Era da moeda digital… [os jaguatiricas estão chegando]

Veladimir Romano*

Com a entrada no mercado da Bitcoin, nasceu nova intenção econômica, outras experiências possíveis e nova visão sobre o mercado em transações, tendo na disposição de quem mexa com dinheiro descentralizado, oportunidade não totalmente esclarecida, nem fica sabendo dos riscos, quebras ou desmando.

Quando seu inventor, o japonês Satoshi Nakamoto em 2008, criou a ideia, pensou que a era digital precisava ser acompanhada por uma moeda de cariz internacional e, em 2009, já navegava na grande rede digital a mais recente moeda identificada como “BitCoin”.

Bitcoin, moeda sem lastro (Fotos: Google)

Depois, foi deixar o consumidor descobrir vantagens, mas igualmente desvantagens ainda que Bill Gates, um dos homens mais ricos do planeta tenha dito ser este sistema “muito útil aos países mais pobres como aos povos sofrendo pobreza”; na sua ótica, uma opção útil protegendo fundos e dividendos, mas também não explicou como.

No entanto, observando, seguindo este percurso da moeda digital, esta não explica algo óbvio a quem entrega moeda de mercado normalizada em cotações, protegida pelo Estado como dólar, euro, real ou outras; no entanto, havendo quebra de moeda [da bitcoin], as vítimas vão procurar quem? Para onde reclamar direitos? Quem vai verdadeiramente defender o consumidor final? Ainda até ao presente ninguém se preocupou com responder a várias perguntas sobre segurança monetária.

Depois de tanta bronca bancária e financeira, parece que entendidos e responsáveis deixam a bola rolar de novo sem defesa garantida num mundo dia após dia, mais globalizado, talvez na busca de novas crises para resolver situações desconhecidas ou tentadoras, lucrativas na mesma elite especuladora e madrugadora de sempre.

Sem dúvida, o crescimento da moeda Bitcoin, aumentando 240%, avaliada em mais de dois bilhões e meio de dólares; provoca sensações de segurança, está espalhando sua magia financeira como no Brasil, o primeiro país de todos os da CPLP, aquele que mais cresceu no negócio das transações contabilizando quase nove milhões e meio de reais, desde 2015, tem sido considerado um recorde. Vai marcando praça igualmente desejada nos níveis mais utilizados em toda América Latina; aqui a gente entende porquê.

No entanto, o estranho, poucos são os países reconhecendo a Bitcoin, embora tolerando na boa maneira capitalista [alguém andará ganhando]. Contudo, novamente: numa quebra da moeda, quem protegerá o consumidor e ou aqueles utilizadores da moeda? Autoridades policiais europeias e norte-americanas, descobriram em 2015 através do uso da bitcoin, novas formas de sonegação, transição financeira duvidosa, pagamento de mercados ilícitos, venda de armamento ilegal, comercialização de drogas… tudo na maior, dentro da boa maneira oportunista como gosta e se sente atraente no sistema capitalista.

Muito bem; dinheiro descentralizado herdando velhos hábitos, alimentando antigos problemas. Voltamos ao nível das práticas negativas dando primeiro lugar na lavagem de capitais, depois virá o restante da miséria. Uma coisa certa ficou já no manifesto: por ser nova moeda, primeiro serviço será certamente favorável aos jaguatiricas de sempre… ou não? A necessidade deixa de ser aconchego e se transforma na arte do preocupante.

Jaguatirica pode fazer estragos

Moeda mutável, procura incorporar ética? De serviço permanente ou temporário, querendo iluminar a complexidade designada pela força financeira? Basta dar uma olhada pelo mundo, testemunhar como poderosos quando quiseram, amarrotando valores sociais, levaram o petróleo para insondável catacumba nunca vista, aniquilando alguma boa resistência de nações em progresso social como o recente caso venezuelano, sofrendo chantagem financeira, oferecendo a uma oposição corrupta e duvidosa, vantagem desleal.

Os povos não podem recusar novas experiências, peregrino é o mundo, mas fixou a inspiração do poeta que confiando, sempre desconfiando porque a vida é uma luta e sempre obstáculos virão no encontro do caminho… com isso, fugindo ou pelo menos evitando jaguatiricas…

* Veladimir Romano é jornalista e escritor luso-caboverdiano

 

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