Visita de Lula à China, em maio, reforça expectativas de parcerias econômicas e impacto geopolítico

Lula recebe Xi Jinping em 20 de novembro de 2024, em Brasília, durante visita de Estado do presidente chinês ao Palácio da Alvorada

Foto: Wilson Dias/
Agência Brasil

Encontro com Xi Jinping dessa vez ocorre em meio a tensões comerciais entre China e EUA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirma que fará uma visita à China em maio, quando se reunirá com o presidente Xi Jinping após passar pela Rússia. O encontro deve focar no fortalecimento das relações econômicas entre Brasil e China, além de abordar o papel dos Estados Unidos no cenário geopolítico e econômico global.

Emanuel Pessoa vê  a viagem de Lula à China como protagonismo brasileiro em questões internacionais de grande relevância (Foto: Divulgação)

O advogado Emanuel Pessoa, especializado em Direito Econômico e professor na China Foreign Affairs University, onde treina futuros diplomatas chineses, destaca que a visita ocorre em um momento de intensificação dos laços comerciais entre Brasil e China, enquanto os Estados Unidos aumentam as tensões comerciais com o país asiático.

No início de abril, o governo de Donald Trump anunciou tarifas de 34% sobre todas as importações chinesas, somando-se às tarifas anteriores de 20%, totalizando 54%.

“A imposição de novas tarifas pelo governo Trump agrava a guerra comercial entre os Estados Unidos e a China”, salienta o advogado.

“Em resposta, a China adotou medidas retaliatórias, como a taxação de 15% sobre produtos como carne de frango e milho, além de reduzir as importações de soja norte-americana, substituindo-a pela brasileira”, explica.

Posteriormente, em 9 de abril de 2025, o governo de Donald Trump aumentou as tarifas sobre produtos chineses para 125%, enquanto a China retaliou com uma elevação de suas tarifas sobre produtos norte-americanos para 84%. Essas medidas intensificaram a guerra comercial entre os dois países, criando impactos significativos no comércio global e nas economias locais.

A soja, um dos principais produtos no comércio entre China e Estados Unidos, desempenha um papel estratégico. Como maior importador global do grão, a China influencia diretamente os preços internacionais.

“Ao redirecionar suas compras para o Brasil, o mercado norte-americano enfrentará excesso de oferta, pressionando os preços para baixo e reduzindo a receita dos agricultores. Esse impacto pode se estender à indústria de insumos agrícolas e ao mercado de transporte, gerando um efeito cascata na economia local”, analisa Pessoa.

Questões geopolíticas 

Outro ponto central da agenda de Lula com Xi Jinping será a discussão de questões geopolíticas, incluindo uma possível mediação para um acordo de paz entre Rússia e Ucrânia.

Emanuel Pessoa lembra que, ainda durante o governo de Joe Biden, Brasil e China haviam esboçado uma proposta de acordo entre Moscou e Kiev, que previa a cessão de territórios ucranianos à Rússia.

A proposta foi criticada pelo presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky. “Com a vitória de Trump, a negociação tomou novos contornos, e Lula chegou a elogiar publicamente a iniciativa de Trump de organizar uma reunião entre Putin e Zelensky”, comenta.

O advogado também ressalta que a visita de Lula à China ocorre em um momento estratégico de reconfiguração das relações comerciais e geopolíticas globais. “Essa viagem cria novas oportunidades para parcerias econômicas e para o envolvimento do Brasil em questões internacionais de grande relevância”, conclui.

 

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