Grandes eventos culturais impactam a economia nas cidades e no país
O Festival Literário Internacional de Itabira (Flitabira), que começa nesta quarta-feira e vai até domingo, é exemplo de evento cultural com grande impacto na economia criativa e com ações de sustentabilidade
Foto: Carlos Cruz
Os festivais de invernos, o Flitabira, Mimo e tantos outros não só afetam positivamente a cultura como também faz circular mais recursos, com geração de emprego e renda nas praças locais
Se nas pequenas cidades, como é o caso de Itabira (MG), os saldos são positivos e diversificados na cadeia de suprimentos e serviços, imagine o impacto dos grandes eventos musicais no Brasil, como Rock in Rio, The Town, Lollapalooza e outros.
São eventos que se tornam mais do que marcos de entretenimento e cultura. São importantes também por injetarem recursos na economia local e do país.
Isso porque, atraindo turistas e o público em geral, esses festivais não apenas movimentam setores tradicionais, como hotelaria, comércio, transporte, mas também geram oportunidades para a economia criativa e impulsionam a visibilidade das cidades e do Brasil.
Para a professora de Ciências Econômicas da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), Vitória Batista, os eventos de grandes proporções trazem diversos impactos positivos para a economia: além de impulsionarem o turismo, geram emprego e renda para as populações locais, de forma direta e indireta.
“É preciso lembrar que a realização de um evento amplia a visibilidade da cidade que o sedia, fazendo com que o interesse no local específico e no país como um todo também aumente, enquanto destino cultural e turístico, o que eleva a perspectiva de investimento no longo prazo”.
Além da economia, Batista também ressalta a importância desse tipo de evento para o setor da cultura, uma vez que eventos como esses têm atrações internacionais e também abrem espaço para artistas nacionais e locais.
“Em termos de cadeia produtiva, pode-se mencionar a produção de conteúdo direcionada aos eventos, movimentando elos como a parte audiovisual, marketing, e diversos outros segmentos relacionados à parte criativa”.
Sustentabilidade
A economista ainda salienta a questão sustentável desses eventos. “Não podemos esquecer que esses eventos culturais precisam estar alinhados com políticas de sustentabilidade, a fim de possibilitar uma melhor gestão dos resíduos provenientes do que é consumido ao longo do desenvolvimento da agenda cultural”, diz.
Para isso, segundo ela, além desses aspectos, é preciso também que todos os eventos, sejam pequenos ou de grande porte, disponham de infraestrutura suficiente para lidar com as questões relacionadas ao controle e à mitigação de impactos ambientais decorrentes.
“Felizmente, já há preocupações nesse sentido por parte de quem organiza os eventos, mas ainda é preciso avançar nessa questão, o que maximiza os ganhos para a sociedade como um todo”, ela sugere.
Os impactos dos grandes festivais ultrapassam o período dos shows e se expandem para o longo prazo, deixando marcas na economia, cultura e imagem das cidades que os promovem e do Brasil. “O desafio atual envolve garantir que essas contribuições se tornem cada vez mais sustentáveis”, salienta a economista.
Com a crescente profissionalização do setor de eventos no país, há um cenário promissor para que esses festivais continuem a ser catalisadores de desenvolvimento econômico e social, ao mesmo tempo em que reafirmam a posição das cidades que os promovem e do Brasil no mapa cultural global.