Eleições europeias e o paraíso neofascista
Veladimir Romano*
Muito em breve a Europa [ainda] dos 28. O Reino Unido irá a votos em virtude da enorme confusão na qual o Brexit, depois de dois anos, não encontrou seu caminho. Com isso, os ingleses e mais quantos milhares de residentes das mais variadas origens, desconhecem como será o futuro.
Entretanto, escoceses, irlandeses da região ocupada pelas forças militares britânicas e o País de Gales, caso se dê o Brexit, estão ameaçando sair dessa secular aliança colonial que ingleses tanto gostam de apelidar como Grande Bretanha. Assim, muita coisa vai ser agitada nas próximas eleições europeias do dia 26 de maio, liquidando incertezas ou arrastando mais confusão.
Da perturbação em causa do que vai ocorrendo na Venezuela, a União Europeia conseguiu apoio de 14 membros para Juan Guaidó, ficando outra metade dos países da União Europeia de fora, tendo havido uma abstenção. Trata-se de uma burra teimosia da maioria desses países, ao invés de se orientarem por uma política que favoreça a paz, preferem lançar mais lenha na fogueira.
Na outra margem, vai causando efeitos a contenda das taxas entre China e os EUA, promovida pela insatisfação do governo norte-americano, que se sente prejudicado, puxando agora políticas extremistas querendo quebrar comercialmente a China, que está numa de aprender as regras do capitalismo. Se bem que aprendeu rapidamente e sem complexos o país do rio Amarelo, que entrou sem medo no jogo.
E hoje, detém 54% da dívida externa dos norte-americanos, que está na ordem dos trilhões [números absurdos e com muita dúvida se algum dia podem liquidar tamanha faturação]. Tudo isso vai também mexendo com as bolsas financeiras europeias.

Igualmente os já famosos “coletes amarelos” fazem miséria em várias localidades francesas, colocando em dois meses problemas, embaraços e mudança de estratégias ao presidente do Eliseu.
À Leste, nada de novo, tanto quanto na península Ibérica, na Espanha, os socialistas saíram na frente depois das eleições. Mas, agora, caso desejem governar com alguma folga, terão pela certa de sentar-se à mesa da governação com mais dois partidos da família progressista.
Só assim não terá sobressaltos pelo longo caminho de quatro anos políticos, que pedem muita reforma e luta contra a nova coletânea de fascistas. Saudades franquistas fizeram a fuga dalguns membros mais radicais do Partido Popular [PP], agora desfrutando dos votos de uns quantos neofascistas muito convencidos que o novo VOX trará paraíso na Terra.
Difícil será o dia seguinte destas eleições com sondagens consecutivas avisando que novas direitas irão entrar nos parlamentos. em particular no Parlamento Europeu. Da última vez que aconteceu, o resultado anda bem na preocupação de milhões de pessoas, culminando com o Brexit.
Nigel Farage, fundador do UKIP [abandonou o partido e foi fundar outro], agora no Brexit Now [Brexit Agora], poderá criar ainda mais problemas aos votantes do “Fica na União”. A situação é recente, nunca antes se assistiu a uns quantos jovens nas ruas de Londres, Manchester, Newcastle, outra qualquer até mesmo nos estádios de futebol, a tanta saudação Nazi. Winston Churchill estará dando mil voltas na sua silenciosa tumba.
Contudo, na Suécia e mais recente na Finlândia, felizmente, os socialistas voltaram ao comando, afastando do poder e dos ciclos de influência, forças antissociais. Mas, mais a Sul, Polônia, Hungria, Áustria, Itália e até na França, extremistas fanáticos neofascistas liderados pelos nacionalistas de madame Le Pen, estão preparando grande coligação fascista no intuito provocador ou estratégico em desmembrar ambos parlamentos: o de Bruxelas e de Estrasburgo.
O sistema democrático tem este enorme problema e em outras alturas foi o próprio sistema conduzindo ou de preferência: abriu portas sem limite para que grupos pequenos ficassem grandes, poderosos, indomáveis, dando sempre em sangrentos conflitos.
A Democracia não devia ser tão benévola nem ingênua ao ponto de colocar a liberdade em causa só pelo quanto custa estabelecer regras frontais, completamente calculadas no rigor severo, tal como fará depois a paranoia fascista querendo dominar tudo e todos, transformando a oportunidade democrática numa velha e caduca ditadura.
Em certas camadas do povo eleitor, deveriam aprender melhor onde cada regra pela defesa da Liberdade e do Direito da cidadania em exercício, pede esclarecimento, atenção, educação, cultura. E, mas, ainda mais: saber proteger essa Liberdade sua e a dos demais porque paraísos na Terra nunca existiram, nunca existirão nem muito lhe chegue esse sonho a novos membros do Fascismo sem saberem do que é a vida feita e a luta pela verdade social, um caminho que se vai fazendo de geração em geração até conquistar a vitória final.
Em Democracia: fascistas, nazistas, racistas e usurpadores da Liberdade, somente podem calcular suas façanhas levianas quando segmentos populares ficam doentes dentro da sua ignorância, quando praticam, com raiva, uma votação antidemocrática só porque um dia na vida se sentiram enganados pela corja de políticos oportunistas que também se aproveitando da generosidade democrática.
Esses políticos preferem enganar o povo e acabam promovendo ódios, fraquezas. Ou mesmo depois, abrem poços de sangue com guerras desnecessárias repondo aquilo que o sistema democrático não soube avaliar. O perigo da totalidade democrática, um erro e gigantesca promoção da derrota.
**Veladimir Romano é jornalista e escritor luso-caboverdiano