Uma Europa embaralhada contra a Rússia
Veladimir Romano*
Das habituais mesas-redondas dos ministérios das nações da União Europeia, com o reaproximar dos Estados Unidos, a Organização do Tratado Atlântico Norte [O.T.A.N.], vai tomando novas medidas.
Desta vez, gente da Defesa dos 27 membros acabaram determinando como inimigo número 1, a eterna Rússia [por isso James Bond não encontra tempo para aposentadoria], que tanto assusta governantes convencidos da razão generalista entre tentações novamente de cariz belicista, não enxergam mais nada.
A Deutsche Welle fez estudos sobre apreciação russa em favor de uma Europa única, desde 2012 com aprovação do povo russo [150 milhões de habitantes] em 36%, três anos depois com 54% e em 2019, chegou nos 60%. Fica assim imprescindível ao Ocidente mudar o rumo das opiniões sobre a Rússia.
Entretanto, alguma possessividade estranha ou psicologia que a divulgação política acumula, o aspeto mais interessante duma reunião de altos quadros administrativos concluída em três dias de papo-furado, resolveram alertar a opinião pública, sobre a melhor forma em derrotar a Rússia [ocupa quase 10% do território mundial, inclusive o Ártico].
Para isso será mesmo preciso todos se manterem unidos, bem juntinhos, ameaçando aumento de sanções, reclamando das tropas russas ocuparem território da Crimeia [2 milhões de habitantes para mais de 26 mil km2], desde 2014, passando a República, parte integrante da Federação Russa.
O mal dos europeus ocidentais é não querer conhecer as raízes históricas desde antigos ganhos da Imperatriz Catarina a Grande, quando conquistou aos tártaros [guerreiros defensores do Império Otomano no século XVIII], este pedaço de território na estratégica península dividindo Mar Negro do Mar de Azov, não só do ponto militar, mas muita riqueza piscatória, turística e petrolífera.
Na recente ideia do presidente Emmanuel Macron, “sanções!”, deixou de fazer “sentido”.
Poderíamos apelidar tamanha situação confrangedora pelo ato mais simples de cálculo quando alguém vive medento aos acontecimentos que não queira ver, mas todos os dias assumem assuntos negativistas.
Ora, sempre escutei dos mais velhos que, pensar, é atrair. Pela Crimea, não obstante algum qualquer divórcio estilo europeu se confunda com novos mundos invisíveis, ficamos na primeira fila assistindo.
Se chama de cobiça pelas riqueza dos outros quando sabemos do gás no subsolo, mas também pela boa produção vinícola, cereais, termas naturais, minérios de ferro, sal, temperaturas amenas, certamente, russos que nunca mais irão sair fora daquilo que pelo lado histórico, se sente ser mais da Rússia do que autoridade alguma vinda donde for, reclamar direitos para fins geoestratégicos alheios.
A ver: que razões tem a Inglaterra ocupando o velho penhasco de Gibraltar em território espanhol? Mas, depois, que direitos retém a Espanha ocupando Ceuta, dentro de Marrocos… ou castelhanos que tomaram terras de Olivença, bem portuguesa?!
Por que a União Europeia reconheceu Sarajevo [280 mil habitantes para 141 km2], pedacinho territorial dentro da Sérvia mas depois não considera Catalunha [32 mil km2 com 8 milhões de pessoas]?
Por que razão França não liberta a ilha da Córsega [340 mil habitantes para quase 9 mil km2], pedindo sua independência em mais de dois século?
Ficam muitos mais exemplos como a vergonhosa ocupação da baía de Guantánamo [com 116 km2 para 210 mil habitantes] a sudoeste da ilha pelos norte-americanos desde 1903, mas território legítimo de Cuba.
O exercício repressivo ao longo de séculos contra a Rússia, e no presente uma União Europeia mantendo sua população quatro vezes superior, maior economia, indústrias sofisticadas, bases militarizadas ameaçando o vasto vizinho também com melhores infraestruturas e gigantes orçamentos militares.
Sairá dessa ameaça constante e doentia, nova guerra? Envenenando dominadores mais comuns das invasoras, melhor seria na conduta inapropriada, inescrupulosa, completamente descabida, julgar tempo perdido de tão baralhada que a Europa anda.
Positivo ficaria, analisando contrastes, casualmente, os russos, sendo marginalizados pelos manifestos infelizes de uma Europa contra, contudo, não parece ser essa a rainha de todas as opiniões dos povos desta mesma União.
Igualmente na Rússia, existem 23 monumentos protegidos pela Unesco, onde, desde 2014, recebeu 33 milhões de visitantes/ano.
Então, mais inteligente seria aos políticos europeus, crescendo na inteligência, retirar ameaças. É assim que, aplicando bom senso, ganhariam tão desejada paz sem viajar nas incertezas que vão fazer os russos no Ártico.
Mais inteligente, poderia ser uma grande missão conjunta científica instituindo benefícios, apoiada por militares, garantindo mérito a todos.
*Veladimir Romano é jornalista e escritor luso-cabo-verdiano
Foto: Ilya Pitalev/Sputinik
A Europa fica no não me larga e nem me deixe com a Rússia por conta da América do Norte e enquanto isto os Russos vão aumentando sua área de influência com os vizinhos e derredor.