Só as ruas derrubam Temer
Marcelo Procopio*
Até ontem (nove de junho) antes do resultado final do julgamento no TSE, grande parte da esquerda e a parte da direita que agora ‘odeia’ também o presidente ilegítimo, torcia, como numa partida de futebol, pela condenação da chapa Dilma-Temer. Depois ficaram indignados com “ínclito” (sic) Gilmar Mendes, aquele que se contradiz para um lado ou outro, dependendo das conveniências. E não sem antes aplaudirem o relator Hermam Benjamim com seu voto e voz empostada e em tom jurídico, quando na verdade estava condenando mais uma vez a ex-presidente.

A chapa foi absolvida num julgamento político e não jurídico, de crimes de Caixa 2, de responsabilidade, em processo pedido pelo então presidente do PSDB, o indesejável e emparedado Aécio Neves, que logo em seguida disse que seu ato foi apenas “para encher o saco” do PT. E pediu que Gilmar retirasse o processo, o que já não era mais possível.
Esses dois parágrafos acima são apenas para falar dos fatos recém-acontecidos. Quando houve uma grande frustração noturna na sexta, que prossegue neste sábado. E seguirá.
Veja bem, cassar a chapa em conjunto e não em separado e condenar mais uma vez Dilma Rousseff, para tirar Temer da Presidência não é fazer justiça. Não é justo. Ela não cometeu delitos, nem pedaladas, assim não houve crime de responsabilidade. E nem há denúncias e se há delações ninguém prova.
Ela não foi delatada por empresários e políticos presos pela Lava Jato, que falam qualquer coisa contra qualquer um, para sair da prisão. Porque não há o que falar da sua idoneidade. Mas se Dilma ainda fosse presidente, fatalmente a chapa seria condenada.
Michel Temer sim, tem dezenas de denúncias contra e desde pelo menos 2009, quando deputado. Está ligado a quadrilhas de corruptos e corruptores (quem é um, é outro também, os agora chamados propineiros).
Tanto que o PGR vai entrar com novas e graves denúncias no STF contra o presidente usurpador. Tanto que a Lava Jato trabalha com novos e velhos delitos. Tanto que o MPF continua a investiga-lo e continua achando indícios e provas, e enviou mais de 80 questões a Temer, que decidiu não responder por ter-se sentido ofendido.
Ora, um acusado de crimes, quando é denunciado ou indiciado ou prova sua inocência ou confessa. Temer se permitiu ao silêncio. E a nação indignou-se mais uma vez.
Brigam Espanha e Holanda
pelos direitos do Mar
– Leila Diniz
Atolado do pescoço até o cóccix (até um pouco mais abaixo) em todos esses atos e manipulações, está o grande capital e seus interesses empresariais – não importando se penaliza o trabalhador; e também a grande mídia defendendo os mesmos interesses de formas diferentes.
Repetindo. Brigam São Paulo e o Rio de Janeiro por caminhos tortuosos e não democráticos, mas com os mesmos objetivos: manter no poder em Brasília um homem que fará o que eles querem. Um subserviente.
Daí as diferenças de posturas nas linhas editorias, das organizações Globo – tvs, jornal e rádios, e Estadão de São Paulo e Folha de S. Paulo.
Globo quer a queda de Temer não por seus crimes. Usa seus espaços e comentaristas (como mudaram de opiniões esses tralhas conservadores) para fazer gato e sapato do presidente golpista. Objetivo: forçar sua renúncia ou forçar sua condenação nas instâncias da Justiça. E torná-lo impedido.
Pra quê? Para, por eleição indireta, colocar no Palácio do Planalto alguém que vai dar continuidade às reformas que tiram direitos dos brasileiros – não só dos trabalhadores, os principais atingidos, do povo inteiro. Por exemplo: Henrique Meirelles ou Carmem Lúcia: dois perigosos conservadores bem aceitos pelo “mercado”.
Já Estadão e Folha fazem de tudo para manter Temer, sabendo que com o Congresso que temos, aprovará fácil, as reformas. A trabalhista e a previdenciária, embora esta seja mais difícil pelas eleições de 2018. E por uma eleição direta em 2018, na certeza – deles lá – que o povo elegeria uma chapa PSDB-PMDB, igualmente comprometida com o grande capital.
Esta praga criada pelo grande capital, que tem apoio da maioria dos médios, pequenos e micros empresários, na expectativa de que assim o “mercado” poderá voltar a fazer a economia crescer em troca da queda dos direitos dos trabalhadores, que viram sua vida mudar para melhor, e muito, a partir dos anos 0 (zero) do sec 21. E agora o risco é serem riscados.
O que já é sabido. Esta velha mídia que tem poder influenciador está apenas em São Paulo e Rio, No resto do país é apenas coadjuvante. Ela acredita que tem tanto poder como o “mercado”. E tem. Infelizmente. São “sócios”.
A saída: a praça é do povo
Se as denúncias contra Temer continuarão a cair em seu colo, cada vez mais enfraquecerá o já encurralado presidente. Mas o Congresso e a Justiça não parecem muito dispostos a levar adiante sua queda. Permanecerá paralisado também o país. Não sonhem com crescimento, muito menos com democracia ampla. Esta de tão enfraquecida, já caminha de novo para um só abismo de decisões de e para os poderosos de sempre.
Saída: o povo decidir mesmo ir para as ruas. Lotar com dezenas, centenas de milhares Brasil afora. De modo que seja impossível não reconhecer a pressão e o anseio popular.
Só isso pode levar Temer a renunciar ou num julgamento ser condenado e impedido de continuar no seu cargo, tomado ilegalmente da presidente eleita.
Nos resta torcer para que esse envolvimento popular alcance tal amplitude.
É para o país retomar sua democracia de fato. Assim seja.
*Marcelo Procopio é jornalista, editor de O Cometa
O bom da democracia é o voto, este um dia tem de ser posto na urna e é já em 2018.
Pena que ainda não adotamos o parlamentarismo, pois sendo este o sistema já teríamos votado em um(a) novo(a) primeiro(a) ministro(a).