Semana da Árvore é celebrada com plantio de mudas pelo programa Itabira Mais Verde, que quer tirar a cidade do mapa das menos arborizadas do país

Alameda no Parque Natural Municipal do Intelecto, uma unidade de conservação no coração da cidade, que dispõe de poucas áreas verdes

Fotos: Carlos Cruz

Com mais de 600 mudas sendo plantadas, a Semana da Árvore 2025 marca um avanço necessário, mas ainda tímido diante do histórico de degradação ambiental e da urgência climática que exige mais do que boas intenções

A Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Proteção Animal (Semapa) vem realizando desde o dia 13 de setembro a programação da Semana da Árvore 2025, com o tema “Itabira Verde e Resiliente”, que se estende até o dia 28 de setembro, tendo como marco simbólico o Dia da Árvore, celebrado em 21 de setembro.

A proposta é envolver a comunidade em ações que valorizem a arborização urbana e a conservação das Unidades de Conservação, com atividades como plantio de mudas nativas, oficinas de educação ambiental, trilhas ecológicas e palestras.

Durante reunião do Codema realizada na sexta-feira (12), a secretária Elaine Mendes, que também preside o conselho, destacou a urgência do momento, reforçando o convite à população para participar das atividades da Semana da Árvore – e acompanhar a elaboração e execução do plano de arborização urbana Itabira Mais Verde.

“Estamos postando em tempo real todas as etapas da elaboração do plano no portal do Meio Ambiente. Se tiverem dúvidas, acessem, fiquem à vontade”, convidou a secretária, dirigindo-se aos conselheiros do órgão ambiental municipal.

Segundo a secretária, os dois primeiros plantios pelo programa foram realizados em bairros com maior vulnerabilidade ambiental e carência de cobertura vegetal, identificados por estudos técnicos.

Mobilização e participação

Elaine Mendes, secretária municipal de Meio Ambiente: “o sucesso do plantio de árvores em Itabira depende diretamente do envolvimento da comunidade.”

Para envolver a comunidade, foram realizadas reuniões nas associações de bairro, como meio de incentivar a participação coletiva. “Sabemos que, sozinhos, não conseguimos transformar a realidade. Podemos até plantar as árvores, mas é com o envolvimento da população que elas realmente crescem e florescem.”

A secretária reconhece que o número de participantes ainda está abaixo do esperado. Entretanto, ela acredita no poder de multiplicação dos que já estão engajados. “A população precisa abraçar esse movimento. Mais do que um convite, é um chamado à corresponsabilidade, pois só juntos podemos fazer a diferença.”

Mas plantar é só o começo. A ideia é que cada cidadão se torne guardião das mudas plantadas. O sucesso do programa Itabira Mais Verde depende de um compromisso que vai além do ato simbólico de plantar mudas no solo.

É preciso cuidado contínuo, monitoramento técnico e, sobretudo, participação efetiva da população na preservação das árvores plantadas, para que elas cresçam, se desenvolvam e cumpram seu papel ambiental.

Fracasso do passado

Sem o envolvimento participativo da comunidade, há o risco de repetir erros do passado, quando projetos de arborização fracassaram por falta de diálogo, planejamento e manutenção.

Um exemplo histórico é o projeto Verde Novo, lançado pela mineradora Vale em resposta às ações civis públicas instauradas em 1985, que denunciavam a degradação paisagística da Serra do Esmeril, após o corte de todo o maciço de árvores nativas para abertura das Minas do Meio.

Além do desmatamento, as ações também tratam do lançamento de grandes volumes de poeira sobre a cidade, agravando os impactos à saúde pública e à qualidade ambiental.

O projeto previa o plantio de 1 milhão de árvores na cidade, mas sem participação popular, não prosperou. É assim que a Vale, principal agente poluidor na cidade, precisa também participar desse programa de arborização intensiva na cidade, dentro do princípio do poluidor-pagador. A cidade não pode arcar sozinha com os custos da recuperação desses impactos ambientais.

Afinal, esses passivos ambientais seguem sem medidas corretivas ou compensatórias satisfatórias. Como se sabe, a arborização urbana, especialmente em cidades mineradas como Itabira, ajuda a reduzir a poeira em suspensão, melhorar a qualidade do ar, traz ganhos à saúde da população, ameniza as temperaturas extremas e contribuir para o sequestro de carbono, essencial no enfrentamento das mudanças climáticas.

Itabira respira pouco verde

Segundo o IBGE, apenas 25,2% das vias públicas urbanas de Itabira possuem arborização, o que coloca o município na 4.980ª posição entre os 5.570 do país. No ranking estadual, está em 752º lugar entre 853 cidades mineiras.

É assim que o programa Itabira Mais Verde surge como resposta a esse cenário, mas precisa ir além do simbolismo e das boas intenções.

Segundo o Índice Mineiro de Vulnerabilidade Climática (2024), Itabira apresenta alta exposição aos efeitos das mudanças climáticas, como estiagens prolongadas, chuvas intensas e aumento de temperatura.

O índice é elaborado pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. Avalia os municípios com base em sensibilidade, exposição e capacidade de adaptação. E Itabira está entre os mais vulneráveis.

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