Censura nunca mais, proclamam manifestantes no Palácio das Artes

Genin Guerra

Minas Gerais saiu na frente contra a onda conservadora que vem tomando conta do país desde o fechamento da exposição Queermuseu: Cartografias da Diferença na Arte Brasileira, em Porto Alegre. Nessa terça-feira, dia 22 de novembro, foi lançada a Frente Nacional Contra a Censura em Belo Horizonte.

O grande auditório do Palácio das Artes ficou lotado de solidariedade à exposição e contra a censura (Foto: Mídia Ninja)

O Palácio das Artes teve o seu auditório tomado por artistas de vários segmentos, intelectuais, políticos, representantes culturais e simpatizantes. Todos lá estiveram em apoio ao movimento contra atos contrários à liberdade de expressão.

Exposição faça você mesmo sua capela Sistina, de Pedro Moraleida (Foto: Mídia Ninja)

E, também, para comemorar a bem sucedida resistência às tentativas de fechamento da exposição Faça Você Mesmo Sua Capela Sistina, de Pedro Moraleida (1977-1999), que foi acusada de pedofilia e zoofilia.

Como disse o economista e jornalista Luiz Bernardes, pai do Moraleida, esta onda conservadora não vingará, pois eles estão na contramão da história.

O economista e jornalista Luiz Bernardes (Foto: Mídia Ninja)

Artistas de peso, como Chico Buarque e Caetano Veloso, ressaltaram a importância do movimento através das redes sociais. “É necessário que artistas e brasileiros esclarecidos em geral se manifestem enquanto é tempo contra a escalada desses movimentos que se dizem conservadores, mas que, na verdade, se valem de práticas fascistas, de intimidação e de violência, nas ruas e nas redes sociais contra a liberdade de expressão”, afirmou o Chico.

A noite terminou em clima de festa com vários shows e manifestações artísticas no hall do Palácio das Artes. A Frente Contra Censura já prepara novos atos em outras capitais brasileiras.

Reacionarismo

O artista Pedro Moraleida, já falecido (Foto: arquivo da família)

Enquanto isso, o deputado estadual João Leite (PSDB-MG) vocifera contra os manifestantes, com o seu conservadorismo exacerbado em nome de Deus, da Família e da Propriedade Privada, ávido de um regresso aos tempos da ditadura e de censura à liberdade artística.

Eis o que ele disse na tribuna da Assembleia Legislativa após a manifestação no Palácio das Artes: “Ontem vieram a Belo Horizonte pedófilos de todo o Brasil e diziam que se reuniriam para protestar contra a censura à aquela aberração que foi exposta no Palácio das Artes com dinheiro público, com zoofilia, pedofilia e vilipêndio a símbolos religiosos.”

Ainda bem que ele não foi eleito prefeito de Belo Horizonte. Melhor seguir em frente com a leitura do manifesto convocando para a manifestação de terça-feira, que transcrevo abaixo:

Manifesto

A decola – quem planta sementes do ódio colerá mundos insustetáveis (Foto: Genin)
O ator e dramaturgo João das Neves, o secretário de Cultura de BH, Juca Ferreira, e o secretário de Cultura de MG, Ângelo Oswaldo (Foto: Genin)

CENSURA NUNCA MAIS
Belo Horizonte, novembro de 2017

“Cala o peito, cala o beiço
Calabouço, calabouço”
Sérgio Ricardo, in Calabouço

Vivemos tempos sombrios. Os monstros do passado, que guardávamos na memória doída, insistem em ressuscitar na onda conservadora que assola o País. Tentam condenar e proibir exposições, peças de teatro, espetáculos de dança, shows e outras atividades artísticas, culturais, científicas e intelectuais.

A vaga reacionária quer controlar e cercear o pensamento, a criação e a manifestação livres de nosso povo; ao mesmo tempo em que promove retrocessos em vários aspectos da vida social.

A reação às tentativas de proibir a exposição Painel Arteminas, em exibição no Palácio das Artes, mostrou a força da resistência coletiva e colocou nossa cidade no circuito de defesa das liberdades de criação e expressão.

Acreditamos que as entidades da sociedade civil, intelectuais, artistas, personalidades, militantes culturais e ativistas dos muitos segmentos democráticos do País devem somar esforços para impedir o retorno da censura no Brasil. É preciso reagir antes que o obscurantismo se torne algoz da liberdade e o silêncio seja a única palavra permitida.

A constituição de uma frente contra a censura é o primeiro passo na direção de um movimento amplo em defesa das liberdades e dos direitos democráticos. Para esta jornada contamos com a sua presença valiosa e o seu apoio fundamental.

Convidamos você a participar conosco do lançamento da Frente Nacional Contra a Censura no próximo dia 21 de novembro – terça-feira – às 18 horas, no Palácio das Artes, em Belo Horizonte.

Certos que poderemos contar com a sua participação e o seu apoio, enviamos um grande abraço em nome de todos nós. Não se cale. Participe.

Frente Nacional Contra a Censura

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3 Comentários

  1. Só um cretino insignificante pode vociferar tamanho atraso acusatório: “Ontem vieram a Belo Horizonte pedófilos de todo o Brasil e diziam que se reuniriam para protestar contra a censura à aquela aberração que foi exposta no Palácio das Artes com dinheiro público, com zoofilia, pedofilia e vilipêndio a símbolos religiosos.”

    Merece uma ação conjunta, assim com fez Caetano Veloso, processa e processa é no bolso que se cala imbecil.

  2. Precisamos de arte mais que antes.

    Precisamos sim de bons e eventos de qualidade estética. Teatro, literatura. Arte; não cultura de massa.

    Ao pensar é preciso expressar aquilo que as faculdades não falam. O “lado obscuro da lua”:

    Eis aí a pura e profunda realidade sociológica e filosófica:

    Com a “Copa das Copas®” do PT®, em vez de se construir hospitais, construiu-se prédios inúteis!
    A Copa das Copas®, do PT© e de lula©. Sempre se utiliza de propaganda, narrativas e publicidades sofisticadas e bem feitas para enganar e praticar lavagem-cerebral nos meios de comunicação. Não se desenvolve a imaginação.

    E hoje precisamos muito mais de eventos sérios e artísticos. De um Brasil que se perdeu nessa década de 2010 pra cá. Um mau gosto enorme dos políticos que vieram durante esse período. Sempre com um mau gosto imenso. E o país sem escola para novas gerações. Tudo foi por água abaixo — naturalmente.

    Excelentes escolas precisamos! Educação de 1ª. Necessitamos sim de educação como a de Helsinque, Europa, e da Coreia (do sul, naturalmente).
    Não precisamos de políticos tricksters. Precisamos de educação de qualidade no Brasil. Sobretudo das crianças pequenas.

    O que é trickster? “Trickster” é, na mitologia, e no estudo do folclore e religião, um deus, deusa, espírito, homem, mulher, ou animal antropomórfico que prega peças sem se perceber.

    É uma espécie de Malandro®. Um personagem que usa de astúcia, em vez de força ou autoridade, para realizar seus objetivos (escusos).

    Aí fiquei pensando nos personagens das historinhas que nos são contadas onde há dentro dessas historinhas essas sabedorias. Lembrei da raposa, com sua malandragem suave e dócil (fingida). E me lembrei do Lobo, de Chapeuzinho Vermelho.

    Portanto, deve ser um vigarista, truculento, e picareta. Lembrei imediatamente do Molusco® apedeuta, dos Ministros Petistas sindicalistas e do PT® em geral. Trapaceiros.

    O PT© é barango. O Kitsch político contemporâneo.

    Precisamos sim de alta cultura. Não de cultura de massas. Indústria cultural (que não é o mesmo que cultura popular). Mire-se em Theodor Aodrno.

    O pessoal de nossas escolas precisa de Machado de Assis. Villa-Lobos. Drummond. Kafka. Graça Aranha, Aluísio de Azevedo, do Maranhão. Rachel de Queiroz. E das Sinfonias de Mozart — abstratas e universais instrumentais. Nossas escolas são péssimas.

    As escolas EaD, à distância (atual, devido a pandemia) são péssimas.
    Não se aprende bem. O que mais o Brasil precisa na real e atualmente é de alta literatura. Alta cultura. Nas escolas sobretudo.

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