Após derrotas na Copa do Brasil e no Mineiro, Cruzeiro volta à estaca zero com saída de treinador
Luiz Linhares*
Imprevisível saber quando a paz estará reinando no Cruzeiro. A cada dia surge uma nova situação, mesmo com um conselho gestor que demonstra muita seriedade e vontade para trilhar o caminho correto, mas que, em contrapartida demonstra muita falta de tato para lidar com os problemas do dia e dia. E, também, um desconhecimento do mundo futebol.
A Copa do Brasil se tornou um sonho diante das necessidades financeiras. Só que dentro de campo, na semana passada uma ducha geladíssima caiu sobre a cabeça de todos ante a derrota dentro de casa no jogo de ida contra o modesto time alagoano do CRB.
O Cruzeiro fica agora obrigado a vencer de forma elástica fora de casa, ou vencer por dois gols de diferença e rezar pelo que virá pela frente. Foi uma quarta feira desastrosa.
O que se viu foi um time apático, mostrando desequilíbrio quando precisava se impor, além da imaturidade dos mais jovens com a pressão oriunda daquilo que se disputava e sem o amparo daqueles de maior experiência e que deveriam ser os tocadores de piano do time.
Após a derrota e com ferida aberta, fica exposta a desqualificação dos mentores do futebol. Houve o caso da dispensa de treinador pela manhã e uma desistência à tarde, não se sabe de onde partiu ou quem o fez. O certo é que pegou muito mal e escancarou para todo o Brasil o momento crítico que o clube passa.
Por último, a derrota para o Coimbra pelo estadual deixa o time com chances bem diminuídas para se garantir entre os quatro melhores – e que seguirão na fase decisiva do estadual.
É verdade que foi uma derrota atípica. O time celeste teve o domínio do jogo, buscou o gol e em uma única chance do adversário, em bola parada, desvio na barreira e gol.
Enfim, mesmo tendo sido melhor em campo, o Cruzeiro não foi competente. Não foi seguro e determinado no objetivo, perdeu. Nessas condições, não há mais clima e poder para continuar apostando no trabalho do treinador.
Volta tudo à estaca zero. E o treinador que chegar tem uma missão difícil, mas nem tão árdua quanto a praticada pelo treinador que sai. Agora pelo menos se tem uma espinha dorsal, tem uma base para coletar complementos e pensar no objetivo maior que é a volta à primeira divisão do futebol nacional.
A reconstrução não pode parar. Entre muitos erros e, claro, alguns acertos, o Cruzeiro precisa ultrapassar as barreiras pra diminuir a imensa frustração. Certo é que todos percebem a força de um nome e clube praticamente centenário, mas que atravessa a maior crise de toda a sua história.
Galo vence fácil, mas ainda precisa se adaptar ao estilo do argentino Jorge Sampaoli
Pelo lado alvinegro teve início a era Jorge Sampaoli. O Atlético teve uma vitória tranquila em Nova , já sendo visível a nova postura dos jogadores em campo com as orientações do treinador argentino.
Foi perceptível também a mudança radical no trabalho defensivo. A estreia do ex-cruzeirense Rafael no gol e o trabalho com os pés sem chutões mostrou um início de trabalho não tão perfeito, sendo preciso mais tempo de assimilação e acerto das bases.
O técnico argentino vai tomando uma panorâmica do grupo. Alguns jogadores irão se qualificar, Certamente o time vai se ajustar e também incorporar com nomes que estarão chegando.
A aposta está feita, o trabalho acontecendo e ainda muitos nomes estarão garantindo a titularidade e acreditando que o campeonato nacional poderá ser de muitas alegrias.
A pandemia que assola o mundo vem chegando forte ao nosso país, para o futebol e o esporte de modo geral. Como tudo na vida, há males que vem para bem.
Sendo assim, tanto o Sampaoli no Galo e o novo treinador que chegará ao Cruzeiro terão tempo forçado para acertar e buscar um melhor desempenho de seus times. Minas Gerais agradece se o bom futebol for restabelecido.
*Luiz Linhares é diretor de Esportes da rádio Itabira-AM