Idólatras pegando na caixa da Pandora em tudo desafinam nas riquezas sem fronteiras dos paraísos fiscais

Veladimir Romano*

A realidade demasiadamente ampla se acumulou e, no presente [últimos trinta anos], só tem aumentado. Quem visita o mar das Antilhas, logo entende do oportunismo e da ligeireza local com praticantes financeiros.

Aqui chegam trilionários, bilionários, como pequenos milionários em plena fuga aos impostos dando cobertura aos esconderijos famosos, restos da pirataria do passado colonial.

São quase três mil ilhas, das quais setecentas lutam entre si garantindo boa recolha, segredos guardados [intimidade nem sempre fiel] fugindo aos critérios legais de cada país.

Interessante ver que são os mesmos países condenando a marosca, dando empresas fantasmas, aqueles que avaliam leis, direitos e defesa aos marginais infratores.

O pior, no entanto, com vantagens, quem mais tem aproveitado, exatamente são os cartéis movimentando 800 bilhões de dólares/ano, dos quais 3 trilhões traficados no mesmo período, segundo organismos independentes [ONG], estudando faz tempo o fenômeno.

Crimes gigantescos que poucos ou quase ninguém tem coragem e vontade para eliminar ou pelo menos melhor controlar a famosa gangrena econômica ao mercado de capitais.

Não é sem justa causa que a justiça federal do Estado texano [EUA], tenha aumentado de 186 milhões de dólares para 250 as multas sobre infratores financeiros ou milionários praticando tais fugas.

O realismo virou profunda cicatriz mas, a discussão em torno do problema dura apenas alguns dias, caindo no esquecimento até novas broncas. Ninguém parece solucionar, nem certezas no tocante a qualquer justiça capaz; fica inaudita esperança em ação meritória de valores.

Holanda, França, Inglaterra, Escandinávia, Estados Unidos, são primeiros membros criadores de leis protecionistas aos seus empresários fabricantes do dinheiro.

E para não serem sacrificados com mais exigências legais dos impostos e taxas, acabam desviando ou de preferência semântica: de “transferência” em “transferência”, juntando fortunas absurdas, dinheiro que durante anos vem transferindo esse contrabando material… idólatras pegando caixa da Pandora, desafinando um mundo complexo, marginal, golpeando valores aos quais se aproveitam sugando até ao tutano todas as facilidades dos países promotores da corrupção.

Das denúncias sobre o “Panama Papers”, [Papéis Panamá] até nas últimas ao “Pandora Papers” [Papéis Pandora]: apenas alguns exemplos quando se fala de Barbados com 431 km2, 300 mil habitantes.

Parcela das Antilhas vive do turismo e da exportação da cana-de-açúcar, possui alto padrão numa das regiões mundiais densamente povoadas com a média de 626 habitantes por quilómetro quadrado e um PIB com mais de 5 bilhões/ano de dólares.

Nas Bahamas, com 700 ilhas, unicamente 30 são habitadas [13.864km2, 400 mil habitantes], vivem igualmente do turismo, pesca e depósitos bilionários pagando pequenas taxas de manutenção financeira; também seu PIB atinge mais de 5 bilhões de dólares norte-americanos/ano. Dólares locais igualam a moeda americana em 1×1.

Saindo das Lucaias, chegando nas Bermudas [tudo território protetorado britânico com autonomia interna], de 54 km2, não chega nem nos 100 mil habitantes, total de meia-centena de ilhas onde ainda estão o Saint Kitts & Nevis, Caimã, Santa Lúcia, São Vicente… seja: Ilhas Virgens Britânicas com PIB ultrapassando 6 bilhões/ano, média de renda per cápita que chega aos 120 mil dólares norte-americanos.

Resta saber até quando o mundo e a sociedade vão engolir esse sapo bem grande atrapalhando economias, direitos humanos, retirando nobreza aos países, acrescenta pobreza, só isso que não sendo pouco, deveria ocupar todos os dias autoridades de nações que pelo mundo berram pelos Direitos Humanos, escondendo suas denegridas ações e em tudo desafinam.

*Veladimir Romano é jornalista e escritor luso-cabo-verdiano.

 

 

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2 Comentários

  1. Falam de tudo, atacam todos, provocam dissensões e depois guerras, mas não combatem os desvios de dinheiros para os paraísos fiscais porque são estes mesmos os maiores correntistas.

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