Não há espaço para golpe e quem pensa o contrário pode espernear à vontade. Lula livre já!
Fotos: Ricardo Stuckert
Carlos Cruz
A “aguerrida” turma que apoia Bolsonaro pode espernear e pedir intervenção militar, como tem feito reiteradamente, quando se propõe, inclusive fechar o Supremo Tribunal Federal (STF), clamando por um novo golpe contra a democracia e a Constituição cidadã de 1988. Lula será solto e, com certeza, irá percorrer este país de ponta a ponta denunciando a política nefasta deste governo contra o povo brasileiro.
Lula será solto até porque não deveria ter sido preso sem provas, apenas com as evidências do PowerPoint do Deltan Dallagnol, operador da República de Curitiba, fundada pelo juiz golpista que virou ministro da Justiça desse mesmo governo tresloucado do Jair, sabe-se lá quanto tempo dura, se continuar atentando contumaz(mente) contra a democracia.
O STF decidiu nessa quinta-feira (7) que a Constituição Federal continua valendo – e ninguém pode ser preso sem o trânsito em julgado. Depois, o próximo passo será julgar a arbitrariedade e a tendenciosidade que foi a sua condenação, anulando todos os processos e julgamentos contra o ex-presidente sem que fosse apresentada uma única prova de corrupção.

Isso enquanto outros políticos comprovadamente corruptos, com robustas provas e malas cheias de dinheiro, continuam soltos, locupletando em grandes transações com dinheiro do público, roubando o povo brasileiro.
O julgamento de ontem pelo STF foi o mais esperado dos últimos anos – e que o mundo inteiro acompanhou, prevalecendo a decisão republicana em torno das três Ações Declaratórias de Constitucionalidade (ADCs), que questionam a prisão de pessoas após julgamento em segunda instância.
Com a decisão da Suprema Corte do país, que no passado apoiou o golpe de 1964, fica reestabelecido o Estado Democrático de Direito – e se faz cumprir o que estabelece, como cláusula pétrea, a nossa Carta Magna.
Ou seja, que todos os réus, que não apresentem periculosidade comprovada contra alguém ou ao interesse público, só podem ser presos depois de julgados em última instância, quando não houver mais recursos a apresentar.
E que muito menos alguém pode ser preso sem provas robustas, depois de assegurado o amplo direito de defesa. Nada disso aconteceu com a prisão arbitrária do cidadão Luiz Inácio “Lula” da Silva, preso político em Curitiba desde 7 de abril de 2018.
O julgamento de ontem foi também uma derrota da Lava Jato que prometia varrer a corrupção do país, mas que só teve o objetivo, hoje se sabe claramente, de prender Lula e impedir que voltasse a presidir o país.
Essa operação, que passou pelo golpe contra a ex-presidente Dilma Rousseff, ficou desmoralizada após sair as revelações do site The Intercept, que quase diariamente tem divulgado fatos novos desse conluio nacional – e até internacional, para impedir o retorno de Lula ao poder, utilizando-se de artifícios escusos, como escutas clandestinas e “provas” forjadas, autorizadas pelo juiz que virou ministro da Justiça.
Acertou o ministro Marco Aurélio Mello, do STF, ao afirmar que os integrantes da Suprema Corte não são “justiceiros”, mas “defensores da Constituição”. Afinal, era justamente a permanência do Estado Democrático de Direito que estava em jogo no julgamento de ontem, e não a soltura de Lula, que vem como consequência.

A Suprema Corte do país resistiu bem à pressão de forças nada ocultas e bem conhecidas, que continuam tramando contra a democracia.
Seria um tremendo golpe contra a democracia se prevalecesse a prisão de alguém considerado culpado sem o chamado “trânsito em julgado”, não importa se são robustas ou não as provas contra o réu. Todos têm direito à defesa até a última instância.
No caso de Lula, nem isso existia – e todos os processos em que ele foi julgado podem ser anulados, é o que ele próprio reivindica com o respaldo de notórios juristas nacionais e estrangeiros.
Os brasileiros que não ficaram suscetíveis aos bombardeios midiáticos da imprensa golpista já têm plena consciência de que Lula era (já estou considerando a sua soltura, que deve ocorrer a qualquer momento) um preso político.
E que Moro e Dallagnol foram os responsáveis por uma armação de um esquema fraudulento e criminoso para condená-lo como meio de deixá-lo fora da eleição presidencial do ano passado. Sem Lula, abriu-se o caminho para a eleição desse estelionato eleitoral que foi a vitória de Bolsonaro.
A condenação sem provas e a prisão do mais popular líder político do país serviu a esse golpe, é o que agora se comprova – e que muitos já sabiam –, com as revelações incontestáveis do site Intercept.
São revelações que não deixam dúvidas do que foi essa farsa jurídica, com o juiz servindo de acusador, alimentando a mídia com “fatos novos” sem nenhuma prova incontestável, anestesiando parte da opinião pública, aquela que nunca viu com bons olhos a assunção política de um líder metalúrgico.
De uma líder popular que foi forjado na luta sindical, fundamental para a redemocratização do país e pelo fim da ditadura militar de triste lembrança, que teve início em 1º de abril de 1964, com a deposição pela força dos canhões e das baionetas do ex-presidente João Goulart – e que só terminou em 15 de março de 1985.
Já está claro, e não demora, a grande maioria da população brasileira irá também descobrir, que se forjou uma aliança espúria entre grandes empresários e rentistas, políticos corruptos e golpistas, mídia, judiciário e Ministério Público com a Polícia Federal para que, a partir do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff fosse aberto o caminho para a condenação do ex-presidente metalúrgico.
A República de Curitiba agiu acima da lei, em nome da falsa proposta, que se revelou uma grande farsa, de combater a corrupção no país. Nada disso ocorreu e a dita continua campeando nessa república ainda bananeira, que está longe de romper com o complexo vira-lata, para gaudio de uma elite atrasada, capacho dos interesses neocolonialistas dos norte-americanos.
Tanto foi assim que, percebendo que perderiam no julgamento das ADCs no STF, tentaram uma saída “honrosa” para os seus crimes e abusos, ao proporem que o ex-presidente cumprisse pena em regime semiaberto, como se assim pudessem passar a ideia de imparcialidade e justiça. Nada disso.

Hoje está claro, pelo menos para a maioria da população brasileira e opinião pública internacional, que eles não combateram a corrupção, que todo cidadão honesto quer ver extirpada do país, mas que juízes, procuradores e policiais abusaram do poder que dispunham.
Serviram, de fato e não de ficção, aos interesses contrários à nova forma de fazer política, que respeita não só o Estado Democrático de Direito, mas também promove políticas públicas para que fosse alcançado também o Estado Democrático de Bem-Estar Social, com distribuição de renda e melhorias gerais das condições de vida da população, contra privilégios que se arrastam desde sempre.
“Não troco minha dignidade pela liberdade”, não se cansa de repetir o ex-presidente Lula. E ele está certo. A história que atropela indiferente todos aqueles que a negam irá comprovar essa assertiva muito em breve. Lula foi um preso político, perseguido por uma turma que por meio de fake news enganou parte significativa da população brasileira.
Moro e Dallagnol ainda responderão por seus crimes políticos e jurídicos. E ficarão marcados pela história como aqueles que enganaram a população brasileira.
E Lula livre ainda terá muita história de conquistas econômicas, sociais, políticas e culturais a comemorar, juntamente com a maioria do povo brasileiro. Conquistas essas que serão forjadas numa grande frente contra o neofascismo que assola o país e que ainda ameaça a democracia tão duramente conquistada.
Abrem-se assim novas perspectivas para o país. Bolsominos podem espernear à vontade. Não há espaço para o golpe que vocês tanto almejam. Lula livre já.
Nas minhas contas, o golpe no “Bozo” já está marcado:
-dois anos e um dia!
Obrigada, pelo belo artigo. A Lava Jato vendeu o Brasil e intensificou o estado de miserabilidade do Povo brasileiro. O Jararaca está a ponto de sair da masmorra de Curitiba e isto significa que um fio da democracia está de novo desencapado. Lula Livre, sempre!