Vale diz que a cidade de Santa Maria de Itabira não está na ZAS, mas na ZSS em relação aos impactos e riscos da barragem de Santana

Segundo a Vale, o perímetro urbano de Santa Maria está a  6 quilômetros da extensão final da Zona de Autossalvamento (ZAS) das barragens de Itabira e que por isso está inserido na Zona de Segurança Secundária (ZSS). Isso mesmo com o rio Jirau cortando a cidade depois de ser represado na barragem de Santana, que fica a montante, a poucos quilômetros de distância

 Fotos: Carlos Cruz

Por meio de sua assessoria de imprensa, a Vale faz correções nas informações contidas na reportagem sobre o próximo simulado de emergência para o “autossalvamento”, no caso de ocorrer um hipotético rompimento de barragens localizadas no chamado eixo Norte, conforme divisão da mineradora, o que inclui a barragem de Santana. O simulado vai acontecer neste sábado (14), às 15h.

Leia abaixo os trechos que a empresa contesta e pede correções:

(…) As placas indicam para onde correr e abrigar-se em segurança, no caso de uma emergência, quando os moradores devem se deslocar para pontos de encontros previamente definidos, no salve-se quem puder caso ocorra uma “hipotética” ruptura da barragem de Santana.

Isso ocorre mesmo estando quase todo o perímetro urbano localizado na chamada Zona de Autossalvamento (ZAS). Daí que Santa Maria, assim como Itabira e as demais cidades mineradas que estão na rota da lama de rejeitos de minério, encontram-se sujeitas às restrições e vedações impostas pela Lei Federal 14.066/2020.
(…) Em coletiva de imprensa virtual, realizada na sexta-feira (7), o representante da Vale, Francisco Oliveira, confirmou que toda a cidade de Santa Maria se encontra na ZAS.

Correção: A cidade de Santa Maria de Itabira fica localizada a 6 quilômetros da extensão final da Zona de Autossalvamento (ZAS) das barragens de Itabira. Portanto, não está na ZAS de nenhuma estrutura. A Vale está implantando placas de sinalização de emergência em toda a Zona de Segurança Secundária, em acordo com as prefeituras e Defesas Civis municipais.

(…) Disse ainda que a instalação de placas na cidade está sendo discutida com a Defesa Civil do município vizinho, assim como deve ser programado, ainda sem data, um simulado de emergência com participação dos moradores da área urbana de Santa Maria. “Futuramente haverá também um simulado na cidade, que será programado pela Defesa Civil local”, assegurou o representante da Vale.

Correção: O representante não assegurou que haverá simulado na cidade. Disse que: “o simulado na cidade de Santa Maria de Itabira é uma ação a ser definida pela Defesa Civil em conjunto com a Vale”.

Legenda do print da foto do Teams: Na coletiva de imprensa virtual foi explicado como ocorrerá o primeiro simulado de autossalvamento em Itabira e Santa Maria, fora o perímetro urbano

Correção: Não foi informado que este seria o primeiro simulado. Em 21 de agosto de 2021 foi realizado simulado com a população, referente às mesmas barragens (Borrachudo, Borrachudo II, Alcindo Vieira, Dique Quinzinho, Dique Ipoema, Jirau, Piabas, Cemig I, Cemig II e Santana).

Correção: esta foto não é do Dique Ipoema e sim do Dique Quinzinho.

Nota da redação

É muito estranho, por critérios que não estão claros, que a cidade de Santa Maria de Itabira (perímetro urbano) não esteja na Zona de Autossalvamento para o caso hipotético de colapso com ruptura da barragem de Santana.

É que, ainda que hipotético, no caso de a barragem sofrer colapso, será um salve-se quem puder na vizinha cidade, que desde o início da década de 1970, teme pelo pior principalmente no período chuvoso, mantendo-se toda a população insegura em relação a essa estrutura, que está sendo reforçada,

Se a cidade de Santa Maria não está na ZAS, também não procede a informação de que sofre com as mesmas restrições e vedações da Lei Federal nº 14.066/2020, que proíbe obras públicas e particulares nas Zonas de Autossalvamento.

Fica também a indagação: se as placas de sinalização de pontos de fuga são importantes, por que só agora está sendo estudada a sua instalação no perímetro urbano? E se o treinamento para o autossalvamento é imprescindível, por que ainda não foi realizado com os moradores da vizinha cidade? Até então esse treinamento só ocorreu com a população rural de parte do município.

 

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