Bolsonaristas deliram com pouso no Brasil de avião dos EUA na esperança de um novo golpe intervencionista
Foto: Reprodução/ Airlines.net
Entre delírios patrióticos e súplicas ao império, bolsonaristas revelam o impasse de sua própria cruzada nacionalista
Valdecir Diniz Oliveira*
Os bolsonaristas que sonham com uma nova intervenção norte-americana na política brasileira, a exemplo do que ocorreu com o apoio ao golpe militar de 1964, estão em alvoroço. Eles querem acreditar que o pouso de um avião da Força Aérea dos Estados Unidos, um Boeing C-32B, discreto, branco e sem logotipo, é o prenúncio de uma operação internacional para pôr fim à “ditadura da toga” e, claro, salvar Jair Bolsonaro da cadeia.
O ex-presidente será julgado pelo Supremo Tribunal Federal a partir do dia 2 de setembro de 2025, em sessões presenciais que se estenderão até o dia 12.
A aeronave pousou em Porto Alegre no domingo (17) e depois em Guarulhos no dia 19 de agosto, com autorização do Ministério da Defesa e plano de voo registrado. Fontes da Polícia Federal indicam que o avião transportava funcionários do consulado norte-americano.
Mas para os seguidores do ex-presidente, isso não passa de “versão oficial”, aquela que eles rejeitam por princípio, a menos que venha carimbada por Washington.
Afinal, quando se vive de delírios golpistas, qualquer pouso vira sinal divino e qualquer bandeira, desde que estrangeira, parece mais confiável do que a brasileira, embora esta seja agitada em profusão nas suas manifestações tresloucadas, como se patriotismo fosse uma coreografia e não um compromisso com a soberania.
O curioso, ou tragicômico, é que essa súplica por intervenção externa desmascara o patriotismo de fachada que bolsonaristas proclamam aos quatro ventos. O mesmo grupo que se diz defensor da pátria, da bandeira, da família e da independência nacional agora implora por ajuda imperial. É como se o “Brasil acima de tudo” tivesse sido substituído por “Washington acima de todos”.
Antecedentes
Essa devoção não é nova. Em 1964, os Estados Unidos apoiaram abertamente o golpe militar que depôs João Goulart. A chamada Operação Brother Sam envolveu o envio de navios da Marinha norte-americana à costa brasileira, prontos para intervir caso os militares enfrentassem resistência.
Esse apoio logístico e político de Washington foi decisivo para consolidar uma ditadura que duraria 21 anos, marcada por censura, tortura, mortes e perseguição política.
Além da política, a influência americana também se infiltrou na economia brasileira. Durante a ditadura, acordos como o MEC-USAID moldaram a educação brasileira segundo interesses norte-americanos.
Mais tarde, nos anos 1990, o chamado Consenso de Washington impôs uma cartilha neoliberal que incluía privatizações em massa, desregulamentação econômica, abertura comercial irrestrita e submissão aos ditames do FMI. O resultado foi a entrega de setores estratégicos, como energia, telecomunicações e siderurgia, ao capital estrangeiro, principalmente norte-americano.
E agora, em pleno 2025, os Estados Unidos voltam a pressionar o Brasil com o chamado “tarifaço”: a imposição de tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros, como aço, alumínio e carne.
A medida, anunciada pelo governo Trump, foi justificada como resposta à “ameaça comunista” representada pelo governo Lula e às decisões do Supremo Tribunal Federal. Na prática, trata-se de uma retaliação econômica que prejudica exportadores brasileiros e escancara a fragilidade da nossa soberania comercial.
Enquanto isso, bolsonaristas seguem aplaudindo de pé. Para eles, não importa que a intervenção estrangeira destrua empregos, enfraqueça a indústria nacional ou viole a Constituição. O importante é salvar o “mito”, nem que seja com apoio da CIA, da OTAN ou de um porta-aviões ancorado na Baía de Guanabara.
O pouso do C-32B, provavelmente parte de uma missão diplomática rotineira, virou combustível para uma fantasia golpista que mistura ignorância histórica, subserviência ideológica e uma boa dose de desespero.
Enquanto os delírios se multiplicam, e o que se revela é um patriotismo de araque – aquele que se desfaz diante da primeira oportunidade de entregar o país aos interesses de fora, desde que o “mito” seja salvo. O xilindró o espera, mesmo com a intervenção neoimperialista de Trump.

*Valdecir Diniz Oliveira é cientista político, jornalista e historiador










Tipo de coisa que faz os hidrofóbicos babarem tanto de ódio que sujam toda a roupa.