O passado e o futuro na educação municipal em Itabira: Cornélio Penna presente
Fotos: Divulgação
Por Cristina Silveira
Um acontecimento na cidade
O mundo está em guerra e não começou em 24 de fevereiro de 2022 com a Operação Militar Especial da Federação Russa em defesa das “Crianças de Donbass” na Ucrânia.
Há décadas o Ocidente coletivo mata de fome milhares de pessoas, promoveu uma crise ecológica sem precedentes na história da humanidade e faz a guerra em territórios de outros povos.
É a bestialidade do neocapitalismo ou “A máquina que apaga o tempo e a memória” (título de uma conferência do filósofo Luiz Alberto Oliveira).
Palestina. Síria. Iraque. Região do Sahel (Burkina Fasso, Mali, Níger). Iêmen. Etiópia. Sudão do Sul. Nigéria. Quênia. Somália. Chifre da África. Congo. Haiti. Mianmar. Líbia. Armênia. Sérvia. Kosovo…
Todos nós estamos vendo a destruição da Terra. A derrota incomparável, não a de Itabira, mas a do planeta.
O significante dessa barbárie em mim é o rompimento da perspectiva de futuro para a humanidade.
Cornélio nas escolas
Esses acabrunhamentos diários às vezes são relativizados por uma notícia boa, bela, como a mensagem que recebi, no dia 3 de outubro, de Solange Alvarenga, diretora do Memorial Carlos Drummond de Andrade.
Recebi um álbum de fotografias com magníficos trabalhos de arte das crianças das Escolas Municipais Antonio Camilo Alvim e Antonina Moreira.
Uma galeria de arte com reproduções e interpretações da obra excepcional de Cornélio Penna. Inspiradas, as crianças trabalharam “em conjunto na fiação do sentimento brasileiro”, do sentimento itabirano. Lindo! Lindo! Lindo!
Criação
As professoras do município de Itabira, inteligentes e argutas, cientes da dificuldade que as crianças teriam na leitura dos romances de Cornélio Penna, fizeram o levante e ocuparam o ateliê do artista plástico Cornélio Penna.
O grande acontecimento: corpos e espíritos interagiram com os fantasmas de Cornélio Penna para engrandecer Itabira. Exitosas!
Cornélio Penna não escreveu para crianças, mas em 1936 participou do I Ciclo de Conferências sobre Literatura Infantil, promovido pelo MEC (Gustavo Capanema e Carlos Drummond de Andrade).
Sobre o Ciclo de Conferências, Cornélio publicou o artigo “Ilustrar, isto é, iluminar um livro”, do qual destaco um parágrafo:
“Os homens perderam a fé porque estão desaprendendo de amar o que é amável. Afastemos de nós as ilusões secas e triste da Era Maquinista e desprezamos a criação da simples e econômica escala humana”.
E mais adiante: “O iluminista faz surgir do texto a luz, o brilho, a beleza visual. É uma iniciação, um convite à vida”.
Nós, da Vila de Utopia, ficamos felizes e agradecidos pelo trabalho dos estudantes da rede municipal de ensino que, com inteligência, criatividade e sensibilidade recriaram a arte magnífica de Cornélio Penna.
Leia também:
A arca literária de Cornélio Penna e de Itabira
Bom trabalho: dos(as) alunos(as), do(as) educadores(as) e da Cristina!
Oi Fernando. Estou na UERJ e mostrei pro professor de artes, Ricardo Tam Lessa, as obras da crianças de Itabira e me disse ele ser genial, inteligente. E tem muito mais…
Muito boa a interlocução, do texto, o poema As crianças de Donbáss assassinadas em sala de aula pelo narcofuher Zelenski, com a beleza da obra artística das crianças de Itabira ou as crianças do Cornélio.