Outubro Itabirano. Crônicas da Itabira do Matto-dentro Imperial – 1862 – O grito do Ipiranga
Praça da Constituição, atual praça Tiradentes. Destaque para a estátua equestre de Pedro I, c. 1865. Rio de Janeiro
Foto: Augusto Stahl/ Acervo IMS Pesquisa: Cristina Silveira
Sua Majestade Imperial, o Sr. D. Pedro II
Senhor! A Câmara Municipal da Itabira, da província de Minas Gerais, desejosa de tomar parte no cortejo do grandioso ato da elevação da estátua equestre de Sua Majestade Imperial o Sr. D. Pedro I, augusto pai de Vossa Majestade Imperial, elevação que, acompanhando a história e a gratidão nacional, servirá também para eternizar a memória e o nome do herói que no grande dia 7 de setembro de 1822 nos campos do Ypiranga despertou a todos os brasileiros com aquele brado patriótico e imortal, que repercutiu em seus corações – Independência ou Morte e –, fazendo assim entrar por seu braço potente e pelo valor dos brasileiros no número das nações, mais uma – a nação brasileira.
Dizemos, senhor, a Câmara Municipal da cidade da Itabira, desejosa de ser representada em tão solene e patriótico ato, consagrado à memória do augusto fundador do império, nos fez a honra de eleger-nos para em nome assisti-lo e mui respeitosamente felicitar a Vossa Majestade Imperial por tão grande acontecimento.
Dignai-vos, pois, senhor, de aceitares respeitosos votos de felicitação que, por nosso intermédio, tem a honra de apresentar a Vossa Majestade Imperial a Câmara Municipal da Cidade da Itabira.
Permiti agora, senhor, que, nos prevalecendo destes preciosos momentos, nós, que também somos animados dos mesmos patrióticos sentimentos que os da Câmara que nos elegeu para tão honrosa comissão, apresentamos a Vossa Majestade Imperial nossos votos do mais profundo acatamento, e nossos respeitosas felicitações.
Rio de Janeiro, 30 de março de 1862.
Benjamin José da Silva Franklin, João Teixeira da Fonseca Guimarães, João Baptista Vianna Drummond [Jornal do Comércio, 17/4/1862. BN-Rio]
O esplendoroso Luís Camillo de Oliveira Netto
… Descendente de pioneiros da indústria do ferro no Brasil quis talvez recomeçar em bases cientificas, a extraordinária façanha do Sargento-Mor Paulo José de Souza, o fundador do Girau.
“Para Luís Camillo de Oliveira Netto, a história era, verdadeiramente, ciência, esforço disciplinado, austero, quase ascético de apurar a verdade a partir dos fatos presentes diante de nós.
Por outro lado, este descendente de quatro ou cinco gerações de vereadores à Câmara Municipal de Itabira – cujos antepassados assinaram a proclamação de D. Pedro I como imperador do Brasil (com a clausula do juramento prévio da Constituição), o que significa a presença de seus ancestrais no ato do reconhecimento pelo povo brasileiro do Grito do Ipiranga – sentiria sempre a vocação política. Diríamos quase: a tentação da política.
[Apresentação, João Camillo de Oliveira Torres ao livro História, Cultura & Liberdade, Páginas recolhidas, de Luís Camillo de Oliveira Netto, da Coleção Documentos Brasileiros (direção de Afonso Arinos de Melo Franco), v. n. 164, pela Livraria José Olympio Editora, Rio/1975.] |
Pedro de Alcântara Francisco Antonio João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano de Bragança e Bourbon, simplificadamente D. Pedro I, o primeiro imperador do Brasil; rei de Portugal e Algarves como Pedro IV, e reverenciado em Portugal pelos apelidos de “o Libertador” ou “o Rei Soldado”, nasceu em Queluz no dia 12 de outubro de 1798 e faleceu em 24 de setembro de 1834, também em Queluz, Portugal.
Estátua equestre do Senhor D. Pedro I, por Manuel de Araujo de Araujo Porto Alegre, em 20/4/1859, no jornal Revista Popular – O pensamento de erigir uma estátua equestre ao fundador do Império, data dos primeiros dias da Independência. Em 1825 abriu-se na Câmara Municipal uma subscrição pública, e ali foram depositar cotas o rico e o pobre.
Em 1839, em casa do marquês do Paranaguá, reuniram alguns indivíduos, e trataram de reanimar aquele pensamento. Formou-se uma comissão e em seguida uma subscrição, resolveu-se dirigir uma petição à Regência, para que ela autorizasse o fato, e entregasse em tempo o produto da antiga subscrição, depositada do Tesouro.
Os cálculos apresentados pelos artistas do país foram tão baixos, que a Comissão desanimou da obra, muito principalmente quando Grandjean testemunhou a maior repugnância com tais orçamentos. Por essa ocasião, resolveu o conselheiro Lisboa ir à Europa, e lá tratar eficazmente do caso, pois era o único meio certo de haver a obra.
No ano de 1853, tornou a Câmara Municipal a fazer reviver a ideia, e depois de levar ao conhecimento do governo imperial o seu nobre intento, de levantar um monumento à Independência, personificada na pessoa do Senhor D. Pedro I, nomeou uma comissão para dar prosseguimento ao propósito.
…abriram um concurso no país e fora dele, também abriram a subscrição, para levar a efeito a estátua. Da Itália, da França e da Alemanha e do Brasil, concorreram artistas, e mandaram seus desenhos e modelos à Academia das Belas Artes, onde se fez a pública exibição, e se julgou da primazia dos concorrentes. O sr. Louis Rochet (1813-1878) coube o primeiro prêmio e o direito de executar a estátua; ao sr. João Máximo Mafra (1823-1908) o segundo, pela ideia do pedestal; e a um artista de Hamburgo, o terceiro prêmio, não sabemos porque, a não ser pelo mérito de um bonito desenho. |
|A estátua equestre de D. Pedro I, foi o primeiro monumento cívico da cidade; uma das maiores peças de arte de bronze das Américas daquele tempo e é obra introdutora da escultura romântica no Brasil. O monumento foi inaugurado em 30 de março de 1862; tombada pelo INEPAC em 1978 e pelo IPHAN em 1999. Brasilianas.
|Descrição do monumento: O embasamento de granito carioca tem 3,30m de altura, o pedestal de bronze mede 6,40m até o alto da cornija e a estátua equestre tem 6,00m de altura. O peso total do bronze é de 55 toneladas, sendo 28 toneladas todo o pedestal e 12 toneladas a estátua equestre e 10 toneladas os dois grupos grandes e 5 toneladas os dois grupos pequenos.
O monumento está cercado por um gradil de ferro fundido em forma ortogonal que entre círculos se encontra a coroa imperial com a legenda D. Pedro I. Em cada ângulo do gradil, se encontra uma coluna um lampião. A pavimentação entre o gradil e o monumento é de mármore, sendo o pedestal em granito cinza não polido, também na forma ortogonal.
Nas suas faces principais, abaixo da estátua de D. Pedro I, encontram-se quatro alegorias que simbolizam os quatro rios: Amazonas, Paraná, Madeira e São Francisco. No friso do pedestal estão os escudos das vinte províncias do Brasil. Na parte superior da face principal estão as armas do império e a seguinte inscrição: A D. Pedro I, Gratidão dos Brasileiros. Nas faces laterais, as armas bragantinas vigiadas por dragões. (INEPAC – Instituto Estadual do Patrimônio Cultural) |