Concerto Quilombo de Bach, o Encontro, com o cravista Fernando Cordella, a cantora lírica Sylvia Klein e a saxofonista itabirana Maria Bragança
Fotos in Cena/ Nereu Jr.
Por Carlos Cruz
Visitando Paris, em 1921, o então jovem escritor norte-americano Ernest Hemingway (1889-1961 não teve dúvidas ao afirmar, anos mais tarde, que Paris é uma Festa (título de um clássico de sua autoria), pois foi na capital francesa que ele manteve contato com a efervescência cultural do mundo ocidental daquela época.
Foi quando leu pela primeira vez clássicos da literatura como Tolstói, Dostoievski e Stendhal. Foi também em Paris que ele conheceu Gertrude Stein, James Joyce, Ezra Pound, F. Scott Fitzgerald, escritores polêmicos e encantadores da chamada “Geração Perdida”, designação atribuída a Gertrude Stein, mas popularizada por Hemingway em seu outro clássico O Sol também se Levanta.
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Pois todo esse “nariz de cera” é para dizer que se Hemingway passasse pela cidade natal de Carlos Drummond de Andrade diria que Itabira é uma Festa, tamanha é efervescência cultural que tem tomado conta deste território, principalmente neste ano, com a agradável e super bem-vinda surpresa que foi o Festival Mimo.
E, depois, passando pelo 49º Festival de Inverno, seguido do 2º Festival Gastronômico Sabores de Itabira. E, agora, com o irrequieto e pulsante festival !PULSA! Movimento Arte Insurgente em sua primeira edição, que estreou na sexta-feira (8) com intervenções urbanas, espetáculos de teatro (aplaudidíssimos), workshops, seminários e muito mais nesse grande encontro da diversidade, oposição radical ao racismo estrutural, com muita arte erudita e popular, misturando-se aonde o povo está.
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A festa continua
O festival encerra neste domingo (17), na pracinha do Pará, com a Feira na Praça, quando o público itabirano e visitantesn assistiram, e interagiram, no sábado, com as apresentações do DJ Vini Brown, Marcus das Serras, Pé de Manacá, Guarda de Marujos Santo Antônio, e o divertidíssimo Simão e o Boi Pintadinho, com o teatro de Mamulengo, que se apresenta novamente neste domingo, às 16h, na mesma praça, para diversão de crianças e adultos.
Ainda no sábado o público teve o privilégio de assistir o concerto Quilombo de Bach, o Encontro, com o cravista Fernando Cordella, a cantora lírica Sylvia Klein e a saxofonista itabirana Maria Bragança, mostrando que o erudito se torna popular quando vai aonde o povo está, no caso, a pracinha do Pará. “Estudei neste grupo Major Lage, desta praça guardo muitas memórias”, recordou Maria Bragança.
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Para hoje, o festival tem programado um encerramento à altura do que foi a primeira edição !PULSA! Movimento Arte Insurgente, e que merece sucessivas edições, de preferência em Itabira, tornando-se permanente na agenda cultural local, alô Instituto Cultural Vale, que patrocina boa parte dessa efervescência cultural na cidade, por meio da lei Rouanet, do Ministério da Cultura.
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Esse mesmo clamor pela permanência vale também para o MIMO e para o já permanente Festival Literário Internacional de Itabira (Flitabira), que começa em 31 de outubro (aniversário de Drummond) e vai até 5 de novembro de 2023, tendo como um dos pontos altos a entrega do Troféu Juca Pato de Intelectual do Ano, concedido pela União Brasileira dos Escritores, à escritora mineira Conceição Evaristo.
Mas antes, convém não perder programação do !PULSA! neste domingo. Começa às 16h e vai até 21h, com barraquinhas de artesanato, comidas, performances com o DJ Vini Brown, Leão do Rosário, com Adyr Assumpção, teatro de Mamulengo, com Valdek Guaranhuns, encerando com os shows Valdir Azevedo – 100 anos, e Deu Samba, com os itabiranos Romário e Nonoca.
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Mais eventos
Para não dizerem que Itabira é uma festa só com o “biscoito fino” da cultura brasileira, popular e erudita, e que precisa ser cada vez mais divulgada, como fez o !PULSA!, registre-se também o sucesso que foi a exposição agropecuária deste ano, com shows sertanejos para quem gosta, talvez a maioria da população itabirana, de grande sucesso.
Neste fim de semana teve ainda em a quinta edição do Itamotorock, que agitou o pessoal que curte o vento transitando em duas rodas. Não vai ser surpresa se acontecer, ainda neste ano, uma grande festa gospel, que é para agradar a todos, pois viva também a diversidade religiosa. E viva a Roda de Viola em Ipoema e a Festa da Padroeira de Senhora do Carmo.
Mapa, galeria a céu aberto
Como a festa não pode parar, antes da realização do 3º Flitabira, a cidade será movimentada com a realização do MAPA, primeiro festival de arte pública de Itabira, que acontece entre os dias 9 (aniversário de emancipação política de Itabira) e 15 de outubro.
A proposta é ocupar as ruas e os muros da cidade, criando-se uma galeria a céu aberto, com pintura de murais de grandes dimensões por artistas de diferentes estilos e de renome internacional.
Destaque para o artista Eduardo Kobra, que fará uma belíssima homenagem ao poeta Drummond em um local de grande visibilidade e que certamente vai virar mais um ponto turístico na cidade, assim como os outros murais.
Além disso, a programação reserva ao itabirano e visitantes oficinas de arte urbana com uma grande festa de encerramento com DJs e shows. Tudo gratuito, aberto ao público e na rua.
Artistas itabiranos poderão participar da “Convocatória MAPA”, que vai selecionar quatro artistas da cidade para a pintura de um grande mural durante o festival.
As inscrições começam neste sábado e vão até dia 26 deste mês. Participe.
Inscreva-se e confira a programação completa em www.mapafestival.com.br
1 comentário
Essa cidade do ferro merece muitos, mas muitos festivais culturais pra afagar nossas almas! Parabéns a todos os que incentivam a cultura por aqui!