Castração de cães e gatos prossegue até sexta-feira no estacionamento da Câmara
O mutirão de castração de cães e gatos prossegue até sexta-feira (19/01) no estacionamento da Câmara. O objetivo inicial era castrar 50 animais por dia, totalizando 200 cães e gatos de rua e domiciliados até o encerramento da campanha, que tem à frente a Associação de Moradores e Protetores dos Animais da Região de Itabira (Ampari) em parceria com a ONG Aliança Juizforana pela Defesa dos Animais (Ajuda), com apoio da Câmara e da Prefeitura de Itabira.
Entretanto, como alguns proprietários não levaram os seus animais no primeiro dia, esse número pode ficar comprometido. Apenas 40 animais foram castrados no primeiro dia. “Infelizmente, temos esse limite de 50 castrações por dia e não há como compensar essas ausências com mais castrações nos dias seguintes”, lamenta a coordenadora da Ampari, Kelley de Pinho Generoso.
Segundo ela, esse número de 200 castrações pode ser prejudicado também pela falta de lares provisórios para abrigar por 15 dias os animais no pós-operatório, que é o período de convalescença, sendo necessários cuidados especiais e medicação. “Para atingir a meta para castrar cães e gatos de rua precisamos de 15 lares provisórios. Faltam ainda cinco cuidadores voluntários.”
Além desses, a campanha conta também com apoio de cuidadores independentes, como a professora Ariadna Carla Almeida Barcelos e o metalúrgico Dario Martins de Oliveira, ativistas dos grupos Amigos dos Animais e Apaixonados por Animais.
Abrigos
Ariadna abriga em sua casa dez cachorros de rua – e cadastrou todos previamente para que sejam castrados. “A castração é importante para a saúde dos animais e também para o controle populacional. Uma cadela não castrada pode gerar até 20 filhotes por ano”, diz a professora, que cuida também de cerca de 30 cães que foram abandonados no aterro sanitário da cidade.
Dario também mantém a guarda responsável de 13 cães resgatados das ruas. Ambos defendem que a cidade deve ter um canil para abrigar os cães de rua, mas sem a perversidade que existia no passado. “No antigo canil da Prefeitura, as condições eram insalubres, misturavam fezes com alimentação”, recorda.
Já Kelley de Pinho discorda da proposta de a cidade voltar a ter um canil. “Incentiva a cultura do abandono”, acredita. Ela conta o caso de uma voluntária da Ampari que se deparou na porta de sua casa com uma caixa com dois filhotes de cachorros. “Na caixa estava escrito Ampari, como se fosse nossa obrigação cuidar dos cães que os donos não querem mais. O canil não resolve a questão dos animais de rua.”
Segundo ela, é preciso criar a cultura da guarda responsável – e também campanha de castração permanente. “Só assim teremos o controle populacional dos animais de rua”, defende a ativista, para quem a castração previne tumores no sistema reprodutor, doenças nas mamas e útero, entre outras doenças.
Controle de Zoonoses
De acordo com o vereador Neidson Freitas (PP), presidente da Câmara, autor da proposta de realizar o mutirão de castração, o controle populacional de cães e gatos é também uma questão de saúde pública. “O controle de zoonoses passa pela castração”, defende.
Zoonoses são doenças comuns ao ser humano, cães e gatos. Cerca de 75% das doenças que acometem esses animais são também comuns aos seres humanos. A transmissão de doenças ocorre do animal para o homem e também o contrário, com transmissão pelo homem.
Conforme ressaltou o deputado estadual Noraldino Dias Junior (PSC), o controle e manejo correto de cães e gatos de rua é uma necessidade urgente.
“Não é jogar dinheiro fora. É uma forma de prevenção”, disse ele ao participar de uma Audiência Pública, realizada em Itabira no dia 3 de abril do ano passado.
O parlamentar lembra que o país já convive com surtos de dengue, zika, chikungunya e febre amarela. “São doenças que surgem pelo desequilíbrio das relações do homem com a natureza, causando desmatamento e migração de insetos e animais silvestres para os centros urbanos.”
Segundo ele, se nada for feito urgentemente, outras zoonoses podem surgir com a proliferação de animais de rua. “A ameaça não é só de doenças já existentes. Por isso, a prevenção é importante para não se ter de gastar muito mais depois, para o caso de surgir novas epidemias”, adverte.