A União Europeia contra o CO2
Veladimir Romano*
Aos poucos, com a novas opções aprendidas com a guerra contra a Mãe Natureza, e com emprego de muita tecnologia, acumulação de riqueza, a União Europeia vai entendendo e analisando os desafios entre contendas, agora, definitivamente em seu ponto básico, para combater sem tréguas efeitos do dióxido de Carbono (CO2), juntamente com outros fatores climáticos.
Glasgow, maior cidade da Escócia, a terceira mais populosa de todo o Reino Unido, no final do ano corrente promete apresentar vários projetos, argumentos e também sonhos, mas fica a incerteza sobre a qualidade dos projetos.
É que o desastre ambiental anda patente na violência e brutalidade dos acontecimentos com quantos olhos estamos assistindo um pouco por todos os lados, até mesmo em lugares nunca antes atingidos, e que são agora arrasados numa crua desgraça.
Existe incrível pedagogia ensinando mais alguma coisa sobre a razia e, lembrando o alerta de um anônimo alemão dias depois da última enchente, uma quase ingenuidade na mente de alguém que já deveria ter ficado em aviso por tudo que vem acontecendo por outras paragens.
Surpresa! Nem tanta… fica nas expressões até absurdas: «Sempre pensei que situações destas apenas acontecia nos países pobres». Pois é, a Natureza não discrimina, quando dá para ser destruidora, ela não quer saber de quem seja.
Das chuvas caindo torrencialmente e sem controle sobre os seus efeitos arrasadores, encontram-se sistemas preventivos caducos, que necessitam de reformas urgentes com opções defensivas para justamente evitar o caos.
Não basta somente a Comissão Europeia e o Parlamento elevarem debates, discursos, criarem verbas astronômicas convencidos que o inesperado e morticínio não vão acontecer.
Profundamente desgastante, um exagero do ponto de vista intelectual, foram horas, dias, semanas consumidas discutindo estratégias anteriormente programadas contra o CO2, mas ao que parece, os responsáveis europeus não têm assim tanta estratégia.
Se entende uma tendência pelo lado da defesa financeira não atrapalhar mais as economias dos membros, mas a insistência é por outro lado muito clara quando poucos são aqueles que cobram dos responsáveis máximos vergonhosas e absurdas fugas de financiamento para fora do mercado comum.
Oásis fiscais se estão enchendo cada vez mais com fortunas e declaradas fraudes fiscais que poucos querem controlar, uma justiça que nem chega lá pelo tanto de burocracia ineficaz entre a frieza de certos políticos, parlamentares e governantes.
Para eles, torna-se mais fácil então anunciar possível carga fiscal fortíssima unificada na União taxando, isso sim, quem vive do seu trabalho.
Ainda que tenha sido aumentada a taxa de 15% às grandes empresas, a já excessiva tributação arraste o fito formatado por causa do CO2, a bem do meio ambiente, parceiros, vão ter bastantes dificuldades no uso infortunado deste tributo fiscal pelo aumento dos pobres causado pela pandemia.
Já são 4,2 milhões pobres, uma parcela considerável da população europeia que vive com salários baixos, situação que se agrava com a falta de novas reformas em infraestruturas nesta última década. Nesta conjuntura, está claro que o fosso que separa pobres e ricos vai aumentar.
É natural e legítima a causa contra o CO2 – e que deve continuar. Mas há que se recuperar o tempo perdido, enfrentando os altos interesses, com responsabilização dos que fazem o velho jogo dos interesses hegemônicos.
É preciso abandonar o fatalismo que resulta no flagelo, com processos logísticos e logaritmos baralhando toda essa situação. Sem isso, todo esse caminho, mesmo com sacrifícios fiscais para muita gente, a situação vai perdurar.
*Veladimir Romano é jornalista e escritor luso-cabo-verdiano
No destaque, chuvas na Europa: destruição causada pelas enchentes na Alemanha e na Bélgica (Foto: montagem com fotos da AP e da Reuters/G1)
O Mundo é grande, redondo e dá uma volta por dia, então, um dia seca no hemisfério Sul e no outro derrete em chuvas no hemisfério Norte.
Chegou o ponto agora que não há como distinguir entre pobres e ricos, pois somos todos passageiros de uma mesma nave a circundar pelo Universo.