“Com água do rio Tanque, Itabira vai enfim industrializar e diversificar a sua economia”, é aposta de Marco Antônio Lage para os próximos anos
Fotos: Rodrigo de Oliveira
Com a vitória histórica obtida nas eleições municipais de domingo (6), em coletiva de imprensa após a apuração, Marco Antônio Lage (PSB) disse que vai priorizar em sua segunda gestão a continuidade de políticas públicas nas áreas sociais, sobretudo na geração de renda e emprego.
“No primeiro mandato fizemos os ajustes necessários e vamos agora manter esse eixo de investimento nas pessoas, com mais investimentos na educação, saúde, saneamento básico, esportes, assistência social, cultura e no desenvolvimento econômico”, acentuou.
Para o desenvolvimento econômico, ele aguarda duas boas notícias para os próximos dias e que são concomitantes: a aprovação da licença ambiental para a Vale enfim fazer a transposição de água do rio Tanque, assim como o anúncio oficial por parte da mineradora do investimento necessário para ter início as obras de captação, adução e construção de uma nova Estação de Tratamento de Água (ETA) no Alto do Pinheiro, bairro Campestre.
O investimento da Vale na captação de água não é uma benesse ou favorecimento da mineradora para com Itabira. Ocorre em cumprimento a um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) assinado em agosto de 2020 com o Ministério Público de Minas Gerais.
É uma medida compensatória, e até indenizatória, pelo quase monopólio das outorgas existentes na cidade por parte da mineradora, enquanto a população de Itabira fica, historicamente, com as poucas fontes que restaram fora da serra do Esmeril.
Pelo TAC, a captação de água no rio Tanque vai ser no volume de 600 litros por segundo (l/s). Como a demanda na cidade é de um acréscimo de pouco mais de 200 l/s, o restante a ser captado fica à disposição da mineradora para os seus processos de concentração de minério, sendo posteriormente liberado gradativamente na medida em que o consumo na cidade for aumentando.
A transposição é imprescindível para Itabira também atrair novas indústrias para o seu desenvolvimento e diversificação econômica, como meio de se tornar independente da monoatividade extrativista exportadora de um bem mineral sem valor agregado, de exploração finita.
“A industrialização de Itabira vai precisar de muita água”, explicou o prefeito reeleito. “Temos o compromisso (do órgão ambiental estadual) de liberar a licença ambiental nas próximas semanas, quando a Vale vai poder anunciar o início das obras (de transposição)”, acrescentou.
Novos distritos industriais
Com a transposição, assegurando-se o abastecimento na cidade com sobra para a industrialização, o prefeito anunciou o projeto de construção de dois novos distritos industriais, em locais ainda não especificados.
“Na medida em que as obras do rio Tanque for avançando, vamos também construir os novos distritos, quando faremos contatos para atrair investidores, ofertando água suficiente para suprir a demanda de novos empreendimentos”, é a aposta que faz o prefeito.
Uma das alternativas para a instalação de um dos novos distritos é a antiga fazenda Palestina, que havia sido doada pela Vale à Prefeitura para esse fim na administração de Damon Sena.
Entretanto, como o projeto não foi executado, ainda na administração passada retornou aos domínios da mineradora. Mas pode ser novamente doado ao município para enfim ser instalado um dos novos distritos industriais.
Além dessa área, com a transposição da água do rio Tanque, não haverá mais impedimento para se instalar um novo distrito industrial na região do Capão, próximo do atual. Antes, o impedimento era pela falta de água e também por aumentar o risco de contaminação do mancial que ainda é o principal da cidade.
Se assim for, com a ETA da Pureza e seus afluentes reabilitados com a recomposição de mata ciliar e proteção de nascentes, esse manancial pode servir exclusivamente para abastecer as indústrias e os moradores daquela região.
Duplicação
Outro projeto importante, segundo Marco Antônio, é o da também sempre adiada duplicação da rodovia que liga Itabira ao trevo na BR-381/262.
Para isso, ele espera contar também com a participação da mineradora Vale, em mais uma parceria público-privada, conforme está no projeto Itabira Sustentável.
“Esses dois investimentos (captação de água do rio Tanque e duplicação da rodovia) são os mais importantes do projetos estruturantes do Itabira Sustentável sob o ponto de vista da diversificação econômica nos próximos anos”, afirmou o prefeito.
Diversificação econômica é prejudicada pela falta de água
Sem água sobrando para esse fim, toda a política de diversificação econômica resultou até aqui em um retumbante fracasso, mesmo com Prefeitura de Itabira tendo destinado recursos financeiros para atrair novos empreendimentos, via Fundo Municipal de Desenvolvimento Econômico (Fundesi).
Perderam-se muitos recursos desse fundo (perdido), com empreendimentos que não cumpriram os seus planos de negócio e não quitaram as suas dívidas contraídas com o erário municipal, enquanto alguns fizeram mal explicadas dações em pagamento.
Atualmente, a maioria das empresas instaladas no Distrito Industrial é do segmento metalmecânico, prestadoras de serviços à mineração.
Mantém-se assim a dependência à atividade mineradora – e até garagem de ônibus existe instalada no local, um desvio de finalidade que as autoridades do passado permitiram na “casa da mãe Joana” que se transformou o distrito industrial de Itabira.