Alergias e caprichos do G7, G20, depois um mortífero G2

Veladimir Romano*

Foi tudo muito rápido, quase sem tempo para respirar o bom ar da simpática baía de Carbis, Falmouth, pitoresca região da bem famosa Cornualha britânica. Reuniões muito breves dos países mais ricos e mandões do planeta, resolvendo comandar a vida de todos os restantes, e o G7, logo passou a G20, convidando outros restantes parceiros da festa numa mini cúpula de otimismo diplomático.

Ao contraporem realismos entre aquilo que se motiva como elemento intermediário no mapa de uns, evidenciaram a supremacia e determinaram logo planos-itinerários deste sarau político. Ninguém quis falar das tarifas sobre o aço, do problema da confrontação do negócio aeronáutico Euro-América, o gás de xisto, entre outras heranças pesadas do anterior ocupante da cadeira na Casa Branca.

Na voz popular: “muita parra, pouca uva”. Já vimos esse filme ou na continuação do anterior inquilino da Casa Branca quando expressou America great again, America first ou América grande outra vez, América primeiro e, o agora mais pacato “slogan” atualizado do novo chefe das operações, Joe Biden, anunciando America is back (América está de volta).

Embora não sendo hoje uma Europa rendida aos encantos do parceiro norte-americano, mas as coisas se vão compondo e os “inimigos”, infelizmente, na cabeça desses líderes, não é o dinheiro que anda descaradamente fugindo de bilhões pelas portas dos fundos da banca desavergonhada, o crime aumentando, tráfico de pessoas, lavagens bilionárias, drogas sintéticas ultrapassando o mercado das drogas tradicionais que autoridades policiais bem conhecem e combatem com muita dificuldade, sempre com falta de recursos.

Nada disso ocorreu. O debate em fim de semana custou vários milhões aos cofres públicos europeus, mas se fixaram na China e Rússia, como se alguma coisa fosse novidade.

É preciso uma vontade global, tal como se referiu o naturalista inglês David Attenborough: the global will to do so. Foi sem dúvida a melhor frase da cúpula dos G7, G20 e ainda o G2, entre Rússia e USA.

Norte-americanos como membros da OTAN, devem cumprir o Quinto Artigo da Carta Militar desta organização que havia sido enxovalhada por Donald Trump. Bom seria certamente se tanta grana militarizada fosse transferida como deixou dito David Attenborough, e dedicar-se na salvação ambiental e melhoramento substancial da ecologia.

A duas horas de avião, na capital espanhola, na grande emblemática Plaza Colón, se contabilizaram 25 mil manifestantes ruidosamente contra a libertação dos prisioneiros catalães, republicanos e patriotas da sua pequena nação mas que alguns de capricho feito nunca irão deixar.

Juntos, o Vox, PP e Ciudadanos gritaram até ao esgotamento contra a liberdade daqueles que praticam pensamento republicano e se sentem bem diferentes dos restantes Castelhanos.

Muito terá de suportar o premiê socialista até que a proposta passe no Parlamento espanhol, cuidando de devolver a democracia e recolocar o Direito legal tocando feridas, eliminando complexos perigosos aos franquistas teimosos e possuídos de fanatismo.

Estas questões mais sérias, condizentes com necessidades emergentes da sociedade no geral, nunca preocupam entidades ricas e manipuladoras dessa mesma liberdade e processo democrático que tanto defendem quando se organizam cúpulas políticas e os governantes se aproximam para fotografias de ar feliz enquanto o mundo está beira do precipício.

Bem clara e mais séria é a expressão do povo russo numa questão de rua quando o jornalista pergunta sobre o que acham das reuniões e, tal como o presidente russo afirmou na sua frontal entrevista ao canal dos mais prestigiados norte-americanos, a NBC, que a cimeira com Joe Biden, G2, servirá de muito pouco enquanto na organização militar do Atlântico Norte, continuando a colocar unicamente entraves, ameaças, programas que custam bilhões.

Isso somente no intuito de criar instabilidade a estes países. Será então brincadeira séria, de vontade absoluta estragar dinheiro que vai falta noutros lugares como por exemplo, no enfrentamento à pandemia que aumentou a pobreza nas crianças da União Europeia onde hoje 1, em cada 4, são pobres.

Portugal, Romênia, Bulgária têm hoje 5 milhões de infantis entraram nessa lista, na palavra do primeiro-ministro português, António Costa, dirigindo a governança dos Estados-membros.

È assim, causticando idênticas cenas fundamentadas nos velhos conceitos dogmáticos manchados desde o passado que alguns desejam e na falta de melhor inteligência, preservar para nunca se resolver essas pendências que são globais.

Fica uma consumida histeria dos países ocidentais, agitando sombras onde compromissos ficam na gaveta do esquecimento, uma vez que a ideia é mesmo manter confusão, contagiar alergias, mantendo caprichos que algum dia serão mortíferos.

*Veladimir Romano é jornalista e escritor luso-cabo-verdiano

 

 

 

 

 

 

Posts Similares

2 Comentários

  1. 7 homens e 2 mulheres. se o contrário fosse, alguma coisa estaria resolvido à direita ou à esquerda, porque os homens decidem mal, decidem por manter guerras…
    mais uma vez, tenho a dizer que é bão demais ler o Romano aqui na Vila

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *