Comitê de moradores, vereadores e Prefeitura de Itabira é constituído para acompanhar remoção de residências na região do Pontal
Noticiado por este site em 15 de março de que será necessário remover centenas de moradores dos bairros Bela Vista e Nova Vista para a mineradora Vale construir um grande muro com tubos metálicos fixados no solo, conectados por chapas soldadas chapas de aço, desde então os possíveis atingidos, a Prefeitura de Itabira e imprensa buscam mais informações sobre o que de fato está para acontecer, sem que se obtenham respostas mais precisas.
Em resposta às indagações da imprensa e de moradores, a mineradora simplesmente informa que a construção do muro é medida preventiva e servirá para conter rejeitos no caso hipotético de ruptura do dique do Minervino e do cordão Nova Vista, que serão descaracterizados (deixam de existir com reabilitação ambiental). Outras estruturas construídas pelo método de alteamento à montante, consideradas inseguras, devem também ser descaracterizadas nos próximos anos.
Após 112 dias da divulgação pela Vila de Utopia da necessidade da remoção de parte dos moradores dos bairros Bela Vista e Nova Vista, enfim a Vale realizou reunião virtual com moradores. Confirmou que haverá mesmo a remoção de moradores residentes nos locais onde o muro será erguido, mas até então não apresentou detalhes do projeto.
Mas alegou que somente disporá de mais informações após a conclusão de estudos técnicos – e que a remoção deve ocorrer a partir de meados do próximo ano.
Com isso, aumenta a preocupação e deixa os moradores ainda mais apreensivos. Isso por não saberem se estão incluídos entre os que serão diretamente afetados e como a vida deve seguir para quem não será desalojado pela construção de mais essa estrutura. Os moradores já sofrem com o impacto dessa incômoda vizinhança há mais de 40 anos, com a proximidade da barragem do Pontal.
Compromissos
Em reunião presencial com os moradores, nessa segunda-feira (28), o prefeito Marco Antônio Lage (PSB) propôs e foi aceita a constituição de uma comitê de acompanhamento e negociação com a empresa, que será constituído por moradores, vereadores, ativistas do Comitê Popular dos Atingidos pela Mineração em Itabira e Região.
Também vão participar do comitê representantes das secretarias municipais de Meio Ambiente, Obras e Ação Social. O seu objetivo é buscar mais informações e entender o que de fato pode vir a ocorrer com esse projeto de construção do muro – e de que forma os moradores devem se organizar para coletivamente negociarem os seus direitos com a mineradora, de forma a minimizar e compensar os impactos na vida de todos.
“Aqui estamos para ouvir vocês, uma vez que já estivemos na Vale para conhecer detalhes técnicos do projeto. Vamos manter contatos permanentes com vocês, para que não se sintam sozinhos na busca de soluções que atendam aos seus interesses”, comprometeu-se o prefeito
Marco Antônio Lage assegurou que não vai se omitir, mantendo-se ao lado dos moradores como representante dos atingidos e também dos moradores que permanecerão no território após a construção das novas estruturas de contenção.
Impactos de vizinhança
Além da apreensão com a remoção de suas residências, os moradores relataram ao prefeito o drama que é viver próximo da barragem de rejeitos.
Segundo eles, é comum o rejeito assorear e entupir a rede de esgoto que passa pelo Pontal, causando grande impacto ambiental na vizinhança. “Mesmo quando o canal é limpo, os ratos fogem e invadem nossas casas”, contou uma moradora na reunião com o prefeito.
Esse é um dos muitos problemas recorrentes na região e que vem se arrastando há mais de 30 anos. “É um jogo de empurra entre a Vale e o Saae (Serviço Autônomo de Água e Esgoto), sem que o problema seja resolvido”, relatou uma moradora na reunião com o prefeito.
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