Morre Sebastião Salgado, o fotógrafo da natureza e dos povos primitivos que encantou o mundo
Foto: Fernando Frazão/ Agência Brasil
Faleceu nesta sexta-feira (23), aos 81 anos, Sebastião Salgado, o mestre da fotografia que revelou, por meio de sua lente sensível e poderosa, a beleza da natureza e a vida dos povos primitivos. Seu legado transcende a arte fotográfica, tornando-se um testemunho da luta pela preservação ambiental e da dignidade humana.
Mineiro de Conceição do Capim, Salgado iniciou sua trajetória como economista, mas foi na fotografia documental que encontrou sua verdadeira vocação.
Durante décadas, percorreu o mundo registrando comunidades indígenas, trabalhadores rurais e refugiados, sempre com um olhar profundo e comprometido.
Obras como Trabalhadores (1993), Êxodos (1997) e Gênesis (2013) marcaram sua carreira, imortalizando a força humana e a grandiosidade dos ecossistemas intocados.
Defesa do Meio Ambiente

Além de fotógrafo, Salgado foi um ativista incansável na defesa do meio ambiente. Em parceria com sua esposa, Lélia Wanick Salgado, fundou o Instituto Terra, responsável por um dos projetos de reflorestamento mais impactantes do Brasil.
Graças a esse esforço, milhares de hectares devastados foram recuperados, reafirmando seu compromisso com a sustentabilidade.
Em Linhares, no Espírito Santo, Salgado também contribuiu para a recuperação de uma reserva natural, promovendo a restauração da biodiversidade e a regeneração de nascentes e córregos.
Reconhecimentos

Sua premiada carreira internacional foi reconhecida com inúmeros prêmios e honrarias. Entre elas, estão o Prêmio Príncipe das Astúrias das Artes, o Prêmio Eugene Smith de Fotografia Humanitária e inúmeras distinções concedidas por instituições renomadas, como a Royal Photographic Society e a Academia de Belas Artes da França.
Seu trabalho foi amplamente exibido em museus e galerias ao redor do mundo, consolidando sua posição como um dos maiores fotógrafos documentais da história.
Com seu olhar sensível e sua trajetória de vida, Salgado nos ensinou a respeitar e valorizar culturas ancestrais e a natureza que nos cerca.
Sua fotografia não apenas encantou o planeta, mas o transformou, reafirmando o poder da imagem como ferramenta de mudança social e ecológica.
Sua vida e obra representam um contraponto essencial, especialmente neste momento em que o país enfrenta a flexibilização das regras de licenciamento ambiental, facilitando a obtenção de permissões para empreendimentos com potencial impacto ambiental, como hidrelétricas, barragens de rejeitos e estradas.
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