Ao promover conflitos em território alheio, Trump ameaça a democracia norte-americana
Veladimir Romano*
Foi com outros presidentes e governos, sempre com obsessivas propagandas pela defesa do povo e da pátria que a República como o mote e a ideia de sentimento coletivo, de um governo do povo e para o povo se implantou no mundo ocidental.
E, hoje, mais do que nunca, ao se promover uma democracia estranha, impondo aos demais seus caprichos de ordem política enquanto tubarões e falcões da economia procuram implementar regras muito próprias, o que se vê é o ideal de um forma de governo pela qual o povo não é soberano. O que se observa é que vai se pendendo para unicamente um lado da balança.

Não é preciso ao leitor/a muito esforço mental ou estudos de alto índice para, ao longo dos acontecimentos históricos, compreender as principais estratégias desde finais do século dezanove, quando independências aconteceram, e parecia que outro mundo se moldava e algum legítimo futuro sorria aos sonhadores desse tempo. Hoje se observa quanta ingenuidade havia nesse sentimento coletivo pelo caminho e a lógica política que se seguiram.
Contudo, o forte contencioso das duas guerras mundiais iniciadas em território europeu, no conflito desde 1939 a 1945. Os norte-americanos só entraram no conflito depois do assalto dos japoneses ao território das ilhas pacíficas do Havaí.
Mas igualmente foi graças a esse último grande conflito, provocador estratégico na influência dos esquemas e derivados futuros da gigantesca máquina financeira que economistas, empresários, bancos, agências de investimento, por fim, governos com seus dirigentes políticos, se transformaram nas peças do jogo importantes, fabricando nos bastidores, terrenos mais acessíveis ao domínio planetário.
Entretanto, voltando um pouco atrás, para melhor compreensão. Pouco tempo seguinte aos acontecimentos e transformações independentistas, foram demonstrando que novos domínios imperialistas começavam a tomar jeito nesse trilho em cada nação do novo mundo.
A mais flagrante, já no século XX, é sem dúvida aquela que levou cubanos à segunda revolta [a primeira foi contra a ocupação castelhana] contra o poderoso gigante vizinho do norte [Cuba serviu nesse tempo de ditadura militar muito bem à economia norte-americana, transformando trabalhadores cubanos em escravos modernos e o território numa lavadeira de dólares dos casinos mafiosos].

Novamente, o território americano foi mirrando e, ambições de poder financeiro a nível planetário, provocou sonhos selvagens no processo político norte-americano, sentindo os Estados Unidos de América, apetite devorador pelos bens, riquezas a vários fins, até a própria liberdade. Em cada ditadura latino-americana, o dedo mágico, castigador e traiçoeiro dos serviços secretos norte-americanos, nunca fizeram folga do assunto.
Com a entrada no novo século, velhacarias e golpes continuaram, com truques gastos e ambições seguiram mais desesperados, fanáticos, cirúrgicos quantos momentos históricos nos podem lembrar.
O assalto ao Iraque e o conflito no Afeganistão, os golpes duma falsa “Primavera Árabe”. São as correntes belicistas, vindas das guerras organizadas nos bastidores contra povos asiáticos, como também contra os arruaçamentos nos países latino-americanos que decidiram defender seus bens ao aplicarem políticas de transformação social, ameaçados pelos programas antidemocráticos praticados pelo grande dominador da cena política.
Esse, quando não pode dominar, conseguem por meio de eleitores ignorantes, também [infelizmente] trapalhões eleitorais, fazer com que escolham o pior gabinete administrativo de todos os instantes históricos dos EUA.
Muito antes da sua entrada na Casa Branca, se viu que o estatuto de Presidente não iria servir, como nem tão pouco a posição de Secretário de Estado, traria gente capaz ao novo governo norte-americano.

Em dois anos de administração, já foram “queimados” pelo gênio implacável de Donald J. Trump, mais de uma centena de secretários, responsáveis em posição relevante, sem esquecer a enorme confusão estabelecida na política externa dos EUA.
Como se fosse pouco, vendendo armas como pipoca, foram organizados formatos conflituosos como a guerra imposta pelos sauditas contra o Iêmen com mais de 60 mil mortos. Não se esqueça da Síria, onde mais de 400 mil [que não se esqueçam mulheres, crianças e demais idosos] são as vítimas mortais.
De barriga bem cheia, sentados nas suas confortáveis cadeiras em volta de mesas em salas bem equipadas, senhores sangrentos, em nome duma suposta “Liberdade”, “Progresso” e “Democracia”, seguem enganando o planeta, empurrando povos a terríveis conflitos. Tudo pelo proveito das elites dominantes.
O recente caso das ameaças do presidente norte-americano ao Irã é o flagrante testemunho de como procurando conflitos se vão desenhando domínios…
Porém, o próximo passo será o aventureiro do negócio de armas com vendas multimilionárias, coisa que tanto interessa aos abutres desta indústria. No entanto, iniciar uma guerra em lugar tão sensível quanto o Golfo do Oriente Médio, poderá ser igualmente o fim da democracia norte-americana.
Donald J. Trump não entende a cegueira estratégica dos falcões criminosos que colocou no seu Gabinete, de tão obcecado que ficou com o Poder.
*Veladimir Romano é jornalista e escritor luso-caboverdiano
Esse mundo transformou-se em verdadeira barafunda sem fim!
E agora sob os auspícios de um imbecil.