Atlético tropeça mais uma vez, mas ainda mantém viva a esperança pelo bi campeonato na série A do Brasileirão
Luiz Linhares*
Claro que só posso escrever aqui em meu nome: em janeiro saudamos a chegado do ano novo e nunca poderia imaginar que sentira saudades do 2019 que se foi e rezaria para que este 2020 se encerre o mais rápido possível.
Faço este preâmbulo por ter vivido a semana que passou como totalmente trágica para o futebol mineiro. Iniciamos o Campeonato Brasileiro, tanto da série A quanto a B, com uma participação gloriosa de nossos representantes. Tudo parecia ir muito bem, com início promissor, vitorias constantes e já imaginando o Galo conquistando o país e a Raposa de volta ao grupo principal.
Para o Atlético, a semana resultou em uma ducha fria no entusiasmo que se formava pelo trabalho do argentino Jorge Sampaoli, emanado ao investimento financeiro do Sr. Menin.
O que se prenunciava era o desenho de um time imbatível com resultados e força que certamente culminariam com a conquista do Brasileirão ao fim desta temporada que deve se encerrar nos primeiros meses do próximo ano.
Mas bastaram as derrotas para o Botafogo e Internacional, seguidas e fora de casa, para o torcedor quebrar o encanto inicial e já contestar a razão do desempenho se exaurir.
Sem os olhos do torcedor temos vários fatores a serem exaltados. Não se pode exigir tanto do treinador com o tempo curto de trabalho e implantação de filosofia.
Afinal, não foram cinco meses de preparação, se jogou até meados de março e parados todos ficamos por mais de sessenta dias. Após esse período, o que se teve apenas trabalho físico e em grupos distintos, quando teve início, de fato, o período de preparação de grupo, trabalhos com bola e aperfeiçoamento técnico e tático.
Com bola rolando, têm-se pouco mais de um mês, não se esquecendo que jogadores foram chegando, contratados, digamos, a conta gotas, o que não constitui uma liga de entrosamento.
No último jogo contra o Internacional, por exemplo, Eduardo Sasha entrou em campo no segundo tempo, sendo que apenas um dia antes foi apresentado e se juntou ao grupo.
Não existe atualmente no Brasil, ou mesmo no mundo, um time que possa se considerar completo, que esteja jogando o fino, em tão pouco tempo de treinamento.
Que o diga o Barcelona, que o diga o PSG do Neymar que, jogando mal, perdeu a oportunidade de vencer a Champions League.
Enfim, o que digo é que não há razão para se desesperar ou contestar o trabalho com tão pouco tempo. É preciso dar tempo para a assimilação do que se pretende, certamente com um time ainda mais reforçado.
A competição é longa. Haverá tempo para se acertar com o passar dos jogos, buscando o equilíbrio, o que permitirá ao Galo se manter como postulante ao tão almejado título.
Com uma pausa na semana para a decisão do Campeonato Mineiro, mesmo sem ter a vantagem de jogar por dois resultados iguais, o Galo é favorito. Além disso, o Tombense tem também demonstrado inconsistência na disputa do Brasileiro série C. Junte-se a isso o fato de as duas partidas ocorrerem no Mineirão.
Cruzeiro precisa de reforços e entrosamento, além de muita reza para retornar à elite do futebol brasileiro
Já o time celeste começou surpreendendo com vitorias nas três primeiras rodadas do Brasileirão da série B, duas delas na casa do adversário. Mas a sua situação é diferente do rival.
As vitórias do time celeste ocorreram sem grandes méritos. Foi o que se observou nos jogos em Campinas e Florianópolis. Embora tenha vencido, o Cruzeiro não jogou para merecer a vitória.
Encontrou o gol em jogada atípica. Louva-se mais a equipe pela postura defensiva, de marcação.
Foi assim que chegaram as derrotas. Uma delas, para a Chapecoense, ocorreu dentro do Mineirão, perdendo para um time mais ajustado, de nível superior aos times que antes o Cruzeiro havia enfrentado.
Na derrota em Aracaju pode-se atentar uma parte da ineficiência ao horrível estado do gramado e boa parcela para a criação que não aconteceu. O time adversário demonstrou fragilidade, mas nem assim o Cruzeiro teve competência e qualidade individual para fazer a diferença.
Nas derrotas se vê realmente o nível, a qualidade e as fragilidades do grupo. É preciso melhorar bastante para poder pleitear uma posição para o acesso.
A sorte é que a competição é longa. Como o próprio treinador Enderson Moreira frisou em sua última coletiva, a série B terá final feliz não para quem arranca na frente e sim para quem manter uma boa estrutura e oscilar menos durante a competição.
Portanto, segundo o treinador, não é preciso ter um time brilhante e supertalentoso. Mas sim um grupo com vontade de vencer, unido, bem mesclado entre o velho e novo. E, óbvio, apostando no objetivo final de acesso.
Sem dinheiro e com ainda inúmeros problemas, o Cruzeiro ainda tem tempo para se acertar. E para, pontualmente, encontrar os elementos que darão a liga necessária para voltar a vencer. E rezar muito pode também ser necessário, com certeza.
Neste meio de semana o time celeste terá uma pausa no campeonato para cumprir uma missão dificílima na Copa do Brasil. É que para prosseguir na competição terá que vencer o CRB, em Maceió, por dois ou mais gols de diferença.
Se ficar com a vantagem de apenas dois gols, a decisão de qual time irá prosseguir na competição ficará por conta da disputa de pênaltis. Se prevalecer a boa fama do goleiro Fábio, mesmo com toda dificuldade, segue em frente o time azul.
O que não pode é o Cruzeiro se dar ao luxo de abrir mão da luta pela vaga na próxima fase desta Copa do Brasil. Afinal, tem muita grana em jogo, que cairia bem para mitigar parte de suas combalidas finanças.
Que o Cruzeiro siga firme na superação contra os nordestinos. Afinal, enquanto existe vida, a esperança ficará acessa.
*Luiz Linhares é diretor de Esportes da rádio Itabira-AM