Trabalhadores, professores e estudantes protestam em Itabira contra reformas do governo Bolsonaro
Não foi dessa vez que ocorreu uma greve-geral no país, como pretendeu fazer as principais centrais sindicais, convocada para esta sexta-feira (14). Mas o que se observou foi um movimento unificado que repercutiu nas grandes cidades.
O objetivo foi alertar a população sobre os prejuízos que os trabalhadores, e a classe média, terão com a reforma da Previdência proposta pelo governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL).
A cidade de São Paulo, como sempre ocorre nesse tipo de movimento, obteve maior adesão à greve, com paralisação de parte significativa dos metroviários, principalmente.
Em Belo Horizonte nenhuma linha do metrô funcionou hoje pela manhã, enquanto em Salvador e Brasília o movimento paredista foi maior entre motoristas e trocadores de linhas de ônibus.
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Em outras cidades do país predominaram manifestações de protestos também pelos cortes na educação. Piquetes ocorreram nas rodovias e nas saídas de ônibus nas rodoviárias da maioria das capitais brasileiras.
Em cidades menores, como em Itabira, o movimento grevista não afetou a produção de minério da Vale, assim como passou longe dos demais setores produtivos.
Entretanto, o movimento paredista obteve adesão de parte dos professores, servidores e alunos da Unifei, como também das escolas estaduais.
Pela manhã, uma passeata saiu da rodoviária e seguiu pela avenida João Pinheiro até a praça Acrísio de Alvarenga, no centro da cidade.
A manifestação de hoje foi menor que a ocorrida em 15 de maio, mas mesmo assim reuniu algumas centenas de pessoas.
“Tem mais professores universitários aqui do que estudantes na manifestação, o que é raro de acontecer. Alguns professores da Unifei furaram a greve e marcaram provas para hoje com o intuito de esvaziar a manifestação”, criticou um estudante da universidade.
Protestos
Para a sindicalista Vanderléia de Freitas, coordenadora do Sindicato Único dos Trabalhadores no Ensino (SindUte/Itabira), o país vive momentos sombrios em sua história.
“A reforma da previdência irá impactar na vida de toda sociedade, pois vai gerar mais miséria num país de miseráveis, colocados à margem da sociedade. É uma reforma cruel com impactos profundos na vida de trabalhadores do campo e da cidade”, classificou a sindicalista.
Ela disse ainda que a reforma é elitista por não retirar privilégios de oficiais das forças armadas, de juízes e políticos. “A reforma neoliberal de Bolsonaro é contra o povo e a favor dos banqueiros”, acrescentou. “Esse governo não tem propostas para gerar empregos. É por isso também que estamos aqui protestando.”
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O professor Leonardo Reis, da Unifei, ativista do Comitê Popular dos Atingidos pela Mineração em Itabira e na Região, salientou que com o povo nas ruas é possível “derrotar a reforma do ministro Paulo Guedes (Economia), assim como derrotamos a reforma da Previdência do ex-presidente Michel Temer”.
Para o professor universitário, a rua e as praças são locais para o povo exercer a sua cidadania e fazer política na forma de protestos generalizados, que são capazes de derrotar as propostas reformistas neoliberais do governo.
“Bolsonaro e seu governo querem acabar com as ciências brasileiras e entregar as nossas riquezas minerais para potências estrangeiras”, denunciou o ativista.
Ele observou que, com o marketing do governo em favor da reforma previdenciária, a mentira repetida várias vezes, assim como ocorria na Alemanha nazista, acaba virando verdade.
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“A reforma é uma falácia. Não é retirando direitos sociais que será melhorada as condições de vida do brasileiro. O que estamos vendo é a precarização da vida do povo. É um crime que está para ser praticado contra a economia popular para beneficiar banqueiros e grandes empresários.”
Sem citar explicitamente a analogia, o ativista comparou a proposta de cortes de verba das universidade com o bode preso na cozinha, quando o que se quer é deixá-lo solto no quintal sem que ninguém reclame.
“Primeiro o governo anunciou que iria cortar 30% da verba da educação. Agora diz que irá cortar 10%, quando na verdade era esse o objetivo desde o início. Desse modo, fica parecendo que está fazendo uma concessão para tornar o corte mais palatável”, afirmou, para em seguida acrescentar:
“Só que mesmo esse corte de 10% irá fazer um estrago muito grande. Corremos risco de não ter nem mesmo papel higiênico nos banheiros de nossas universidades.”
Golpe
A professora e socióloga Tuani Guimarães, ativista do comitê Popular dos Atingidos pela Mineração, lembrou os estragos que reforma trabalhista do ex-presidente Michel Temer causou aos trabalhadores.
“Todas essas reformas são para agradar banqueiros, não são para beneficiar o trabalhador que produz toda riqueza do país. Se produzimos temos direito a uma vida digna, com saúde, educação e moradia de qualidade”, disse ela, lembrando que os cortes na educação atingem também o ensino fundamental.
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“Se a reforma for aprovada, vamos ter que trabalhar até morrer”, frisou, lembrando que pela proposta do governo a mulher só irá se aposentar aos 62 anos e o homem após 65 anos.
“A reforma da previdência vai gerar um país de miseráveis, como já está acontecendo no Brasil”, disse ela.
“Educação não é mercadoria, é um direito constitucional”, discursou a professora no ato público.
Reforma cidadã
Já o vice-presidente do sindicato Metabase, Carlos “Cacá” Estevam Gonzaga, também lembrou que ao cortar direitos dos trabalhadores o governo mantém intocáveis os privilégios de militares e políticos.
“O que precisamos é de uma reforma cidadã, que corte privilégios dos ricos e não dos trabalhadores. O governo não fala em taxar as grandes fortunas, insiste em tirar direitos sociais que foram conquistados com muita luta”, acrescentou.
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“O nosso protesto nacional é por aqueles que não podem gritar, pois estão sob o jugo, a submissão frente aos interesses dos patrões, com medo de perder o emprego”, emendou.
“Esse governo traiu o povo que votou nele. Bolsonaro quer que o Brasil volte a ser um país de analfabetos, um país de mão de obra barata.”
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Servidores Públicos Municipais de Itabira (Sintsepmi) Auro Gonzaga, disse que a reforma da Previdência e os cortes na educação fazem parte de uma estratégia de precarização do trabalho.
“Não se fala em tirar privilégios de quem ganha muito, mas de quem trabalha. Já tiraram direitos trabalhistas, agora querem acabar com o direito à aposentadoria. A reforma que precisamos tem que começar tirando esses políticos corruptos do poder. Mas essa reforma só o povo pode fazer.”