O valor financeiro no jogo das alianças

Veladimir Romano*

Logo agora que o mundo enfrenta grande crise, haveria mais uma entre comadres do mesmo ramo. Foi segredo enquanto durou pelo quanto que não se consegue que seja assim tanto segredo.

Acordo falho entre a França e Austrália quando esta terra dos aborígenes do “boomerang”, prometendo uma coisa sem pensar direito, acabou estragando ligações entre parceiros da mesma liga, olhando para os mares do sul da China que faz tempo andam agitados. E assim vão mexendo perigosamente com estabilidade, segurança e equilíbrios estratégicos.

Contudo, no meio da perturbação habitual nessas condições, sempre aparecem interesses, velhos grupos conhecidos atuando nos bastidores mais interessados em resultados financeiros.

No fundo da substância e moral da história: estão em jogo quase 200 bilhões de reais no lucro da venda de doze submarinos nucleares, embora movidos a diesel, os primeiros que a nação dos cangurus está trazendo em reforço da sua marinha naval.

Ora, largando o anterior contrato com a França, logo o contencioso tomou proporções internacionais e o segredo bateu na memória dos franceses arrumando prontamente ondas de choque pelo mundo.

Amigos, aliados onde parceiros ingleses e norte-americanos se apressaram a trocar o rumo da coisa e australianos foram direitinhos eliminando o anterior compromisso, favorecendo agora industriais ingleses e norte-americanos numa corrida de bastantes explicações em que valores financeiros ultrapassam qualquer ordem ou vontade de alianças poderosas, ficou na gaveta.

O governo da Casa Branca nesses momentos não perdoa e prometeu na fabricação das embarcações, criar parcerias proveitosas, como a preparação do pessoal técnico. Os ingleses, igualmente prometem igualar ensino tecnológico. E matou qualquer outra proposta, até porque eles se entendem na comissão do Commonwealth e nem precisam de tradução.

Com melhores resultados, tecnologia avançada, sendo o preço equivalente, os senhores de Camberra, não hesitam nem um pouco. E rapidamente esqueceram a promessa francesa quando a rápida cúpula dos três países decidiu.

Entretanto, quem não ficou nada contente foi a China que imediatamente entendeu a parada dos “aussie”, agora criando maiores incertezas sobre o pacifismo desta zona sensível claramente desejando reorganizar estratégias militares.

O exército chinês anda organizando numa desordem marítima, alguma responsabilidade militar que vem desde 1952 com interesses defensivos propagados pela ocupação militar dos antigos colonizadores e a presença bélica dos norte-americanos.

O sistema liberal se auto sustentou desde então criando bases mercantilistas em Hong Kong, Guam, Macau, Formosa, Filipinas, Malásia, Singapura, Indonésia, Polinésia, Tailândia e múltiplos oásis fiscais forçando a presença do dólar como moeda dominante num fortíssimo ciclo vicioso estabelecendo regras a vários níveis.

É assim que o capitalismo local foi estabelecendo controles de várias ordens desde políticas, comerciais, marítimas, em sociedades catapultando através das suas multinacionais caminhos modelares [aproveitamento precário] evitando choques, antes adaptações a cada sociedade.

A malha de interesses sombrios nunca ou jamais havia sido colocado em causa até agora com novos intervenientes no mercado usando outras estratégias nas quais os norte-americanos e outros influentes aliados da zona, como a Austrália, pensando e atuando como no arrastado passado depois da Segunda Grande Guerra.

E se assustam com esse evoluir de países como a China e o Vietnam, avançando rumo ao desenvolvimento sustentado em políticas sociais, reformistas, realistas, levando em conta o combate contra a pobreza: um compromisso sério nas agendas das nações em plano crescente.

Assim, a França, nunca avisada do sistema novo desenvolvido nas parcerias anglo-americana, a AUKUS, elucidam bem o pânico político e o avassalamento militarista da nação australiana liderada por pessoas que somente acreditam no futuro com guerra, alimentadas pelos naturais interesses financeiros da Inglaterra precisando dos trocos bilionários.

E também dos EUA sempre atentos aos seus dólares por aí pintando as mãos de todo o mundo. Tudo isso além de uma França “malgré”, chorando no leite derramado dum negócio que daria para alimentar a forte crise interna na construção de armamento.

Que venha o Diabo e escolha quantas trincas-e-tricas ainda vão sobrar por aí.

*Veladimir Romano é jornalista e escritor luso-cabo-verdiano

 

 

 

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