Poeira e queimadas assolam Itabira, uma combinação prejudicial à saúde e ao meio ambiente, atingindo também redes elétricas

Fotos: acervo Vila de Utopia

O sistema elétrico da região Leste do estado é o que mais sofreu com as queimadas neste ano, registra a Cemig

As indefectíveis queimadas, que não raro se transformam em incêndios florestais, assolam Itabira por toda a cidade desde o início do período seco – e muito pouco tem sido feito para coibir essa prática criminosa que tantos danos causa à natureza e à saúde humana.

Não se tem notícia no município de que algum incendiário tenha sido identificado e punido na forma da lei, mesmo quando ocorre em lotes vagos propositadamente para “limpar” o terreno.

Assim como não se vê, há muitos anos, campanhas mais ostensiva contra as queimadas na cidade, seja pela Prefeitura e ou pela Vale, que tem essa obrigação como condicionante permanente, além de deter mais de 15 mil hectares de área florestal nas proximidades da cidade, entre mata nativa e florestas homogêneas (que já deviam ter passado por reconversão para a original), patrimônios públicos da natureza que precisam ser preservados e protegidos.

Os únicos outdoors com mensagens contra as queimadas e incêndios florestais foram distribuidos na cidade pela Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), que registra mais de 13 mil clientes que tiveram o fornecimento de energia interrompido no estado, vítimas de fogo na rede elétrica.

Levantamento realizado pela companhia registra mais de 45 mil unidades consumidoras prejudicadas por queimadas no primeiro semestre deste ano, em 91 ocorrências. E mais grave ainda: o número de clientes afetados é 15,34% superior ao mesmo período do ano passado, quando mais de 39 mil clientes tiveram o serviço interrompido.

A região Leste de Minas, onde está Itabira, é uma das mais atingidas pelas queimadas e incêndios florestais no estado. Nesta estiagem, mais de 13 mil clientes tiveram o fornecimento interrompido em função de 21 ocorrências que prejudicaram o sistema elétrico da companhia.

A Cemig alerta que essa triste realidade tende a piorar, com mais danos ao meio ambiente e à saúde humana até o início do período das chuvas em outubro, em função das altas temperaturas médias associadas à baixa umidade.

Queimadas causam prejuízos aos usuários ao atingir linha de transmissão de energia, o que pode provocar cortes no fornecimento (Foto: Divulgação/Cemig)

 

Os incêndios florestais e as queimadas, além de prejudicar o meio ambiente e a saúde da população, acabam por queimar equipamentos elétricos de distribuição de energia, como também ionizam o ar devido ao calor e fumaça. “Esse fator pode ocasionar o aparecimento de arcos elétricos na rede de alta tensão, causando curtos-circuitos e consequentemente a interrupção do serviço”, adverte a Cemig em comunicado à imprensa.

Informa também que os incêndios frequentemente acontecem em locais de difícil acesso, o que dificulta às equipes de campo chegar aos locais das ocorrências para realização das manutenções.

“Dessa forma, levar estruturas pesadas, como torres e postes, em áreas acidentadas, torna ainda mais complexo o reparo das redes danificadas pelas queimadas.

Por consquência deixar clientes sem o serviço por um período maior do que seria em outras situações de interrupção de energia por fatores diversos, como as que seguidamente ocorreram em Itabira por ação de pássaros que “atacaram” a rede de energia na subestação da Pedreira, causando sucessivos blecautes na cidade neste ano.

“Os equipamentos da rede elétrica, quando expostos às queimadas, têm seu funcionamento prejudicado. o que pode causar o desligamento de linhas de transmissão e distribuição e de subestações, bem como causar graves acidentes com pessoas que estão próximas a estas áreas”, explica o engenheiro Líder da Cemig, Matheus Amaral.

Danos à saúde

Aplicação de polímeros em áreas descobertas nas minas para conter poeira é insuficiente e abrange pequenas áreas, ficando de fora muito solo exposto: consequência será mais sentida neste mês de agosto com os ventos fortes

Não bastando essa triste realidade das queimadas, Itabira vai sofrer ainda mais, como já está sofrendo, com a emissão de poeira carregada de silica (areia) e pó preto de minério vinda das minas da Vale, que mantém vasta área com solo exposto, com pouca vegetação e sem aplicação de polímeros, medidas de controle que têm sido ano a ano insuficientes para pelo menos diminuir a emissão de poeira.

Em decorrência, pelo que já se observa, diante de medidas ainda insuficientes de controle e mais a novidade das pilhas de rejeito a seco em partes mais altas das minas na da Serra do Esmeril, além de taludes com solo exposto, sem cobertura com com gramíneas ou polímeros, Itabira vai ter momentos extremos críticos com forte emissão de particulados, possivelmente acima do que se viu no ano passado.

É que a emissão de particulados com material mais fino tende a ser maior em relação aos anos anteriores, que tiveram várias ocorrências extrapolando índices admissíveis pela legislação, mesmo sendo apurados por automonitoramento realizado pela própria empresa poluidora.

Com essa ocorrência simultânea de queimadas e poeira carregada do pó preto de minério, a população itabirana já sofre as consequências com mais doenças respiratórias, agravadas também com o tempo mais frio, ventos fortes e baixa umidade.

Canais de denúcia

Em Itabira as queimadas começaram no início da estiagem e é raro o dia em que não há registro, principalmente na região do bairro Gabiroba

Em caso de incêndios, a Cemig (116) e o Corpo de Bombeiros (193) devem ser avisados o mais rápido possível. Já sobre a ocorrência de queimadas ilegais, a população pode denunciar ligando gratuitamente para o telefone 181 (Disque Denúncia), sendo assegurado o anonimato.

A população pode também ajudar a combater queimadas com medidas simples e seguras por meio, por exemplo, de lançamento de água no início das ocorrências, impedindo que propaguem sem controle. Recomenda-se também não jogar pontas de cigarros acesas no mato seco às margens das estradas ou em áreas rurais.

Outra contribuição importante é não deixar garrafas plásticas ou de vidro em áreas com vegetação, o que também evita a proliferação do mosquito da dengue. Esses materiais quando expostos ao sol também podem provocar focos de incêndio, embora a grande maioria é provocada por ação criminosa, deliberada, sem que os autores sejam punidos.

Para as queimadas permitidas por lei, devidamente autorizadas, também existem restrições. Elas não devem ser realizadas a menos de 15 metros de rodovias, ferrovias e do limite das faixas de segurança das linhas de transmissão e distribuição de energia.

Além disso, é proibido o uso de fogo em áreas de reservas ecológicas, preservação permanente e parques florestais.

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