Vale estuda viabilidade de explorar mina subterrânea de minério de ferro em Itabira

O projeto de exploração de minério de ferro por mina subterrânea vem sendo estudado há algum tempo, mas só agora chega ao conhecimento da redação deste site Vila de Utopia, por meio da Rádio Peão, que funciona desde a fundação da companhia, famosa por aumentar mas não inventar.

Segundo essa fonte, a mineradora Vale S.A já tem estudos, prospecções geológicas e até planejamento para dar início à exploração de recursos, que devem ser transformados em reservas, contidos em veios mais profundos no subsolo de Itabira.

Diz a fonte, na condição de anonimato: “Só se fala nisso na área de geologia da Vale em Itabira. Já estão estudando e planejando a possibilidade dessa operação, que é a extração de minério em larga escala por meio de galerias subterrâneas”, revela a fonte, como outra novidade.

Surrealismo ou realismo fantástico? Nada disso, pois há exemplos de minas subterrâneas de minério de ferro, exploradas em larga escala. Inclusive pela própria Vale, em Corumbá, Mato Grosso do Sul. Adquirida em 2009, da mina de Corumbá é extraído minério de ferro com alto teor de manganês pela subsidiária Mineração Corumbaense Reunida (MCR).

Outra histórica mina subterrânea de minério de ferro fica na Suécia, na cidade de Kiruna, ao norte do país. É explorada desde 1890 e está a 1.054 metros de profundidade, bem no subsolo da cidade.

Mineradora não confirma, mas também não desmente

Questionada por este site a respeito dos estudos de viabilidade para a abertura de mina subterrânea em Itabira, a mineradora não confirma mas também não desmente.

“Os estudos da Vale para aumento do aproveitamento das reservas indicadas estão em constante evolução. Esses estudos levam em consideração aspectos tecnológicos ambientais, legais e sociais. Após conclusão de viabilidade, os resultados serão submetidos ao processo de obtenção das licenças requeridas para a continuidade de qualquer empreendimento da empresa”, responde por meio de sua assessoria de imprensa.

E nada mais disse, embora muito mais tenha sido perguntado sobre os estudos e planejamento para a exploração de mina subterrânea em Itabira. E nada disse sobre a sua localização.

Como também não respondeu se esses estudos e prospecções foram informados à Agência Nacional de Mineração (ANM), por meio do Plano Integrado de Aproveitamento Econômico das Minas de Itabira, que ainda depende de aprovação pelo órgão regulador. Leia sobre esse plano econômico aqui.

Dúvidas

Consultado pela reportagem, um experiente geólogo, que nunca trabalhou para a Vale, mas que conhece bem as minas de Itabira, manteve-se cético em relação à uma possível exploração do veio de minério que vem do Cauê e submerge sobre a cidade.

E colocou a primeira objeção. “Do Cauê, com a cava cheia d’água, eventual lavra subterrânea, se existir minério de alto teor, seria a pior solução pela dificuldade de eliminar água das galerias”, avalia.

“Não tenho informação de que existe corpo de minério de alto teor mergulhando em direção à área residencial de Itabira e que possa ser objeto de lavra subterrânea. E nem sei se há concessão da Vale que pegue a cidade e tenha sido pesquisada por sondagem para obter portaria de lavra. Parece ser fantasia”, foi a ducha de água fria que ele jogou sobre a hipótese de a Vale extrair minério por meio de galerias subterrâneas abaixo da cidade.

Mas esse mesmo geólogo, em conversa posterior, fez ressalva ao seu ceticismo. “Se for recurso com percentual acima de 62%, com a commodity batendo a casa de US$ 160 a tonelada, nada é impossível para a Vale”, salienta.

Porém, para viabilizar economicamente a sua exploração, diz o geólogo, teria que ser um minério mais rico em ferro, o que ele considera difícil de se ter nessa condição no veio que imbrica no subsolo da cidade, vindo do Cauê e ou das Minas do Meio.

“Minério rico com teor acima de 60% e de origem supergênica por água meteórica, que dissolve o ferro da rocha mãe que é o itabirito duro profundo, se concentra na superfície. Está na crista dos morros em todo Quadrilátero Ferrífero, como o que era encontrado nas minas Cauê (já exaurida) e Conceição”, explica.

E continua: “Para que possa haver minério rico abaixo da cidade, precisa existir uma série de processos geológicos, que não estão publicados, de dobras e falhas que pudessem justificar tal concentração anômala em profundidade sem que ocorra na superfície.”

Com essa explicação, o experiente geólogo descartou a possibilidade de se ter recurso com alto teor ferrífero no subsolo da cidade de Itabira até próximo do centro histórico – e que justifique o alto investimento para a sua exploração.

Projeto Conceição

Abertura de mina subterrânea deve ocorrer no complexo Conceição, sem alcançar o subsolo abaixo da cidade (Foto: Google Earth). No destaque desta reportagem, o complexo minerador de Conceição, em Itabira – MG      (Foto: Esdras Vinicius)

Mas esse mesmo geólogo se lembrou de uma conversa que teve com um diretor da Vale. “Ele (o diretor) me disse que a Vale ainda tem uma reserva grande de hematita rica abaixo do itabirito duro na mina Conceição. Seria a inversão da geologia, não por uma falha geológica mas por um aborto da natureza.”

Bingo. Pois está justamente na mina Conceição a tão cobiçada hematita incrustrada em veio abaixo do itabirito compacto – e que demandaria a abertura de mina subterrânea para ser extraída em escala industrial. “Em Conceição seria mais fácil forçar a geologia. Quem sabe Deus existe e é itabirano, tendo invertido essa lógica geológica”, decifra o geólogo.

Segundo ele, nesse caso deve existir uma falha complexa que inverteu a posição do itabirito duro, rocha mãe embaixo e a lente de hematita de origem metassomática que deveria estar por cima. “Precisa ser uma lente de hematita tão grande que justifique alguns anos de lavra subterrânea”, observa.

Procurando se informar melhor, o geólogo manteve contato com um ex-profissional da área que trabalhou na Vale. E que confirma a existência de estudos para exploração por galerias subterrâneas, na mina Conceição, desse recurso de hematita.

“Ele (o profissional da área) me disse que existe mesmo esse projeto, mas que está fechado a sete chaves. Pode ser o ‘saco’ de uma falha geológica que inverteu as camadas e colocou embaixo do itabirito duro, possivelmente na mina Conceição, a mais complexa delas. É uma situação geológica inusitada. Pelo preço do minério, pode ser que compensa a abertura de lavra subterrânea.”

Segundo a informação desse profissional, a mina subterrânea não atingiria o subsolo abaixo da superfície da cidade de Itabira. “E se chegar próximo, não interfere na vida da população, que passaria a contar com mais algumas dezenas de anos de mineração”, procura tranquilizar.

“Quem sabe o seu site vai dar um grande furo nos subterrâneos da Vale”, brincou o geólogo, fazendo um trocadilho entre o jargão jornalístico, de se dar a notícia em primeira mão, com o linguajar da mineração, que também trabalha com furos para detonar as rochas de minério.

“Não é à toa que a cava de Conceição não está sendo preenchida com rejeitos e estéril, como ocorre nas Minas do Meio e no Cauê”, matou de vez a charada o experiente geólogo consultado por este site.

Estéril

No caso de ser mesmo de hematita o minério encontrado no subsolo de Conceição, abaixo do itabirito, certamente não será difícil para a Vale viabilizar a sua exploração por mina subterrânea.

“Praticamente não haverá remoção de estéril e as próprias galerias podem, após a exaustão, serem preenchidas com esse material. É o que fez a Anglo Gold em Sabará e Caeté, com o retorno desse material para as galerias exauridas para a exploração de ouro”, explica um engenheiro de minas ouvido pela reportagem.

“A Anglo chegou, inclusive, a tomar de “empréstimo” material estéril da própria Vale para preencher essas galerias exauridas”, conta o engenheiro.

No caso de Itabira, se a mina subterrânea de hematita for mesmo viabilizada, explica esse engenheiro, “o material estéril deve corresponder a pouco mais de um terço do que será removido para extração do minério.

“E pode voltar para as galerias na medida em que essas cavas vão se exaurindo, o que é também solução ambiental para a Vale”

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11 Comentários

  1. Trocando em miúdos; se tem a Vale vai faz e pega , isso se chama poder. A anos o povo já fala esse negócio que o solo de Itabira ainda tem muita coisa de interesse da Vale. Uma época disseram que do Pará até a rodoviária tinha era muita coisa e que iriam mandar todo mundo pros cantões pra liberar a área. Atrás do Ivipa já tem uma mina deixada pelos ingleses , porque a Vale num vai lá ver se os gringos deixaram alguma coisa . Eu só sei que seja Conceição ou Pará , daqui num saiu , háá me esqueci , estamos lidando com a poderosa . Bom se for mexer no Pará , nos vamos querer no outro lugar o mesmo nome e a réplica de tudo do bairro no novo local . Capim cheiroso , Bar do Helton , hotel Itabira, forró dos aposentados , pracinha dos bichos , bêco do calvário, Praça do Pará , Joaquim Cinédia e até os pé de cana . Já que somos simplis , o tróço vai se chamar condomínio Pará Dubai Vegas .

    1. Tem que ter o Milton barbeiro, pra gente saber das novidades, e tem que fazer outro “paparico “ quem é das antigas sabe o que eu tô falando, né não João Tobias

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