Tentações imperialistas provocam misérias e dominações por todo o mundo

Veladimir Romano*

No seu último referendo, realizado na semana final de fevereiro, o povo japonês derrotou a ideia norte-americana de continuar ocupando a base militar de Okinawa. Quase 75% dos votantes disseram num bem alto “NÃO” à presença militar das tropas norte-americanas que por lá estão desde 1945, ocupando território japonês.

Os japoneses consideraram como sendo «desperdício financeiro». Ou seja, nada vantajosa a proposta do governo da Casa Branca para que o Japão construísse uma nova base, onde ficariam estacionados os US Marine Corps Station, obra que iria custar US$ 22 bilhões – e treze anos de construção.

Ora, essa ocupação já deveria ter acabado em 1954. É abusiva ao Japão, sendo proveitosa e rentável aos cofres do Estado norte-americano, que fatura milhões e milhões de dólares anualmente desde 1945. A ocupação já contou com 40 mil militares de todos os ramos, sendo que somente em 2003 esse contingente foi reduzido para 24 mil. Isso sem esquecer da poluição sonora deixada pelos aviões e vários impactos ambientais.

Bases militares norte-americanas espalhadas pelo mundo é arma da dominação imperialista (Fotos e ilustrações: Reuters e Google)

Parece em decadência, mas logo se levanta, toma outras formas o sentido imperialista dominando sociedades e nações, consolidando a ingerência como se fosse algo natural. É assim por todo o mundo, como se observa nos tempos atuais.

O caso da Colômbia é outro dos flagrantes exemplos. O país conta com sete bases norte-americanas espalhadas pelo território, com presença desde Cartagena, Malambo, Palangano, até na Baía de Málaga, aumentando força aérea, infantaria e fuzileiros especiais desde 2009. É uma provocação declarada sobre nações vizinhas, como é o caso do Panamá, com vários litígios históricos e a tomada do seu canal marítimo nos anos 1980.

Na criação deste sistema imperialista, definido como capital aplicado e dominado pelas organizações norte-americanas, vive o elemento colonial – uma ocupação estranha de territórios, estabelecendo economias dependentes, onde nem por sombras se tira algum proveito para os países ocupados por forças estranhas.

A empresa estruturante no quadro realizado, durante muito tempo amarrou na consagração intensiva, antes já usado quando da escravatura, com bases de terceiros, conversão financeira, influenciando na formação e dominação política, aproveitando-se da fraqueza correspondente direta provocada por muitos conflitos. O que fica são as tentativas dominantes de um certo tipo de pendor imperialista viciado em dominar. Ora, são quatro as formas de domínio imperialista: o colonial, protetorado, influente e domínio financeiro.

Depois, chocantes são as insuficiências em termos comparativos daquilo que o capitalismo oferece. No entanto, sempre tangível nos laços imperialistas qual visão apenas voltada para o lucro sem avaliações científicas da organização adequada.

Prevalecem negócios escusos em busca de dinheiro fácil, a acumulação da riqueza em mãos de poucos dos que conquistam o poder, promovendo uma competição doentia, numa clara definição abstrata por onde sempre se afogaram as tentações de um balanço convertido em força motriz.

Explorar até à exaustão é o objetivo. E isso tem colocado a própria economia global em risco sem que essa situação preocupe quem mais responsável deveria ser.

Analisando correntes históricas, reencontramos algumas dessas forças concentradas em ações conhecidas. Assim, EUA, França e Reino Unido seguem ocupando territórios. Como exemplos dos mais conhecidos temos a ocupação na ilha do Haiti, onde ainda hoje procuram impor uma democracia na medida dos seus interesses, expropriando o desejo da emancipação revolucionária, que ainda, e desde 1800, permanece no espírito do povo.

Mantendo a economia dependente de “dádivas” externas, o que se observa é uma economia montada no reverso fracasso pelo montante das devoluções e compensação financeira dos famosos “acordos” sobre dívidas.

Desse modo, renascem entraves ao desenvolvimento. Não ficam apenas nos processos internos das elites bem instaladas no poder corrompido, mas outro processo inicia seu caminho: a indolência, incapacidade de responder e organizar, marasmo político, parasitismo, imoralidades e o panorama neocolonial predominante.

A substância da engrenagem imperialista estabelece sempre no mesmo programa efeitos circulantes e, quando por norma aparecem forças contrariando, o choque fica inevitável.

No presente momento é flagrante a situação venezuelana subjugada pelo abusivo confronto com sanções e a retenção de bilhões de dólares nos bancos norte-americanos, fruto das vendas de petróleo.

No passado, a confrontação de conflitos, logo após independências, era mote desejado de vários países querendo dominar, aplicando-se novas regras imperialistas.

É o caso da Nigéria, que mora em nossa memória, quando da barbárie provocada em 1967 na guerra do Biafra. Desse confronto, morreram 1 milhão de pessoas adultas e mais de 300 mil crianças. Foi o primeiro grande genocídio africano do século vinte patrocinado pelas gigantes imperialistas BP, Shell e a Gulf  Oil Company .

Desde a sua libertação da Bélgica, a bastante rica República Democrática do Congo nunca mais encontrou seu caminho de paz e prosperidade, desde que o presidente Richard Nixon e seu secretário de Estado Henry Kissinger, patrocinaram Mobutu Sese Zeko no golpe, impondo outra inflada criminosa ditadura.

Como Aristóteles dizia:«Toda a palavra, todas as atividades tendem para objetivos e para o bem». Diríamos na medida primordial que, antes de Hegel ou Karl Marx, Emiliano Zapata ou até o brasileiro Luiz Carlos Prestes, já existiam nessa antiguidade sonhadora quem discutisse pensamentos numa tendência socialmente evoluída, propondo formas afirmativas da teoria dentro duma unidade política onde conta mais o cidadã/o.

E novamente, vale citar o filósofo: o «Êxito é válido por si próprio desde quando representado para a coletividade e esta fique conservada garantindo duradoiramente seu bem-estar».

Sendo unívoco no conceito, estabelecem-se modos quanto a conteúdos sociais conseguindo resolver divergências, contradições. Ocupar o poder já nem será o mais intransigente quando a sociedade baseia alguma das suas atividades instaladas igualmente no poder corrompido de tentações imperialistas.

*Veladimir Romano é jornalista e escritor luso-caboverdiano

 

 

 

 

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