Itabira pode adotar medidas ainda mais restritivas se os indicadores do avanço da Covid-19 não retrocederem
Se antes as medidas mais restritivas eram uma decisão dos prefeitos do Médio Piracicaba para o enfrentamento ao avanço exponencial do novo coronavírus (Sars-CoV2) e suas variantes que causam a doença Covid-19, a partir de sábado (13), a microrregião de Itabira ingressa na onda roxa do programa Minas Consciente, por decisão do Comitê Extraordinário.
“Se não fosse antecipado o nosso ingresso na onda roxa, a situação em Itabira estaria pior. Não podemos virar notícia de jornal como Manaus, com abertura de novas covas nos cemitérios e gente morrendo na porta dos hospitais sem atendimento”, disse ele em seu encontro semanal, nesta quinta-feira (11), com os seus seguidores pela rede social.
A onda roxa é a mais restritiva, mas não se trata de um lockdown, uma vez que as restrições não chegam a impedir que as pessoas saiam às ruas, a menos que seja por extrema e justificada necessidade. Nessa onda, nesse caso, a restrição é de apenas transitar pela cidade entre 20h e 5h.
Além disso, mesmo que o prefeito queira decretar a dura medida, necessária na presente conjuntura, nunca se terá um lockdown por inteiro em Itabira. Isso porque a sua principal atividade econômica, a mineração, por decreto federal se enquadra entre as atividades consideradas essenciais – e não para.
Nem empresas terceirizadas paralisaram as suas atividades na onda roxa, conforme informou a mineradora em resposta a este site. Ressalvou que só estão em atividades as que executam obras e serviços essenciais. Mas não relacionou quais são essas atividades.
O que se observa na cidade é um grande número de trabalhadores terceirizados transitando pela cidade sem máscaras e aglomerando nas portas de hotéis, que estão abarrotados de gente prestando serviços à mineradora.
Mais restrições
Com o ingresso agora compulsório na onda roxa, Marco Antônio Lage prometeu em sua live semanal adotar medidas ainda mais restritivas, que devem ser editadas ainda nesta sexta-feira (12).
Dentre elas está a restrição do número de pessoas que podem ir às compras nos supermercados e armazéns da cidade. “Está proibido sair a família inteira para fazer compras.”
E adiantou que pode até mesmo proibir a venda de bebidas alcoólicas se as pessoas insistirem em fazer festas particulares, com aglomeração nas residências e sítios. Se isso acontecer, pode ser implantada a “lei seca” no município. Atualmente só está proibida a venda de bebidas geladas para consumo em bares e restaurantes.
Indicadores
O decreto municipal anterior previa a adoção dos protocolos da onda roxa por 15 dias, sendo que a primeira semana se completa na segunda-feira (15). Com o enquadramento pelo Comitê Extraordinário Covid-19, as medidas restritivas permanecem enquanto os indicadores da pandemia indicarem como necessário manter as atuais restrições.
Itabira está com quase todos os leitos de UTIs dos hospitais Carlos Chagas (HMCC) e Nossa Senhora das Dores (HNSD) ocupados. A taxa de ocupação de leitos UTI/SUS está em 96%, enquanto 89% dos leitos disponíveis estão ocupados nas enfermarias.
A situação em Itabira é crítica, assim como ocorre em todo o país – e o colapso do sistema de saúde é iminente. A cidade acaba de ultrapassar a marca de 10 mil casos confirmados, com 92 óbitos. E há ainda 7.287 casos suspeitos, fora as sub-notificações – e que devem permanecer em isolamento domiciliar.
Outro indicador preocupante é a elevada taxa de transmissão (RT). “A transmissão em Itabira está em 1.15, o que significa que para cada 100 pessoas infectadas outras 115 podem ser contagiadas, criando um círculo vicioso que não para, mais que dobrando o número de pessoas infectadas”, disse Marco Antônio Lage. Saiba mais no site Itabira no Monitoramento da Covid-19.
Enquanto esses indicadores não caem, o prefeito adiantou que vai tomar medidas mais duras e restritivas para salvar vidas. “Só quem viu morrer alguém da família, ou que já passou pelo hospital sabe a angústia que é viver essa situação, sem saber para onde levar o doente para ser atendido.”
Prefeito pede boicote aos bancos que não respeitam os protocolos de prevenção
Marco Antônio Lage contou em sua live semanal que tem insistido com as gerências dos bancos para que cumpram os protocolos para acabar com as filas no atendimento. As críticas mais contundentes foram dirigidas à gerência da Caixa Econômica Federal.
“Sei que as pessoas precisam ir aos bancos para receber os seus salários e o auxílio emergencial. Então, que os bancos abram novos postos de atendimento e não fechem, como fez a Caixa Econômica”, propôs e criticou o prefeito.
“É um escárnio”, disse ele, referindo-se às longas filas que tem ocorrido em frente ao banco estatal. “Não fizeram esforços para reduzir as filas e manter o distanciamento. Infelizmente a Prefeitura não tem poder para fechar bancos, até porque quem está na fila precisa do dinheiro para sobreviver.”
Como medida de pressão e coerção social sobre os estabelecimentos bancários recalcitrantes, Marco Antônio pediu para os correntistas boicotarem essas instituições. “Recomendo fechar as contas nesses bancos que estão negligenciando a crise, transferindo sua conta para o banco que respeita.”
Difícil vai ser encontrar o banco que está respeitando os protocolos de prevenção e cuidados essenciais para não deixar o vírus se espalhar como tem ocorrido nos últimos dias.
Os bancos que não respeitarem as normas não podem ser multados não?