“A pobreza mata”, disse Conceição Evaristo em Itabira, onde recebeu o troféu Juca Pato como Intelectual do Ano, no 3º Flitabira

No destaque, a escritora e promotora Lívia Sant’Ana Vaz com a laureada com o trofeu Juca Pato

Foto: Rodrigo Oliveira

Antes de receber o troféu Juca Pato como Intelectual do Ano, concedido pela União Brasileira dos Escritores (UBE), entregue ontem à noite, a escritora mineira Conceição Evaristo, em coletiva de imprensa, destacou a felicidade por receber o troféu na terra natal de Drummond, na terceira edição do Festival Literário Internacional de Itabira (3º Flitabira).

A lamentar a ausência da ministra Carmem Lúcia, do STF, na solenidade de entrega do trofeu, conforme era o seu desejo manifesto aos organizadores, mas que não pôde vir a Itabira por motivo de trabalho. Entretanto, a ministra foi muito representada pela escritora e promotora de Justiça de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa, Defesa das Comunidades Tradicionais e das Cotas Raciais do Ministério Público da Bahia, Lívia Sant’Ana Vaz,

Na coletiva de imprensa, Conceição Evaristo saudou a cidade de Itabira pela realização do festival, sucesso de público e de escritores presentes nessa edição, que se encerra neste domingo (5) – um evento gratuito, com participação de estudantes da rede pública, moradores da cidade e muitos visitantes.

Todos os pontos turísticos da cidade, como a Casa de Drummond, Memorial Drummond, Museu de Itabira receberam centenas de visitantes, em um frenesi intenso de turistas ávidos por conhecerem detalhes e curiosidades sobre a terra natal do poeta maior.

Por sorte, com o tempo chuvoso, mas com São Pedro dando trégua depois do temporal de quarta-feira à noite, na abertura oficial, os turistas não sofreram com o pó preto da poeira carregada de minério de ferro, ferro, titânio, crômio, vanádio, chumbo, areia/sílica, desfrutando-se apenas da “chuva de poesia e da boa literatura brasileira, com as velhas e as novas gerações de escritores”.

Para a Conceição Evaristo, eventos literários, como o Flitabira, contribuem para a democratização da leitura no país. “Do mesmo jeito que as classes populares têm os desejos por uma boa casa, uma boa saúde, uma escola de qualidade, elas também querem ter acesso à literatura e a outros objetos de arte”, salientou a escritora, reconhecida pela UBE como “intelectual do ano” pelo conjunto de sua obra literária.

Conceição Evaristo recebe “prendas diversas” de dona Rosinha, da comunidade quilombola Morro de Santo Antônio (Foto: Rodrigo Oliveira)

Ancestralidade

A visita da escritora a Itabira não se restringiu à sua participação no festival literário. Ela também visitou o quilombo Morro de Santo Antônio, o que ela considerou como um dos momentos mais significativos de sua visita à terra de Drummond.

“Visitar o quilombo foi como retomar à nossa casa. É voltar para um solo que é nosso. Foi como rever a minha mãe, a minha tia, as minhas primas. Pensar no quilombo é realmente pensar a nossa ancestralidade”, festejou ela com alegria, recordando-se do tempo de menina em Belo Horizonte, acompanhando as lavadeiras no rio.

“Havia muita água (na capital mineira) e muita poesia, mesmo sem saber que era poesia”, disse ela, com orgulho de sua origem humilde, mas sem romantizar as precárias condições de vida. “A pobreza mata”, disse ela, acentuando que a situação no país está melhorando depois de passar por um tenebroso período de trevas.

Segundo ela, a literatura tem muito a contribuir para essas mudanças, com a necessária e urgente redução das desigualdades sociais, de as pessoas não se sentirem conformadas com a miséria social alheia. “A literatura tem esse dom. E tem várias faces. Eu represento essa diversidade. Essa realidade social muda também por conta de nossa luta, de nossos esforços”, enfatizou.

Conceição Evaristo em visita ao quilombo Morro de Santo Antônio (Foto: Kevem Willian)

Agenda de domingo

A programação do Flitabira prossegue com encerramento neste domingo (5), com o Sempre um Papo com a escritora Paula Pimenta, no palco CDA, às 11, seguido de autógrafos. Além dela, as escritoras Ana C. Rosa Ana Luiza Drummond e Luzia Inês Martins, além do escritor Jorge Freitas, também participam de sessões de autógrafos antes do encerramento do festival literário.

A programação de encerramento inclui Contação de História com a Tia Di Varanda, Tino Freitas, às 10h. E às 12h haverá o musical infantil O Tubarão Martelo e os Habitantes do Fundo do Mar, no palco Cornélio Penna, com patrocínio da Cemig, por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura de Minas Gerais.

A Bibliocicleta Arte Andarilha acontece às 16h, também no palco Cornélio Penna. E às 17 será a vez da apresentação da trupe Pipoquinhas, no palco CDA.

No mesmo horário, no palco Cornélio Penna acontece o Jardim de Histórias e brincadeiras cantadas, com as Tias Rose e Quézia.

Para encerrar toda essa bonita e necessária festa literária em Itabira, o Slam MG convida Slam da Fênix + Slam Rosa do Povo, no palco CDA.

Para saber mais, acesse:

www.flitabira.com.br

 

 

 

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