Alteamento de Itabiruçu já pode ser reiniciado, mas Vale ainda não informa quando as obras terão início

Conforme consta de documento de posse do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), Curadoria do Meio Ambiente da Comarca de Itabira, desde 11 de fevereiro a Aecom do Brasil, empresa de auditoria independente, concordou com a retirada do nível 1 de emergência da barragem Itabiruçu.

Com isso, foi retirada também a recomendação do MPMG para paralisar o alteamento da estrutura, que já está licenciada pelo órgão ambiental. Leia aqui.

A retomada das obras só depende agora do sinal verde da Agência Nacional de Mineração (ANM), cujos técnicos também acompanharam os estudos geotécnicos realizados na barragem, desde que as obras foram paralisadas em 30 de setembro de 2019.

Foi quando foi adotado o protocolo de emergência em nível 1, que, de acordo com a ANM, não requer evacuação da população residente abaixo da estrutura.  E também de investigações geotécnicas complementares.

Em outubro do mesmo ano, após ser constatado o aparecimento de fissuras no novo barramento em construção, a mineradora suspendeu a disposição de rejeitos na barragem por sugestão da Aecom e recomendação do MPMG.

“A decisão de paralisar as atividades dessa barragem derivou de avaliação da própria Vale, acordada com órgãos de fiscalização externos, sobre a necessidade de realizar estudos complementares sobre suas caraterísticas geotécnicas”, foi esse o comunicado que a mineradora emitiu na ocasião. Em decorrência, as obras de alteamento também foram suspensas.

“A Vale ainda não nos comunicou quando retornará com as obras de alteamento. Com o parecer favorável da Aecom, já não há mais a recomendação no sentido contrário”, disse em entrevista a este site a promotora Giuliana Talamoni Fonoff.

O alteamento será executado pelo método à jusante, considerado mais seguro. Consta ainda do projeto a instalação de drenagem profunda, alteamento do muro lateral direito da calha do vertedouro operacional, reconstrução da estrada de acesso principal e o alteamento da torre do vertedouro operacional.

Com o alteamento o reservatório passará a contar com um volume final de 222,8 milhões de metros cúbicos – sendo que o atual conta com volume de 130,9 milhões de metros cúbicos.

Avaliações

Segundo a Aecom informou ao Ministério Público, a concordância com a retirada do nível 1 de segurança se deu após quase 20 meses de conhecimento da estrutura, por meio de uma campanha de investigação sobre a fundação, assim como também da instrumentação da barragem (piezômetros, inclinômetros, radares etc.).

Foram realizados também estudos de tensão e de deformação da estrutura por três empresas (Engecorps, BVP e Walm), que monitoram e realizam estudos geotécnicos na estrutura desde o surgimento das trincas. O resultado desses estudos foram também encaminhados à Agência Nacional de Mineração (ANM).

De acordo com relatório da Aecom, as deformações máximas esperadas para cada inclinômetros, com base no modelo de tensão e deformação, foram apresentadas pela empresa Engecorps. Já a empresa 3GEO avaliou a margem de erro para cada instrumento e profundidade de leitura.

“As providências recomendadas na auditoria foram atendidas pela Vale. Mas o que será feito daqui para frente, ainda não fomos comunicados”, disse a promotora.

Para retornar às obras, a mineradora terá que fazer uma comunicação formal à ANM, além de informar ao Ministério Público. “A Vale já foi recomendada para que, antes de retornar com as obras, que faça um comunicado também à sociedade itabirana”, disse a promotora.

Obras de alteamento foram paralisadas em setembro de 2019 com o aparecimento de fissuras na estrutura (Fotos: Carlos Cruz)

Vale ainda aguarda conclusão de avaliações geotécnicas complementares

Indagada pela reportagem para quando as obras de alteamento serão reiniciadas, a mineradora não apresentou uma data. Mas já deve ter retornado com a disposição de rejeitos na barragem, conforme comunicou ao mercado em 23 de dezembro do ano passado.

“A Vale informa que, em linha com seu plano de retomada de produção de minério de ferro, foi retirado o nível de emergência da barragem Itabiruçu, localizada no complexo de Itabira, após profunda análise sobre suas caraterísticas geotécnicas. A partir deste momento, a barragem está desinterditada e dentro dos parâmetros legais de segurança.”

Segundo a empresa, a retirada nível de emergência veio após a realização de uma extensa campanha de investigação geotécnica da estrutura, que teve duração de cerca de um ano.

“Nesse período, com o apoio das empresas especializadas, foram realizados diversos estudos de fundação, geologia, método construtivo, entre outros, que indicaram, com maior precisão, as condições atuais da barragem.”

No comunicado a empresa exaltou a possibilidade de retomada do ritmo de produção no complexo de Itabira, após a retirada do nível 1 de segurança da barragem. No ano passado, de uma capacidade produtiva de 40 milhões de toneladas anuais (Mta), a empresa só produziu 23,9 Mta.

“Importante esclarecer, ainda, que estão em curso investigações geotécnicas complementares para determinar as medidas de engenharia para a continuidade das obras de alteamento da barragem”, complementou a empresa no comunicado ao mercado.

Enquanto isso, a Vale dá prosseguimento à flexibilização operacional do complexo de Itabira. E diz implantar projetos de filtragem de rejeitos como solução definitiva para o complexo, com expectativa de conclusão em 2022.

 

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