Fiasco dos campeonatos estaduais é mais evidente no Carioca
Luiz Linhares*
Escrevi aqui neste site Vila de Utopia, já há algum tempo, sobre as dificuldades e reprovação que muitos têm com os campeonatos regionais, que entram agora neste mês em fase decisiva. O Paulista e o Mineiro são os melhores avaliados, ainda conseguem ser entendidos e chamam um pouco mais a atenção do público que os acompanham ou mesmo os vivem de forma presencial.
Agora campeão em rejeição mesmo é o Carioca, símbolo de um estado esfacelado em todos seus níveis. Dividido em Taça Rio que é o primeiro turno, vencido pelo Vasco da Gama, tendo sido concluído ontem o segundo turno.
É o equivalente a Taça Guanabara, quando Vasco e Flamengo duelaram na decisão do turno de campeonato, como o time rubro-negro jogando com time reserva ou alternativo, como queiram. Empatou no tempo normal, com gol do ex-cruzeirense Arrascaeta no final do jogo. Foi para os pênaltis e venceu.
Como se sabe, o Carioca não se decide entre os dois vencedores de turno, como era até anos atrás. O vencedor agora se junta aos dois melhores colocados ao longo das duas disputas e fazem o cruzamento.
Fluminense e Bangu, que nada ganharam ainda, têm chances de um deles se tornar o campeão estadual do Rio de Janeiro. Simplificando vão jogar agora o Flamengo enfrentando o Fluminense e o Vasco vai pegar o Bangu.
Simplificando: ser campeão da Taça Rio ou Guanabara não vale nada, a imagem que fica é a de Campeão Carioca de 2019 que ninguém sabe.
Com a novidade do árbitro de vídeo, Atlético só empata em Varginha contra o Boa
Avalio que o Atlético fez um bom jogo em Varginha no primeiro duelo semifinal do Mineiro. O árbitro de vídeo VAR foi a novidade e invalidou dois gols do Galo de forma correta, fazendo justiça aos lances.
Mas não deixa de quebrar o clima do jogo, para não dizer outra coisa, complicando a narração dos locutores esportivos. É que quando o gol acontece, para-se tudo, aguardando esclarecimentos para que o juiz em campo tome a decisão correta. O grito de gol fica contido – e quando se solta, já não se tem a mesma emoção.
Considero justa a presença do VAR por eliminar erros grosseiros de interpretação. É algo novo, que requer aprendizagem. Mas o que não pode é viralisar em todos os lances capitais, como ocorreu na partida entre o Atlético e o Boa.
Prejudica a essência do gol, prejudica a atuação dos locutores, a vibração dos torcedores e tantos mais. Futebol é paixão imediata, não dá para ser constante o quesito dúvida.
Achei que os dois gols do Atlético em Varginha foram bem invalidados pelo VAR. Mas também considero que poderiam ter sido interpretados melhor pelo juiz e assistentes em campo. Nem tão polêmicos eu achei esses dois lances, como também não foi a expulsão do volante Zé Wellison.
Enfim, trouxeram um juiz do Paraná e foi bem pior que os que aqui temos. E trabalharam até as quartas de final.
Voltando à partida, faltou aos jogadores do Atlético acertarem o passe final e mesmo a definição da jogada. O time alvinegro foi bem melhor e merecia ter vencido.
No jogo de volta, no próximo domingo, o Galo é favorito. E tem tudo para definir sua presença na final. Se tem algo que pode prejudicar é o jogo da Libertadores, na quarta-feira, em Belo Horizonte contra o venezuelano Zamora. Tem obrigação de vitória e tudo que é obrigatório traz desgaste e tensão.
Cruzeiro aumenta vantagem e também tem Libertadores no meio da semana
O Cruzeiro aumentou a sua vantagem no Estadual em relação ao América. Jogou no Independência, poupou o lateral Edilson e o meia Rodriguinho. E mesmo assim ganhou o jogo mostrando muita superioridade sobre o Coelho.
Fred fez três gol – e teve uma atuação muito firme. O time celeste chegou a abrir vantagem de dois gols, mas relaxou dando chances ao adversário que aproveitou e diminuiu.
Pode no sábado próximo perder até por um gol de diferença que é finalista do Campeonato Mineiro. Assim como o seu principal rival no estado, o Cruzeiro tem Libertadores no meio de semana.
Joga no Equador contra o Emelec defendendo a liderança do grupo e a invencibilidade no ano. Tem time e grupo para se dar bem nas duas frentes, com certeza.
No Independência, o VAR foi usado com parcimônia, passando praticamente despercebido. O experiente árbitro Marcelo de Lima Henrique conduziu a partida de forma tranquila – e um único lance foi analisado e sem necessidade de reparos.
Prenúncio no ar de que em breve Cruzeiro e Atlético estarão decidindo os rumos do Campeonato estadual de nossa Minas Gerais. Sem novidades.
*Luiz Linhares é diretor de Esportes da rádio