Novas eleições na Europa e outras escolhas não conservadoras

Veladimir Romano*

Em simultâneo o Reino Unido escolheu seus novos líderes distritais e prefeituras num perfeito lote de surpresas sem igual após tantos anos absorvendo monotonia.

O mundo britânico despertou tanto quanto nacionalistas escoceses, galeses, irlandeses, não ficando para trás. Pela primeira vez em 70 anos os conservadores perderam território eleitoral importante, quase crônico ao longo deste tempo quando ganhavam outrora sem limite.

Votantes dividiram seus cálculos eleitorais reformando de maneira radical a mesa do hábito Conservador, entregando votos [5 de maio] aos Liberais, Verdes, Independentes e Trabalhistas. Mais de 340 municípios foram quantos os Conservadores perderam numa tremenda tempestade eleitoral.

Foi, certamente, uma longa noite sem dormir para o premiê inglês Boris Johnson, depois de tantos escândalos em número recorde atingirem sua governação, vários gabinetes acusados de grande farra na residência oficial [pela qual pagará multas], enquanto o povo fechava portas na pandemia.

Depois veio corrupção, pornografia no Parlamento… espetáculos jamais visto na Câmara dos Lordes onde exemplos de moral, fidelidade e respeito têm sido marca tradicional da Monarquia Parlamentar Britânica.

Mais dores de cabeça para Boris Johnson não faltarão no futuro próximo com vitórias confirmadas dos nacionalistas do Sinn Fein [grupo armado] que durante anos suportou guerrilhas no Ulster [Irlanda do Norte], querendo a separação do Reino Unido e a incorporação desta região na República da Irlanda, acabando assim com séculos de separatismo forçado, divisionismo religioso entre Protestantes [anglicanos] e Católicos: o fim de um certo colonialismo arcaico levado teimosamente pela Grã Bretanha durante séculos.

Na Escócia, como tem sido hábito nos últimos anos, novamente e único exemplo dentro das eleições recentes, continuaram os nacionalistas [Scotland National Party] com mais 22 parlamentares, subindo para maioria larga de 453 em 1.200 eleitos, para 32 distritos escolhendo, retiraram o partido Conservador do poder em abrupta queda com 63 menos participantes nas assembleias municipais.

No País de Gales, a queda foi idêntica, Conservadores perderam 82 lugares com Trabalhistas ganhando 66, e a entrada pela primeira vez dos Verdes como Liberais Democratas, mais votados.

A escolha do Brexit arrastando Inglaterra a uma crise sem igual, certamente irá piorar nos próximos tempos, agora com mudanças radicais de regiões dominadas pelos Conservadores, caindo nas mãos de opositores.

Quem vai entretanto virar pato feio serão os Trabalhistas, festejando vitória com 526 novos eleitos depois de um farto jejum, qual batata quente terão de administrar…

Impossível que alguém não se vá queimar quando a nível nacional os Conservadores perdendo 250 representantes, pagando preço de muitos anos dominando a política no Reino Unido, logo chegarão pedidos do norte para independências bem visíveis.

Com novas eleições e outras escolhas, para uns, esperadas, a outros, pesada mudança; porém, nunca com tanta objetividade e determinação jamais vista nos derradeiros 70 anos eleitorais no Reino Unido; um furacão eleitoral complicado de gerir nos dias vindouros com desafios exigentes irão pedir muito desde parlamentares locais.

Mais: duas prestigiadas câmaras de Londres onde igualmente a cocaína, faz semanas, deu mote de uma destemperada desorganização nada habitual, consumindo o histórico, prestigiado e elementar Westminster. Como se vê, o poder desgasta mesmo!

*Veladimir Romano é jornalista e escritor luso-cabo-verdiano.

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