Prefeito de Itabira busca apoio em Brasília ao projeto universitário e duplicação das MGs 434/129, mas ainda sem dispor de projeto executivo

Fotos: Carlos Cruz

Em busca do tempo historicamente perdido, em mais um périplo pelos acarpetados gabinetes em Brasília, Distrito Federal, o prefeito Marco Antônio Lage (PSB) se reuniu na segunda-feira (10) com o seu correligionário, o vice-presidente da República, Geraldo Alkmin.

O objetivo da visita foi buscar apoio e tratar da iminente, ainda que prorrogada para 2041, exaustão das minas locais – e o que fazer para assegurar o futuro sem a mineração, para Itabira não virar uma cidade fantasma, ou quase isso, caso permaneça a dependência econômica à monoatividade extrativista mineral.

Marco Antônio Lage com o seu correligionário, vice-presidente Geraldo Alkmin, em seu gabinete, em Brasília: apoio imprescindível para a abertura de novos cursos da Unifei em Itabira (Foto: Divulgação)

Uma das apostas é o projeto universitário em curso já há algum tempo, ainda patinando, mas que deu importante salto com a aprovação da faculdade de Medicina da UNIFuncesi, por meio de parceria com a Fundação Educacional Lucas Machado (Feluma), instituição filantrópica que mantém a Faculdade Ciências Médicas de Minas Gerais (FCM-MG), apoio da Prefeitura e aporte de recursos da mineradora Vale.

Já foram dados passos importantes, mas é preciso avançar muito mais, inclusive com a aprovação de outro curso de Medicina para o campus da Unifei de Itabira, cujo pedido de abertura está protocolado junto ao Ministério da Educação desde 2014, depois de ter sido aprovado pelo conselho universitário da instituição federal de ensino.

Desde então o projeto ficou esquecido nos escaninhos da burocracia durante os governos Michel Temer e Jair Bolsonaro. Com Lula na presidência, é a chance que retorna para Itabira dispor de um campus verdadeiramente universitário – e não apenas abrigando um conjunto de cursos de engenharia. Foi no governo do petista que o MEC aprovou a abertura do campus avançado da Unifei para Itabira.

Leia mais aqui:

“Itabira pode ter também curso de Medicina na Unifei”, diz Heraldo Noronha, que esteve com Reginaldo Lopes em Brasília para tratar do assunto

Campus Universitário da Unifei, no Distrito Industrial Maria Casemira, precisa ser concluído para receber novas faculdades, inclusive de Ciências Humanas

Outros cursos

Outros pedidos de abertura de novos cursos já protocolados pela Unifei desde 2014 são para Ciências da Computação, Engenharias Eletrônica e Civil, Matemática e Administração. Com a nova política do governo federal, para o futuro próximo a Unifei pretende pedir a instalação de um curso de Direito, abrindo-se, finalmente, para a área de Ciências Humanas.

O professor Paulo Sizuo Waki, chefe de Gabinete da Unifei em Itabira, que acompanha desde o início a tramitação dos pedidos de abertura desses novos cursos em Brasília, com apoio do deputado federal Reginaldo Lopes, líder do PT na Câmara dos Deputados, não descarta a abertura de cursos de licenciatura, que é para formar professores de diferentes disciplinas.

“A proposta é fechar o tripé com os cursos de Engenharia, Direito (Humanas) e Medicina”, defende o chefe de Gabinete da Unifei, que vislumbra também a abertura dos cursos de História, Geografia, Letras, que Itabira já teve, mas que perdeu com o fim da Faculdade de Ciências Humanas de Itabira (Fachi).

O prefeito diz ter tratado da expansão do campus da Unifei também com o deputado federal Reginaldo Lopes, que tem se empenhado na abertura de novos cursos e da própria instalação da universidade federal em Itabira, em 22 de abril de 2008

“Vale ressaltar que a Unifei Itabira já prepara a elaboração de uma especialização em Tecnologia Aplicada à Medicina, prevista para ter início em 2024”, afirma o chefe do executivo itabirano, para quem essa pós-graduação é considerada um primeiro passo para a formação em áreas da saúde no campus local da universidade federal.

Duplicação das MGs 381/262

Pavimentação asfáltica da rodovia que liga Itabira e o Mato Dentro à BR 381/262, no início da década de 1960, foi bancada pela mineradora Vale, que era mais pobre e não tinha tanta movimentação como agora tem em Itabira (Foto: acervo Ceomar Santos, cedida à Vila de Utopia)

Além do projeto universitário, outra aposta de Itabira para criar as condições mínimas para diversificar a sua economia, passa pela melhoria da logística, pela sempre reivindicada duplicação das rodovias MG 434/129, que liga a cidade à BR 381/262.

Isso para que o município reverta um gargalo que vem de muitos anos, e que tem sido causa de perdas de grandes oportunidades, como registra o poeta Carlos Drummond de Andrade, em artigo de sua autoria publicado no jornal O Cometa, em maio de 1984:

“Pouca gente sabe que se cogitou de Itabira para sede de uma “Escola de Mineiros”, que afinal se instalou em Ouro Preto com o título de “Escola de Minas” – a famosa instituição hoje com 108 anos de funcionamento. (…)”, revelou CDA aos leitores de O Cometa.

“Em 1875, Gorceix entregava circunstanciado relatório, dando conta do exame que fizera das condições exigíveis para o funcionamento dessa casa de ensino especializado. (…) A pouca sorte de nossa terra está manifesta: com abundante material de estudo para a Escola, Itabira não pôde tê-la por causa da distância e da falta de comunicações”, lamentou o poeta itabirano.

Leia o artigo de Drummond e o relatório de Henri Gorceix aqui:

Escola de Minas foi instalada em Ouro Preto em 1876, depois de Itabira ser descartada pelo seu isolamento

Projeto executivo

Para a duplicação das MGs 434/129, embora a contratação de seu projeto executivo tenha ficado, segundo a assessoria de imprensa da Prefeitura, a cargo do Departamento de Estrada de Rodagem de Minas Gerais (DER-MG), isso ainda não ocorreu.

“Durante as tratativas, por sugestão da própria Secretaria de Estado de Infraestrutura e Mobilidade, devido às cifras envolvidas para uma obra desse porte, as partes passaram a trabalhar com a concessão da rodovia via parceria público-privada (PPP)”, informa a Prefeitura em resposta a este site.

Ainda segundo o esclarecimento oficial, “a Prefeitura de Itabira contratou um estudo de pré-viabilidade da concessão, que já foi concluído. Esse documento agora é discutido com o Estado no sentido de que seja construída essa parceria entre os entes públicos e a iniciativa privada”.

Ou seja, a expectativa é para que a Vale participe dessa duplicação, como fez no início da década de 1960, quando investiu na pavimentação asfáltica e melhoria do traçado dessa mesma rodovia que liga Itabira à BR-381/262 – e que foi tratada, no Primeiro Congresso das Municipalidades do Nordeste de Minas, realizado em 23 de setembro de 1927, como prioridade por ser o portal de entrada do Nordeste mineiro, dessa extensa e negligenciada região do Matto Dentro.

O apoio da Vale à duplicação da rodovia, assim como a ampliação do campus da Unifei, inclusive com a necessária conclusão da construção dos três novos prédios, está incluído no pacote de parcerias que está sendo negociado pelo prefeito com a mineradora – e que se arrasta desde que Marco Antônio Lage assumiu o governo municipal, em janeiro de 2021.

“São projetos estruturantes, um conjunto de investimentos de curto, médio e longo prazos para assegurar o futuro sustentável de Itabira sem a mineração”, disse Marco Antônio Lage em recente entrevista a este site – e que ele promete divulgar detalhes desse pacote até agosto deste ano. Esse anúncio era para ter ocorrido em junho no ano passado, no aniversário da Vale, mas ficou só na expectativa do que virá daqui para frente.

Saiba mais aqui:

Marco Antônio diz que em agosto divulga o projeto Itabira Sustentável, resultado das negociações de projetos estruturantes com a Vale

E confere aqui:

Vale confirma negociações com a Prefeitura de projetos para o desenvolvimento sustentável de Itabira

 

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1 Comentário

  1. O trânsito de caminhões, uma parte passa nesta rodovia e desce a de Capoeirana, outra parte é para atender a mineração.
    Creio que se retirar a que desce até Capoeirana, já aliviava bem o problema, considerando que aquela rodovia intermunicipal foi pavimentada para transitar caminhões até 3/4, ou seja, com capacidade inferior a sete toneladas.
    Já a rodovia de Itabira ao trevo falta muitos acostamentos e tem excesso de quebra molas, que, aliás, são proibidos pelo Código de Trânsito.

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