Flamengo sobra no futebol brasileiro que se torna cada vez mais polarizado, como o europeu e a política nacional

Luiz Linhares*

Não posso deixar de registrar aqui a minha insatisfação com os rumos que está tomando o futebol brasileiro. Hoje temos o Flamengo sobrando no Campeonato Brasileiro e que chega a tão final estimada Taça Libertadores das Américas. E o que mais vemos despontando nesse que já foi o melhor futebol do mundo?

O Flamengo só não tem condições de repetir o feito alcançado pelo Cruzeiro, em 2003, quando sob o comando de Vanderlei Luxemburgo conquistou a Tríplice Coroa, pela perda da Copa do Brasil que, também de forma merecida, ficou com o Athetico do Paraná.

O Flamengo abocanhou o Campeonato Regional do Rio de Janeiro e chega com forças para disputar com o River Plate, da Argentina, o título de campeão das Américas. E, no Brasileiro, já se encontra com uma mão na taça – e sobrando literalmente.

O mundo com suas tecnologias e inovações vão mudando de forma bem rápida e não é diferente no futebol. Aquela paixão de suor extremo vai perdendo força e o que acompanhamos hoje é a transformação, quando nosso futebol vai tomando cara de europeu. Hoje temos a força do Flamengo e do Palmeiras – e quase mais nenhum outro time.

É a era do superpoder econômico e financeiro. Quem tiver força de torcida unida e com bons patrocinadores com as burras fartas de dinheiro se dará bem – e irá disputar quase todos os títulos. Aos demais clubes o que resta é participar como coadjuvantes.

Na Espanha brigam Barcelona e Real Madrid pelo ápice, vez ou outra chega o Atlético de Madrid. Na Itália a hegemonia é da Juventus e Internazionale. Em Portugal disputam Benfica e Porto e hora ou outra o Sporting.

É a força do poder financeiro. É essa a receita do Flamengo para ter quase 96% por cento de aproveitamento no campeonato Brasileiro, tendo investido mais de R$ 200 milhões em contratações. É certo que quem pode faz, com muito dinheiro.

Sonolento, Atlético perde para o São Paulo. Se classificar para a Sul-Americana, se tanto, está de bom tamanho

Sem inspiração, Otero até se esforçou, mas Atlético foi dominado durante toda partida pelo São Paulo (Foto: Bruno Cantini/Atlético). 

A partida de domingo (27) do Atlético contra o São Paulo, no Morumbi, foi uma caricatura sonolento, medroso e sem grandes inspirações. O treinador atleticano Wagner Mancini destacou que faltou intensidade ao time. Foi só isso? Sinto então dizer que ele desaprendeu muito de futebol, de analisar e interpretar o jogo.

Disse o técnico que o Galo mostrou qualidade e criou para merecer algo melhor. De duas uma: ou eu estou por fora e não entendo nada de futebol ou o Wagner Mancini precisa urgentemente voltar ao oculista e reaprender os fundamentos do futebol.

O Atlético foi apático, sonolento, desinteressado e pobre em criação. Se for verdade que se defendeu bem no primeiro tempo, também é verdade que falhou feio nos 12 primeiros minutos do segundo tempo, quando o time cedeu espaços e deu liberdade para o adversário criar dentro de sua área. E o São Paulo, melhor em campo durante toda a partida, aproveitou fazendo dois gols.

O ano em si já é de fim de linha para o Atlético. Resta segurar o pé para buscar os pontos que vão deixar o time nesta divisão principal. Não tem como querer mais que isto. Se classificar para uma Sul-americana para o próximo ano já está de bom tamanho. Fora isto é pura paixão.

Cruzeiro empata em casa e perde chance de sair do grupo dos quatro piores do Brasileiro

Cruzeiro perde o foco e só empata em casa contra o Fortaleza (Foto: Bruno Haddad/Cruzeiro)

O atleticano é que sempre disse que para eles tudo tem que ser mais sofrido e difícil. Os ventos estão mudando o curso e hoje já se pode cravar esse aforismo também aos cruzeirenses.

Na partida de sábado (26), tudo parecia armado para uma reação em casa, nos braços do torcedor. Vencer o Fortaleza, tirar um sarro do Rogerio Ceni e por conta disso pular para a décima quinta posição da tabela seria um grande alívio, podendo até almejar novas alegrias pelo que virá pela frente.

Pena que na combinação não incluíram o adversário e o time em si. Foi uma batalha dura, de superação do time nordestino, Já pelo Cruzeiro, mais uma vez, vi uma força a mais em busca de encontrar o equilíbrio e a estabilidade necessária.

Não posso dizer que o Cruzeiro foi mal na partida. Foi bem dentro daquilo que o todo pode dar, um time oscilante e ansioso. Criou muito e na própria vontade de acertar e de fazer o gol falhou novamente na definição.

O gol veio chorado já quase no final, comemorado como um título. Pena que a euforia cruzeirense durou apenas dois minutos. Logo em seguida voltou a falhar individualmente e coletivamente. Levou o gol de empate e lá se foram as condições ideias para embalar uma noite de sábado, dando alegria ao seu torcedor.

Volta a pressão, com o time azul voltando a figurar entre os quatro piores do Brasileiro. Vencer no Rio de Janeiro passa a ser obrigação, se é que ainda quer ver a luz no fim do túnel que não seja de uma locomotiva desembestada, desenfreada.

O que não se pode mais adiar é a reação, pois não haverá mais tempo. E nem falhar como time mediano. Mas ao que parece, ainda algo de bom pode vir a acontecer. Fica a torcida.

Só o América salva o futebol mineiro e está quase de volta à primeira divisão

O América empatou em Goiânia no confronto direto com o Atlético local, isso depois de estar perdendo por 2 a zero. Foi assim um bom resultado, quando faltam sete partidas para traçar o caminho de volta à divisão principal do nosso futebol.

Serão quatro partidas em casa e três fora. Já é o quinto colocado. E pelas previsões, tudo indica que podemos ter mais uma vez a festa do acesso.

O Coelho vem correspondendo e está muito bem armado. Sabe jogar com a adversidade e conta com confiança para jogar a favor.

Em casa, no fim desta semana contra a Ponte Preta, de Campinas, mais um capítulo será escrito. Será decisivo para que este sucesso, tão merecido, aconteça.

*Luiz Linhares é diretor de Esportes da rádio Itabira-AM

 

 

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