Poeira e queimadas agravam a qualidade do ar e as doenças respiratórias em Itabira
Com a umidade do ar em 23%, temperatura oscilando entre 19° e 34°, segundo o Clima Tempo, com previsão de apenas seis milímetros de chuva, o clima em Itabira e na região está carregado de fumaça, resultado das indefectíveis queimadas e incêndios florestais.
Some-se, ainda, a poeira de minério que sopra sobre a cidade, vinda nas minas da Vale, tornando o ar ainda mais carregado e irrespirável. A mineradora diz adotar as medidas cabíveis para reduzir a emissão de particulados (leia abaixo), mas é perceptível o avanço da poeira sobre a cidade.
A poeira tem chegado à cidade também carregada de fuligem das queimadas que castigam florestas da própria mineradora e as pastagens ao redor da cidade, e em quase toda a zona rural.
A previsão do Instituto Nacional de Meteorologia é de permanência da forte onda de calor até sexta-feira (9), com temperatura de 5ºC acima da média para o período do ano. Em decorrência foi emitido aviso de alerta, dado o grau de severidade, com sérios riscos à saúde.
Com a falta de água em muitos bairros, segundo o Saae por problemas na manutenção já resolvidos, a população sofre ainda mais com esses agravos em tempos de pandemia.
Queimadas
Procurado pela reportagem para apresentar um balanço da situação das queimadas em Itabira nos últimos dias, o tenente Marlon Pinho Medeiros Aguiar, comandante do Corpo de Bombeiros Militar, não foi encontrado por se encontrar em uma frente de combate a incêndio.
Mas segundo ele informou na Câmara de Vereadores, na reunião de terça-feira (29), a situação em Itabira neste ano não é pior do que se verificou no ano passado, mas disse que mesmo assim é preocupante.
Segundo ele, o destacamento do Corpo de Bombeiros tem se defrontado com uma série de queimadas e incêndios florestais simultâneos. “Como não temos como atender vários lugares ao mesmo tempo, priorizamos o combate ao incêndio que possa colocar em risco a vida das pessoas”, disse ele.
No balanço que fez na Câmara Municipal, Medeiros contou que não raro o destacamento tem de atender três, quatro incêndios simultâneos na cidade. Até o final de setembro, havia atendido a 89 ocorrências.
Mas o número de incêndios já é maior – e nem todos os focos foram debelados pelos bombeiros, só extinguindo quando não havia mais nada para ser queimado.
Dsde 2018, os bombeiros de Itabira fizeram 456 atendimentos. “Infelizmente, em nossa região, Itabira tem sido a campeã em queimadas e incêndios florestais”, classificou o comandante. Para ele, a grande maioria dos incêndios é criminosa. Leia também aqui.
Vale diz adotar as medidas cabíveis para diminuir a geração de poeira em suas minas
As consequências das queimadas juntamente com a poeira de minério são as sujeiras e o ar irrespirável, agravando as doenças respiratórias (rinite, sinusite, faringite, bronquite, asma).
Os índices de poeira, monitorados pela própria mineradora e divulgados de hora em hora para a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, que não se sabe porque, não os torna público em tempo real, se mantém dentro dos parâmetros legais.
Isso mesmo em relação à legislação municipal, que tornou os parâmetros mais restritivos em relação à deliberação do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), que é mais flexível.
Procurada por este site para apresentar as ações e medidas que visam diminuir a poeira, por meio de sua assessoria de imprensa a Vale assegurou que tem feito, rotineiramente, em suas operações, atividades de controle, a exemplo da “aspersão de água nas frentes de lavras ativas, nas vias das minas e nas pilhas de homogeneização e de produtos”.
Disse ainda que, como parte dessas ações, mantém o controle de velocidade dos veículos nas estradas de acesso às minas, além de revegetar os taludes e as áreas expostas para minimizar a produção de poeira.
Partículas respiráveis
Informa também que a empresa está realizando “as adequações para iniciar monitoramento de Partículas Respiráveis (PM-2,5), conforme prazo acordado com o Ministério Público”. Leia mais aqui e aqui.
E que, após a finalização dessas adequações, o novo parâmetro será monitorado e encaminhado automaticamente, também de hora em hora, simultaneamente para a própria Vale, Secretaria Municipal de Meio Ambiente e à Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam).
Atualmente, a empresa monitora em Itabira as partículas totais em suspensão (PTS) e as inaláveis (PM-10), por meio de uma Rede Automática de Monitoramento da Qualidade do Ar.
Essa rede é composta por cinco estações. Quatro delas monitoram qualidade do ar e a outra é meteorológica. “Os seus dados são consolidados conforme estabelece a resolução Conama 491/2018.”
As estações estão instaladas nas seguintes localidades: EAMA11 – Chacrinha/Pará; EAMA21 – Praça do Areão; EAMA31 – João XXIII; EAMA41 – Escola PREMEN; EM11 – Alto dos Pinheiros (Meteorologia).