Anvisa aprova segundo lote da CoronaVac e o capitão derrete
No destaque, sede da Anvisa em Brasília-DF
Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil
Rafael Jasovich*
A diretoria Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou por unanimidade na tarde desta sexta-feira (22) o uso emergencial do segundo lote da vacina CoronaVac, desenvolvida pelo Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac.
Serão 4,8 milhões de doses que poderão ser aplicadas assim que a decisão for publicada. “A vacina atende aos critérios de qualidade, segurança e eficácia para o uso emergencial”, afirmou a diretora da Anvisa Meiruze Freitas, relatora do pedido feito pelo Instituto Butantan.
Seu voto foi acompanhado pelos diretores Rômison Mota, Alex Machado Campos, Cristiane Rose Jourdan Gomes e Antonio Barra Torres acompanharam o voto da relatora.
Antes da votação dos diretores, a Gerência Geral de Medicamentos e a Gerência Geral de Inspeção e Fiscalização Sanitária da Anvisa emitiram parecer favorável pela aprovação da CoronaVac.
Porém, a área de medicamentos salientou a necessidade de se monitorar incertezas observadas na análise dos estudos realizados pelo Instituto Butantan.
Na última segunda-feira (18), o Instituto Butantan entrou com o pedido de autorização para o uso emergencial de um novo lote da CoronaVac, que serão envasadas no Brasil pelo laboratório.
O segundo lote da CoronaVac será envasado em ampolas que permitem a aplicação de mais de uma dose por frasco. O Butantan informou que a autorização permitirá ao instituto prosseguir com a produção da vacina em seu laboratório, podendo produzir outros 35 milhões de doses.
Até o final de março o instituto espera disponibilizar 46 milhões de doses.
Impeachment cresce da direita à esquerda
Enquanto isso, não é mais apenas entre movimentos sociais progressistas que o apelo pelo impeachment do presidente Jair Bolsonaro vem crescendo.
Representantes da direita, como o Movimento Brasil Livre (MBL), assim como Vem Pra Rua e o ex-candidato a presidente da República em 2018 João Amoêdo (Novo), lançaram na quinta-feira (21) um abaixo-assinado pela abertura de processo de impeachment contra Jair Bolsonaro. O documento já contava com cerca de 85 mil adesões.
A pressão de aliados de Bolsonaro de primeira hora reflete o crescimento do descontentamento geral com o chefe do Executivo.
De acordo com pesquisa revista Exame/Instituto Ideia divulgada na sexta-feira (22), a aprovação da atuação de Bolsonaro como presidente despencou de 37% para 26% em apenas uma semana.
Trata-se da maior queda semanal desde o início do governo, voltando ao nível de junho de 2020, auge da pandemia de coronavírus.
A desaprovação ao presidente subiu de 37% para 45%. A avaliação do governo é quase idêntica: o percentual dos que o desaprovam subiu de 34% para 45%.
A queda coincide com a crise de Manaus e as incertezas sobre a vacina contra a covid-19. O estudo foi realizado por telefone, em todas as regiões do país, entre 18 e 21 de janeiro.
Ainda de acordo com um deputado filiado “a um partido do centrão”, que não quis se identificar, afirmou que o impeachment está se disseminando em mensagens trocadas por parlamentares da direita à esquerda.
“Antes era uma abstração”, disse o deputado. “Agora entrou no plano concreto das cogitações. Estou em grupos de colegas de todos os espectros ideológicos. Comenta-se impeachment agora sem constrangimento.”
No abaixo-assinado pelo impeachment, os movimentos direitistas afirmam que o país está “diante de uma situação inaceitável, em que o presidente da República desrespeita a Constituição, comete crimes de responsabilidade, coloca em risco o Estado Democrático de Direito e, infelizmente, a vida de milhares de brasileiros”.
O documento acrescenta: “Mas existe um remédio para esse quadro e está previsto em Lei. É o impeachment do presidente da República”. As condições jurídicas “foram fornecidas pelas ações irresponsáveis do presidente Jair Bolsonaro”, avaliam MBL e aliados.
Digno de prisão
Em rede social, o general da reserva Ridauto Lucio Fernandes, nomeado nessa quinta-feira para assessorar o departamento de logística do Ministério da Saúde, é franco defensor de medidas extremas.
Em abril do ano passado, primeiro auge da pandemia de Covid19, o colega de Pazuello defendeu o estado de sítio, estado de defesa e intervenção federal.
Escreveu ele (pasmem):
“São ferramentas democráticas que dão poderes ao Presidente da República, supervisionado pelo Legislativo, para agir.”
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*Rafael Jasovich é jornalista e advogado, membro da Anistia Internacional