Fascismo saltando na lupa… chegou a saudação Nazi. É preciso deter esse perigoso avanço da extrema direita

Veladimir Romano*

Apontamentos que aqui deixamos, são pedaços de uma agenda quando reportagens sobram, mas depois, ainda por hábito, são reservadas no arquivo dos textos “Retirados” sob qualquer motivo referente a espaço e ou paginação preenchida a dado momento.

No entanto, textos válidos e atuais continuam ainda que a velocidade das notícias hoje apareçam e desapareçam rapidamente. Elas, em realidade, nunca deixam de ser alimento fresco desta informação da velocidade tecnológica. De modo, reconquistados assuntos não faltam e até crescem ao instante no seu valor e oportunidade.

Novamente, repetindo situações, saindo da “grelha”, o resultado da mexida vem junto com novos elementos fornecidos pela LICRA [Liga Internacional Contra o Racismo e Antissemitismo], através de recente comunicado e a questão de movimentos fascistas, nazistas e grupos nacionalistas praticando treinos militares em plena pandemia, como comemorando o nascimento de Adolf Hitler.

A ocorrência se deu na fronteira da região franco-alemã, atraindo jovens de várias nações como a Bélgica, Holanda, França, Alemanha e Luxemburgo. Tudo no município de Volmunster [Alsácia francesa] onde desde 2008 também se organizam concertos rock da extrema-direita europeia.

Segundo autoridades alertadas para o efeito, tais manifestações são e estão programadas em terrenos privados, igualmente pouco ou nada com efeito no ministério do Interior francês oferecendo pouco ou nenhum apoio a responsáveis das autoridades locais.

Sendo assim, afoitos grupos acabaram inaugurando lápide de homenagem pela unidade da SS Waffen [assunto que revoltou responsável local do Partido Comunista Francês: Jacques Maríchall, acompanhado pelo ex-vice-prefeito: Claude Koeberle].

Militantes brasileiros de extrema direita pedem intervenção militar. No mundo, manifestações nazifascistas resgatam antigos símbolos. No destaque, a suástica e a cruz de ferro já dividem espaço com outros símbolos da ideologia nazista (Foto: Mike Stewart. AP Photo)

Com populações vizinhas alarmadas das atividades políticas desta extrema-direita cada vez mais cobrindo infrações e comprovando a cada saudação, afrontamento social: parece que todos estão dormindo, mas abrindo a porta ao temporal que se avizinha.

Saudações nazis na maioria dos países europeus são proibidas por lei, embora nações como Espanha, Itália, França, Portugal, Grécia e Turquia não tenham igual opinião; tanto quanto alinhamentos musicais onde expressões fascistas ou de magnitude nazi se expressem, logo são punidas pelas autoridades e até tribunais.

Não falta informação rigorosa dos serviços secretos europeus: Interpol e Europol sobre tais ações e movimentos organizados em torno das ideias extremistas e de ordem racista.

Contudo, quando centenas de jovens viajando de vários países para ideologicamente manifestar apoio sem limite aos já conhecidos Hammerskins [grupo racista/nacionalista/nazista], não precisa o poder político esperar para aprender, tomando o Parlamento Europeu uma nova legislação [pudesse ser ela] com caráter generalizado a todos os membros da União.

Porém, enquanto a imprensa francesa deixou a notícia na lateral dos então “Retirados” [o ávido e atualizado “Euronews” com sede em Lyon, estranhamente também ficou mudo], embora mais longe da fronteira franco-alemã, em Berlim, jornais não deixaram escapar a oportunidade.

Assim, o “Berliner Zeitung” [Jornal Berlinense], foi além da informação detalhando cada pormenor da festa e dos manifestos mais recentes desses grupos extremistas ligados a ideais fascistas e ou nazistas. Revelaram nomes, locais, roupas, simbologia e até procedência generalizada desses grupos na sua maioria alemães.

Na Alsácia, desde 2014, quando dos festejos dos 125 anos do nascimento de Hitler, o local se transformou em zona de culto. Predileção no território referenciado igualmente pelas autoridades, controlando os “Junge Freiheit” [Jovem Liberdade].

De Hamburgo, o jornal “Die Zeit” [A Época], registra em outra oportuna reportagem sobre a indignação dos franceses de Maillé, município do centro da França onde este ano se relembra em cerimônia o assassinato de 124 habitantes no dia 25 de agosto de 1944, pela 17ª divisão da SS Götz, seja: a “Panzergrenadiers”. Soldados da linha avançada da supervisão direta de Hermann Goering, Marechal e ministro da Defesa de Hitler.

Cruz de ferro: releitura de um símbolo antigo usado pelo nazismo

Lamentável que jovens europeus dos países supostamente mais avançados comemorem massacres. Algo verdadeiramente de bastante errado se passa. A pergunta será então onde ficaram as máculas pedagógicas de todos estes últimos anos ou que ensino foi ministrado nas escolas?

As perguntas são muitas mas a revolta dos mais idosos ainda lembrados dos dias bem difíceis e cruéis vividos, dos milhões de mortos e da brutal injustiça praticada por quem provocou os dois mais violentos conflitos da era do mundo moderno.

A discussão circula envolvendo historiadores, escolas, pais, avós, autoridades e especialistas. A lição dos princípios, sucesso, liberdade, a memória das guerras: por onde se perdeu a função positiva e o balanço das prioridades depois da paz, desenvolvimento social, direitos políticos e cívicos, como obrigações terem chegado?

Se é difícil compreender a situação neofascista atual, influências neonazistas e o provável aplauso dos fanáticos, perturbados no fato de se excluir outra vez a Humanidade, crispados que andam reorganizando cimeiras ou conferências, o restante da parada popular não deverá ficar naquela famosa frase de Jean Marchais [histórico político, 1746-1814] quando se referiu ao seu desinteresse por determinada situação dos revoltosos da Bastilha em Paris, afirmou: «Encore, je ne vois rien d’anormal=Agora, não vejo nada de anormal».

Aos poucos cresceu o Fascismo, o Nazismo e degrau a degrau, cresceram campos de extermínio que ninguém queria acreditar. E quando o mundo despertou, já milhões haviam perecido.

Caducas, perigosas e assassinas ideologias estão saltando da lupa enquanto jovens deslocados da vida ensaiando saudação nazista, não sabendo bem o que procuram. É preciso q ue os responsáveis dos parlamentos europeus e a Comissão Europeia pisem duro para deter essa situação de absoluto primitivismo social praticado nos países mais estáveis, ricos e organizados da velha Europa.

*Veladimir Romano é jornalista e escritor luso-caboverdiano

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