar em uma cadeira enquanto na verdade são os grandes grupos políticos que governam. Neste ponto o prefeito já evoluiu Itabira 40 anos em apenas 2.
Sejamos todos críticos construtivos e não disseminadores da discórdia!
*Carlos Henrique Moura Andrade é presidente do Instituto Bromélia, produtor cultural e proprietário do Serra dos Alves Hostel
Caro Carlos, o seu artigo de excelente verve me comove…
A derrota incomparável venceu, até mesmo a Semana Drummondiana, o começo de tudo que você mencionou, foi pro beleleu…
Sobrou o retrato na parede. Agora resta conserva-lo na memória.