Cruzeiro só empata com o Goiás, acumula crises sem fim, mas se mostra lutador em campo
Luiz Linhares*
Vejo o time do Cruzeiro como uma “nau sem rumo”, envolto em problemas de toda natureza, justamente em seu centenário, inflado em situações que os mais otimistas relutam em ver soluções a curto prazo.
Não bastasse toda essa situação, vive internamente uma guerra de vaidades e variações políticas, com muitos dos conselheiros com quase culpa comprovada no desastre causado.
E que não se sabe como, ainda continuam tendo voz nos rumos do clube – quase dois anos de crise aberta já se passaram e nada de definições ou penalizações a quem quer que seja.
É assim que o time celeste entra em seu segundo ano amargando a segunda divisão do futebol brasileiro. Já com três rodadas iniciais não consegue sentir o cheiro da vitória, tendo promovido a primeira alteração de comando técnico praticamente apagando quase o trabalho desenvolvido nos meses iniciais deste ano.
Salários atrasados, protestos da torcida, pressão por renúncia e tantas outras adversidades geram um clima de incerteza e indefinição onde tudo chegará.
Fica à espera de um verdadeiro milagre que possa unir diretoria, torcida e forças que possam ser capazes de elevar o nome do clube ao primeiro patamar, Mas vitórias não chegam em campo, daí que fica difícil acumular forças para retornar ao primeiro escalão do futebol brasileiro.
É nesse contexto de crise permanente e sem fim que chega o novo técnico Mozart, treinador iniciante com um bom trabalho em pequeno clube nordestino. Chega como pacificador e milagreiro para fazer um time mediano.
Rachado em sua estrutura, fica difícil entrar nos trilhos e caminhar para uma classificação entre os quatro melhores da temporada.
É fato que o time mostrou humildade na primeira partida sob o comando do novo treinador, mas ficou só no empate depois de levar gol contra bizarro no início da partida. Mas também é verdade que se mostrou um time lutador em campo, buscando o empate, evitando-se mais uma derrota contra o Goiás, no Mineirão.
De positivo na partida ficou a luta e o empenho dos jogadores, numa demonstração de que com o novo treinador quer dar início à recuperação. O time brigou e correu muito para evitar o pior. Por muito pouco, a trancos e barrancos, conquistava o ápice da luta que seria a vitória.
Novos capítulos, com sofrimentos certamente irão marcar ainda mais essa conturbada história com a torcida descrente, sem confiança no time.
Mas quem sabe, com alma e coração, união e simplicidade possa o Cruzeiro dar uma guinada, que a torcida gostaria de ver. Torço para que isso aconteça também, para o bem do futebol mineiro e para alegria de sua imensa torcida.
América perde para o Flamengo e já não tem o encanto das disputas passadas
Seguindo a toada negativa, digo que o encanto virou já um quase desespero no América. De novo na divisão principal do Brasileiro, o time teve um início bem frustrante.
Já são três jogos, três derrotas e ainda vem o treinador Lisca falar em complô de arbitragem, reclamando da falta de recurso e ação para fazer o time engrenar.
Foi assim que o ciclo Lisca chegou ao fim. Isso pelo desgaste natural do dia a dia e por não conseguir talvez tudo o que tinha em mente para se fazer um time vencedor, em quase escala igual aos postulantes a algo.
O desenho que se destaca é o mesmo por demais conhecido pelo América, com a falta de qualidade na disputa com os melhores.
Algo me diz que Felipe Conceição, que deixou o Cruzeiro, pode desembarcar no Lanna Drummond e continuar um trabalho que um dia foi bem interessante. Uma coisa o América tem é casa organizada e um dirigente bem equilibrado. Mas a sequência se faz por boas escolhas e acertos. O tempo dirá o resto.
Atlético vence, mantendo-se vivo e constante para todas as competições
Por seu lado, o Atlético não tem o que reclamar. Teve a melhor campanha até aqui na Libertadores, com passagem tranquila para a terceira fase da Copa do Brasil.
E está agora numa crescente no Brasileirão após um tropeço inicial em casa contra o Fortaleza. O time cresce de produção jogo a jogo, provando que o tempo foi o melhor remédio para o grupo e para o próprio treinador Cuca.
Acertou as peças, como se viu na vitória tranquila, embora minguada em gols contra o possível concorrente São Paulo. Na temporada, jogadores como Hulk e Zaracho cresceram muito no esquema, adaptando-se bem ao time.
Verdade que quando a maioria joga bem, um ou outro oscila na produção sem comprometer o conjunto. A vitória frente ao bom time do São Paulo talvez tenha sido a oportunidade de prova deste crescente.
Verdade que adversários apenas medianos haviam passado pelo crivo atleticano. Desta vez foi contra o São Paulo, que não conseguiu jogar e criar ante a produção mais eficiente praticada pelo Atlético.
Hulk mais uma vez fez uma grande jogada que levou ao gol do Jair livre de marcação, além de ter criado outras boas oportunidades para aumentar o placar.
Valeu pela disposição, assentamento em campo e produção. Isso mesmo sem, o time ter em campo ainda todos os considerados titulares devido as convocações de Junior Alonso, Savarino e o afastamento por covid do Zaracho.
Por fim a cada dia promete mais o Atlético, vivo e constante para todas as competições.
*Luiz Linhares é diretor de Esportes da rádio Itabira-AM