O fanatismo do “Brexit” e a doença nacionalista
Veladimir Romano*
Entre ideias e vontades, nos dias decorrentes, muita coisa dentro do aspecto e das variantes ideológicas estão fugindo ao sentido das boas razões, sentimentos contra algum estranho, selvagem e brutal vazio instalando suas raízes em nossa moderna sociedade.
Os povos se arrastando nessa discutível ideia nacionalista absorvida por projetos apenas sedutores quando divulgados até na exaustão pelas máquinas partidárias. Hoje, parece já não contar mais a virtude dos assuntos nem a realidade existencial pelo que toda uma carga fanática tomou conta da sensibilidade natural que os povos acumulavam na sua boa intuitiva instrução social, política e cultural, suficiente sabedoria dos deveres, direitos e obrigações.
Todo esse “nariz de cera” é para dizer que esse “Brexit”, que vem a ser a decisão do Reino Unido de deixar a União Europeia, tomada em 2017 e com previsão de terminar neste ano, anda encolhendo, esticando, o que acaba dando espaço ao fanatismo, às incertezas que irão continuar e uma doentia enxaqueca arrasando o melhor pensamento possível.
Passados três anos da primeira escolha feita pelos britânicos negando sua continuação no clube das nações da Europa [agora ficando 27], abriram-se páginas bem antigas da histórica relação entre vizinhos de origem viking, céltica, latina e germânica. Todas as colônias se foram, ficando contudo o Reino Unido que agora procura olhar futuros sólidos ou pelo menos de alguma garantia e segurança, com força e determinação para tomar decisões decisivas capazes de novamente reescrever a História.
Mas trata-se de um final sem glória como causa das decisões monitorizadas da elite política que olha apenas ao lucro das regras suicidas, monopolizadoras duma outra liberdade conveniente [aquela que domina e paralela a economia] apresentando soluções inexistentes no fato supremo, ao vitalizar novos rumos sociais. Nunca as forças capitalistas mentiram tanto, transformando pessoas aos novos dilemas onde se vai encontrar outra tipologia em variante escrava.
A fuga de senadores Trabalhistas para hostes adversárias valoriza a bancada conservadora numa maioria confortável, manifesta mais interesses de ordem elitista, denunciando tudo o que de pior existe hoje na política: o fanatismo nacionalista através da ideia sem caminho claro, derrubando qualquer outro sentimento relativo com coerência humana no limite patriota. A divisão ou a separação do Reino Unido ficou bem evidente com este processo.
*Veladimir Romano é jornalista e escritor luso-caboverdiano
No destaque, manifestantes protestam no centro de Londres contra a saída do Reino Unido (Foto: Niklas Hallen/AFP)