Stênio Gardel, escritor cearense, vence o National Book Awards, nos Estados Unidos
Fotos: Divulgação/ Companhia das Letras
Por Daniel Cruz
Nessa quarta-feira 15, o escritor cearense, da cidade de Limoeiro do Norte, Stênio Gardel recebeu prêmio pelo National Book Awards em uma cerimônia na cidade de Nova Iorque, Estados Unidos, com a presença da apresentadora Oprah Winfrey.
O prêmio de melhor literatura traduzida no ano de 2023, mal comparando, equivaleria ao Oscar de melhor filme internacional. Ou seja, é algo realmente notório e digno de muitos aplausos. É a primeira vez que um brasileiro ganha esse prêmio.
Stênio Gardel venceu com o seu primeiro livro A palavra que resta (editora Companhia das Letras), que aborda a jornada de um homem que, aos 70 anos, decide aprender a ler para descobrir o conteúdo de uma carta que há muito tempo guardava. Vale lembrar que o livro também fora finalista do prêmio Jabuti.
(Caro leitor, pule este parágrafo se não quiser spoilers). O livro em questão, mistura um pouco da trajetória do próprio autor. O personagem Raimundo viveu no sertão brasileiro e ao longo do livro, a medida em que aprende a ler, vemos sua libertação e aceitação com a própria sexualidade, posto que viveu ocultando a sua homossexualidade.
O autor, Stênio Gardel, também enfrentou questões sobre ser um homem gay no Nordeste brasileiro. Por isso, acredito que parte de sua libertação tenha se dado em palavras escritas como nesse belíssimo livro.
Vale destacar que o livro vencedor da categoria principal de ficção foi Blackouts, de Justin Torres, que também aborda a homossexualidade a partir de um documento histórico chamado Sex Variants: A Study of Homosexual Patterns.
Desta forma, questões ainda polêmicas em sociedades binárias e preconceituosas, oportunamente foram destacadas na premiação deste ano.
*Daniel Cruz Fonseca é advogado, mestre em Direito nas relações econômicas e sociais, e poeta, autor dos livros “Nuvens Reais” e “Alma Riscada”.