Itabiruçu hoje já está mais segura que em março, diz Rodrigo Chaves, gerente-geral da Vale em Itabira
Aumentou em Itabira o receio quanto à segurança da barragem do Itabiruçu desde que a Vale, por iniciativa própria e depois de ouvir especialistas em geotécnia, anunciou a paralisação das obras de alteamento, na noite do dia 27 de julho (sábado). Foi o bastante para assustar ainda mais os já assustados moradores dos bairros que ficam abaixo, na rota da lama em caso de colapso da estrutura.
A mineradora alega que a decisão foi tomada por cautela e prevenção, que não há o que se preocupar. Foi o que reafirmou o gerente executivo da Vale em Itabira, Rodrigo Chaves, em entrevista coletiva, nessa quarta-feira (14), no auditório do Centro de Educação Ambiental (CEA), no Parque do Intelecto.
A entrevista foi convocada para explicar como será realizado o treinamento simulado de rompimento de barragem, que acontece neste sábado, a partir de 15h, quando todas as sirenes instaladas na cidade serão acionadas – e a população terá de sair às pressas de onde estiver e correr para os pontos de encontros considerados seguros, como se de fato teria rompido uma das 15 barragens existentes na cidade.
“Estamos sendo mais cuidadosos e detalhistas. Não há risco na barragem Itabiruçu. Não há necessidade de emergência e nem de evacuação. Estamos tranquilos e todos os consultores nos passam essa mesma tranquilidade”, assegurou Rodrigo Chaves.
Segundo ele, as rachaduras que apareceram no novo maciço, que está sendo erguido à montante da antiga estrutura de barramento, “são abatimentos diferenciais, algo que é esperado em uma obra de terra”, explicou o gerente geral da Vale em Itabira.
”A estrutura comporta esse peso (da terra compactada) e faz os abatimentos diferenciais. A barragem de Itabiruçu hoje está mais segura que em março, quando as obras tiveram início.”
No entanto, a empresa de auditoria independente, Aecom Engenharia, contratada pela Vale por indicação do Ministério Público, recomendou que fosse mantida a paralisação da obra até que se chegue a uma conclusão técnica, e consensual, do que teria provocado as trincas.
“Por enquanto, as obras (do alteamento) devem permanecer paralisadas, menos as de manutenção e reforço das estruturas”, foi o que informou a promotora Giuliana Fonoff, em reunião na Câmara Municipal.
O licenciamento ambiental para as obras de alteamento da barragem foi concedido, em 30 de outubro de 2018, pelo Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam), depois de receber parecer favorável da Superintendência de Projetos Prioritários (Supri). Leia aqui.
Com o alteamento, a capacidade de armazenamento de Itabiruçu salta dos atuais 130,7 milhões de metros cúbicos para 222,8 milhões de rejeitos de minério de ferro.
Pontal
Já na barragem do Pontal, o dique 2 é outro motivo de preocupação, principalmente dos moradores dos bairros Bela Vista e Nova Vista, como também Jardim das Oliveiras e Praia.
Isso tanto pelo fato de essa estrutura não ter tido declaração de estabilidade, que deveria ser concedida em março, mas também por ter havido antecedente de rupturas dessa estrutura, entre os dias 20 e 21 de abril de 2000. Leia aqui.
De acordo com relatório da Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam), a ruptura aconteceu no período chuvoso. “Ocorreu uma saturação do solo constituinte da encosta natural, ocasionando um escorregamento do talude remanescente, a jusante da estrada existente, cujo material atingiu o citado reservatório, causando a expulsão do volume d’água acumulada no local.”
Além disso, a empresa Aecom Engenharia, em documento encaminhado ao Ministério Público, chegou à conclusão, com técnica mais conservadora, de que se o dique 2 romper, “a água passa por cima da barragem do Pontal com onda de até sete metros.”
Auditorias
A promotora adiantou na reunião com os vereadores que a auditoria da Aecom Engenharia ainda não concluiu se essa onda de água, e não de rejeitos, ameaçaria a estrutura da barragem do Pontal, o que poderia provocar o seu rompimento.
“O dique tem de ser reforçado, mas com segurança. Se isso não for garantido, terão que ser removidos os moradores que vivem abaixo da barragem. terão de ser removidos. Mas o importante é que se façam os reforços, para que essa remoção não tenha de ocorrer”, afirmou Giuliana Fonoff.
Rodrigo Chaves garante que esse reforço já teve início, mas adiantou que não será concluído até o início do período chuvoso. ”Estamos terminando o estudo geotécnico. Parte do reforço estrutural já vinha sendo feito e está paralisado até que se termine esse estudo, que valide ou altere o projeto”, disse ele.
“Não há nenhuma alteração nos níveis de emergência do dique 2 (está no nível 1), está sob controle. Não é uma emergência, não há necessidade de evacuação e nem, de alarde”, assegurou.
“Posteriormente iremos reforçar todas as estruturas e apresentar uma definição de descomissionamento ou de descaracterização da barragem (Pontal). Vamos dar um passo de cada vez.”
Esta foto do lançamento de rejeito na barragem de Pontal é de quê ano ?
É possível saber?