América é o único time mineiro na Copa do Brasil e já está nas oitavas de final
Luiz Linhares*
Após quase dois meses de bola rolando em uma intensidade maluca, com jogos praticamente de três em três dias, chegamos agora a uma relaxada ante a correria desenfreada. Chegou a hora de se colocar em prática a força da cobiçada Libertadores das Américas e para valer mesmo a disputa do caneco da Copa do Brasil.
Nesse cenário vejo agora como é frustrante o mau desempenho dos times mineiros. Prematuramente o Atlético deu adeus a ambas as disputas e o Cruzeiro idem, não suportou por grupo uma vida mais longa na Copa do Brasil que sempre lhe foi de muita valia e conquista.
Não posso esquecer que quem vem fazendo bonito e faturando alto é o Coelhão. Por méritos e dose de sorte está nas oitavas de final. E pode até sonhar com algo mais à frente pelo bom momento e pelo grupo fechado que tem tido bom rendimento.
Fico na torcida.
Sem Libertadores e Copa do Brasil, Atlético foca no objetivo de repetir o feito de 1971 para se tornar bicampeão brasileiro
Do lado bom, tiro a condição do Atlético com menos desgaste em relação aos demais times. O Galo agora tem mais tempo para descansar e se fortalecer bem mais rumo o desejo atual de conquistar o Brasileirão.
Para isso, tudo parece se encaixar. É fato que o rendimento de grupo e individual cresceu. As vitórias são mais contundentes e seguem acontecendo. Pouco a pouco o time na forma ideal vai sendo encontrado.
O time teve um sábado exemplar contra o Grêmio, independente de se resguardar o tricolor gaúcho, poupando alguns de seus titulares. O time mineiro foi determinado, como sempre, jogando para cima do adversário, mirando o gol, que é a meta tantas vezes intransponível, defendida pelo goleiro.
Mas eis que o time teve mais uma noite em que Keno mostrou que agora acertou o pé, tendo se adaptado de vez ao modo Sampaoli de ser. Fez três gol em duas partidas consecutivas, totalizando seis gols.
O leitor há de convir que o feito não é para qualquer um. Daí que mereceu, mais uma vez, levar a bola do jogo para casa em premiação da CBF, afastando de vez a dúvida do torcedor em relação ao seu desempenho.
Mas não foi só artilheiro atleticano que melhorou o seu desempenho em campo. É de todo o time. O que dizer do goleiro Ederson que, com um simples mais perfeito lançamento, colocou o Keno praticamente na cara do gol adversário.
Estava certo o argentino Sampaoli ao insistir na sua contratação. Trata-se de um goleiro diferenciado, que joga bem com os pés para tristeza de Rafael e Vitor.
Não posso esquecer também da qualidade que vem sendo padrão do zagueiro Alonso, do crescimento de Guga e Arana. E, mais ainda, devo registrar o bom encaixe de Alan Franco que se sente agora à vontade na fomentação do time.
Por fim, tem-se ainda a volta de Nathan, com melhor qualidade de passe e equilíbrio na aproximação de ataque.
O Galo tem tido atuações que agradam. Líder isolado do Brasileirão, com um jogo a menos em relação aos demais, já dispõe de uma “gordurinha” de pontos ante aos demais. Junte-se a isso a tranquilidade e a não preocupação com a temida Libertadores ou mesmo com a vantajosa Copa do Brasil. Meta atual clara e certa de se repetir 1971.
Situação complicada do Cruzeiro deixa torcedor apreensivo temendo pelo pior com o pífio desempenho na série B
A paciência se esgotou por parte do torcedor cruzeirense. Chegou ao ponto máximo de humilhação, uma passagem rápida pela série B do Brasileirão era o que se esperava. E ainda se espera, pelo menos o torcedor menos pessimista.
O grande problema é que tudo vai caminho para o fracasso. E sendo ainda otimista, o time celeste pode se posicionar em meio de tabela, mas sem alcançar os quatro degraus da fama nesta temporada.
Mas com sinceridade não acredito em um novo rebaixamento. Isso seria o fim da linha em todos os aspectos.
O corajoso novo presidente Sergio Rodrigues precisa urgentemente mudar o processo de reconstrução para salvação imediata. Para isso é preciso deixar de lado as aparições em vídeo e abrir o jogo.
Deve falar abertamente, dizendo ao torcedor o que realmente anda acontecendo, quando, a cada três dias uma nova punição ou derrota em tribunais se somam a tantas outras. A todo momento um novo passivo financeiro e dificuldades de toda ordem aparecem para se somar às já combalidas finanças do clube.
Deve dizer, sem tergiversar, o que realmente acontece, o que tem se passado nos bastidores. Afinal, tem ou não solução para tudo isso que time celeste vem enfrentando?
O que se sabe é que a situação já é falimentar. Mas resta ainda a imagem de um Cruzeiro gigante que não se pode destruir.
O torcedor quer time, quer seu lugar de volta. O que não pode é se acostumar com um grupo quase amador, uma pobreza de futebol de dar dó, sendo o pior a ineficiência para mudar o estado de coisas.
Perder em casa para o Avaí em um único lance que os adversários produziram é sinal mais que claro de que está tudo errado. Mais da metade do primeiro turno jogado e o time se encontra na zona de rebaixamento.
Precisa somar 60 pontos em 81 que ainda faltam para ser disputados. Ou seja, tem que vencer 20 dos 27 jogos que tem pela frente para voltar à série A.
E o mais complicado é que o time não pode contratar novos atletas de maior qualidade, por punição não pode registrá-los. Mas independentemente dessa situação, os cofres estão totalmente vazios e a receita é super limitada.
O Cruzeiro se encontra a espera de um milagre. Melhor pedir um pouco mais, se espera que alguns bons e robustos milagres possam ocorrer para o time renascer e sobreviver.
América tem time enxuto e bem articulado para voltar à elite do Brasileiro
Já chegando ao fim desta crônica esportiva, volto ao América para dizer que a situação que tem vivido é bem diferente. Tem um time enxuto, com a coletividade funcionando bem e com dinheiro nos cofres.
O América nunca antes foi tão longe na Copa do Brasil. Se até aqui o deixaram sonhar, pode surpreender ainda mais.
Segue colado entre os primeiros pelo Brasileiro na série B. Tem time para encarar qualquer um de seus adversários. Rodadas atrás venceu o líder Paraná em casa. Por último, foi a Santa Catarina e por pouco não venceu a Chapecoense na Arena Condá
Está, enfim, no caminho certo em ritmo cadenciado.
Flamengo se acha dono da bola e do campeonato. E rasga acordo firmado com os demais clubes
Por fim, esse nosso mundo do futebol não toma jeito. A semana que passou foi altamente complicada com mandos e desmandos praticados pela diretoria do Clube de Regatas do Flamengo.
Estamos vivendo uma pandemia, certo? Pois o Flamengo foi o primeiro clube brasileiro a voltar aos treinamentos e a forçar a volta do Campeonato Carioca ainda em plena pandemia.
Não bastando, o time da Gávea tem encabeçado agora, no Rio, a volta do torcedor ao estádio. Nesta semana o grupo de atletas do Flamengo sofreu várias baixas pela Covid19.
Foi assim que no meio de semana, mesmo com atletas afastados, brigou para jogar em Medelín contra o Barcelona local. Acabou conseguindo jogar e ganhar a partida.
Para o fim da semana passada, com outros jogadores contaminados e afastados, foi a vez de a diretoria do Flamengo travar uma batalha judicial na tentativa de não jogar contra o Palmeiras, em São Paulo, pelo Brasileirão.
Não conseguiu respaldo do TJD e nem do Superior Tribunal. Usou pessoas físicas para ingressar na Justiça Comum, furando um protocolo por demais conhecido.
Numa incoerência total, a diretoria do Flamengo disse preservar a saúde dos jogadores. Balela. Só se pensa em quanto ganhar.
Mas prevaleceu o bom senso e ainda assim a arrogância não foi castigada. Para o bem do futebol a partida contra o Palmeiras aconteceu.
E, mesmo jogando com apenas três titulares, o Flamengo conseguiu um empate fora de casa com um time recheado de garotos da base, que demonstraram muita qualidade em campo.
O Flamengo não pode se achar o dono do futebol no país, embora a sua diretoria se ache acima de tudo.
Por muito menos outros clubes brasileiros foram punidos quando usaram a justiça comum. O Flamengo, pela sua diretoria, tem que respeitar os acordos firmado com os demais clubes.
É fato que o futebol voltou aos gramados por decisão precipitada e por imposição dos clubes. Concordo que a partir de cinco atletas titulares infectados pelo vírus a partida deve ser adiada. Mas essa regra tem que valer para todos os clubes.
E se for abrir o portão dos estádios para a torcida, que isso ocorra para todos os clubes e em momento certo, com total segurança, pelo equilíbrio de forças
A pandemia ainda não acabou, como demonstram as sucessivas contaminações e mortes no país. E também pelas contaminações no mundo do futebol aqui no Brasil.
Preservar a saúde de todos deve ser prioridade. Afinal, vidas humanas importam, ainda que muitos cartolas possam pensar que o lucro é o que verdadeiramente importa.
*Luiz Linhares é diretor de Esportes da rádio Itabira-AM.