Itabira permanece na onda amarela enquanto Guanhães e Monlevade retroagem para a vermelha
Com as microrregiões de saúde de Guanhães e João Monlevade tendo regredido para a onda vermelha, por decisão do Comitê Extraordinário Covid-19, que dita as diretrizes do programa Minas Consciente, Itabira só não teve o mesmo retrocesso pelos investimentos que fez, inclusive com apoio da Vale, para abrir 20 novos leitos de UTIs no Hospital Nossa Senhora das Dores (HNSD) e dez no Carlos Chagas (HMCC), esses pela Prefeitura.
Quem admite isso é o próprio prefeito Marco Antônio Lage (PSB), conforme declarou em seu encontro semanal com apoiadores pelas redes sociais, nessa quinta-feira (27). “Esse inimigo invisível ainda não foi vencido e já fez 325 vítimas fatais em Itabira, uma cidade com pouco mais de 120 mil habitantes”, afirmou.
“Só não voltamos para a onda vermelha pela baixa ocupação dos leitos de UTIs e por ter uma taxa de transmissão do vírus (Rt) ainda abaixo de 1. Mas temos visto sinal de alta após o fim da onda roxa com Itabira migrando para a amarela”, disse o prefeito em sua live, já antecipando um possível retrocesso na próxima semana, caso avance a Rt – e no caso de o sistema de saúde voltar a se aproximar do colapso nos próximos dias.
Por enquanto, a situação pandêmica em Itabira está relativamente tranquila, com diminuição do número de óbitos por complicações com a Covid-19, além da estabilização do número de novos casos. A taxa de ocupação de leitos de UTIs nos dois hospitais está em 60% e nas enfermarias em 30%. É o que tem provocado a sensação de que o pior já passou, quando pode vir novas ondas mais infectantes.
Viés de alta
O que mais preocupa é o viés de alta da Rt, conforme acentuou o prefeito. “Nos 15 dias depois da onda roxa, quando houve a flexibilização das atividades econômicas, a RT subiu para 0,76 após cair para 0,71. Depois saltou para 0,86, seguiu para 0,91, agora está 0,94”, discorreu o prefeito. “Se passar para mais de 1,0 o retrocesso pode ser inevitável”, advertiu.
“Só vamos ficar tranquilos após ter mais de 50% de nossa população imunizada com a segunda dose, o que ainda estamos distantes pelo atraso na compra e repasses de vacinas pelo governo federal”, adiantou o prefeito de Itabira.
Segundo o vacinômetro de 20 de maio, Itabira aplicou 35.908 doses de vacinas, com 22.889 pessoas (pouco mais de 19% da população itabirana) já tendo recebido a primeira dose, enquanto apenas 13.094 itabiranos(menos de 11%) já se encontram na fase de completar o processo de imunização com a segunda dose.
Saiba mais no portal Itabira no Monitoramento da Covid-19.

Variantes
“A má notícia é que todos os prognósticos não são bons com as novas variantes, como a da Índia, que pode ser ainda mais letal. A próxima onda vai pegar principalmente quem tem menos de 60 anos, os que ainda não foram imunizados e estão mais expostos, indo e voltando do trabalho, frequentando bares e restaurantes, os que viajam mais, interagem com mais pessoas”, alertou Marco Antônio Lage.
O primeiro registro da variante da Índia, a B.1.617.2, aportou primeiro no Maranhão – e está se espalhando pelo país. Na sexta-feira (21) chegou a São Paulo.
E nesta sexta (28) já foi identificada em Minas Gerais, em Juiz de Fora, por meio de uma pessoa vinda do exterior, tendo desembarcado no aeroporto internacional de São Paulo– e está sendo monitorada, permanecendo em isolamento domiciliar.
A linhagem B.1.617.2 foi identificada pela primeira vez em outubro de 2020 na Índia como uma variante que pode ser a mais nociva do novo coronavírus (Sars-Cov-2).
Mas isso não significa que a variante tenha sido desenvolvida na Índia, daí que a designação não é adequada, assim como não é chamar a Sars-Cov-2 de vírus chinês, como tem feito preconceituosamente o presidente Bolsonaro, numa clara manifestação de xenofobia. As designações apenas indicam que essas variantes foram identificadas pela primeira vez nesses países.
O certo é que essas variantes, inclusive a brasileira identificada em Manaus (AM), já se espalham rapidamente e estão presentes em 50 países, tornando-se em pouco tempo predominantes, com risco de serem mais disseminadoras e letais segundo estudos clínicos ainda não conclusivos.
Não se sabe também se as novas linhagens escapam de uma resposta imune por uma prévia infecção ou pela imunização mesmo depois da segunda dose.
Daí que as autoridades em saúde advertem para o risco dessas variantes agravarem ainda mais o surto pandêmico no país, com uma terceira onda que pode ser mais mortal.
