A dependência digital e a perda de conexão com o mundo exterior
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A tecnologia é uma ferramenta poderosa, mas não podemos deixar que ela nos afaste da vida real e das relações humanas
Por Marcela Melo
EcoDebate – Não há dúvida de que a tecnologia revolucionou a forma como vivemos, trabalhamos e nos comunicamos. No entanto, com o crescimento exponencial da internet e das redes sociais, surge uma nova preocupação: a Dependência Digital, que é inclusive um dos temas da Novela Travessia.
Em entrevista com a Dra. Gesika Amorim, mestre em educação médica, pediatra pós-graduada em Neurologia e Psiquiatria, especialista em Saúde Mental e Neurodesenvolvimento, ela faz um alerta sobre os perigos da dependência digital e como ela pode afetar a saúde mental e física das pessoas, em especial das crianças.
Segundo a Dra. Gesika, a dependência digital pode levar a problemas como depressão, ansiedade, transtornos obsessivo-compulsivos e isolamento social, comprometendo o processo de aprendizado e prejudicando os laços afetivos e emocionais com os pais, cuidadores, familiares e amigos.
“Hoje, uma grande parte das crianças se sente trocada pelo celular; elas percebem que seus pais ou cuidadores preferem a companhia do celular do que passar um tempo com ela, para brincar, conversar ou interagir de alguma outra forma”, alerta a Dra. Gesika Amorim.
Mas o que leva alguém a se tornar dependente da tecnologia?
A resposta está na dopamina, um neurotransmissor responsável pela sensação de prazer. Quando usamos a internet, recebemos e-mails, recebemos curtidas e comentários em nossas redes sociais, fazemos downloads e interagimos virtualmente com outras pessoas, nos da um certo prazer, certo?
“No caso da dependência digital nas crianças, acontece o mesmo. O problema é que se tornou comum a prática de muitos pais recorrerem aos aparelhos tecnológicos para manter as crianças ocupadas, mas acabam prejudicando seu desenvolvimento emocional e social”, explica a especialista.
Para combater a dependência digital, é importante encontrar um equilíbrio entre o uso da tecnologia e a vida real.
Algumas sugestões são:
· Limitar o tempo de uso da tecnologia,
· Praticar atividades físicas, hobbies
· Se desconectar periodicamente da internet.
“O grande problema é que seguimos conectados, navegando na internet, em nossas redes sociais, exibindo os nossos perfis, verdadeiros ou falsos, na maioria das vezes querendo a vida do outro, fingindo ser o que não somos e enlouquecidos atrás de “likes”, engajamento, comentários, e tudo isso em casa, sozinho, sem precisar lidar com o mundo do lado de fora das telas. E assim, vamos perdendo a noção da realidade à nossa volta. Acredito que este tenha sido o maior prejuízo na área de saúde/ social que a pandemia trouxe.” – diz a especialista.
Os pais também podem estabelecer regras claras e limites para o uso da tecnologia pelas crianças, e dedicar tempo de qualidade para brincar, conversar e interagir com elas. A dependência digital é um problema sério que afeta a saúde mental e o bem-estar de pessoas de todas as idades.
“É importante reconhecer os sinais e tomar medidas para prevenir ou tratar esse problema. A tecnologia é uma ferramenta poderosa, mas não podemos deixar que ela nos afaste da vida real e das relações humanas”, finaliza a Dra. Gesika Amorim.
Não ignore este alerta sobre esse problema social cada vez mais comum na sociedade atual. Ao perceber os sintomas da dependência, procure ajuda médica para tratamento e prevenção de outros transtornos.