Vale agenda reunião virtual com moradores, nesta quarta-feira, para informar sobre a remoção de residências próximas do Pontal
Dois meses e meio após este site Vila de Utopia informar à população itabirana que a mineradora Vale terá de remover parte das residências dos bairros Nova Vista e Bela Vista para construção de um muro tubular, na região da antiga lagoa do Coqueirinho, na barragem do Pontal, finalmente a empresa agenda uma reunião virtual com os moradores que serão atingidos.
Por meio de sua assessoria de imprensa, a empresa informa que será um bate-papo virtual, agendado para acontecer nesta quarta-feira (2), às 18h. Para participar é preciso acessar o link https://us02web.zoom.us/webinar/register/WN_tGsTDsrQRcGcNd-wabFOuw.
A empresa informa que na reunião será apresentado o projeto de descaracterização dessas estruturas (diques e cordão Nova Vista).
“Será uma oportunidade para a comunidade esclarecer as dúvidas relativas ao processo que faz parte do Programa de Descaracterização de estruturas a montante”, diz a empresa, referindo-se a uma divulgação de 2019, quando ainda não havia sido citada a necessidade da remoção, que só agora, no início deste ano, se tornou público, primeiramente por meio deste site Vila de Utopia.
A informação veio a público por intermédio do secretário municipal de Meio Ambiente, Denes Lott, que citou essa necessidade na reunião do prefeito Marco Antônio Lage (PSB), em 10 de fevereiro, com ativistas do Comitê Popular dos Atingidos pela Mineração em Itabira e Região. Leia aqui e aqui.
“Em janeiro, a Vale informou a este secretário que daria início a um recenseamento de moradias e pessoas nos bairros Bela Vista e Nova Vista. O objetivo seria avaliar o número de atingidos pelos trabalhos de descaracterização da barragem do Pontal”, informou o secretário.
Lott, porém, fez uma ressalva: “Desde então, a Secretaria de Meio Ambiente de Itabira não teve mais informações da Vale sobre a conclusão desse recenseamento, nem sobre o andamento das obras de descomissionamento e descaracterização do Pontal, assim como os impactos na comunidade.”
Na quinta-feira passada (27 de maio) o prefeito e equipe visitaram a barragem do Pontal, quando foram informados sobre o andamento das obras de descaracterização e sobre a necessidade da remoção, mas ainda sem citar o número de famílias que serão atingidas. Leia aqui.
Muros tubulares
Após sucessivas reuniões do comitê com representantes do Ministério Público, e também após a visita da comitiva municipal à Vale, já se sabe que terão de ser construídos dois muros tubulares que empregam tecnologia japonesa, capazes de “conter um tsunami”, antes de avançar com o processo de descomissionamento (descaracterização com a retirada dos rejeitos e reabilitação ambiental da área).
Mas somente para a construção de um desses muros será necessária a remoção de moradores. Isso, segundo a empresa, ocorrerá por medida de segurança, para conter uma eventual lama de rejeitos no caso de ruptura de uma dessas estruturas durante a execução das obras e serviços de descaracterização.
Procurada pelo site por ocasião da primeira divulgação dessa informação, a assessoria de imprensa da Vale confirmou que vinha realizando reuniões técnicas com o Ministério Publico acerca da descaracterização de diques construídos pelo método a montante, mas sem confirmar ainda que haveria necessidade de remover moradores.
“As reuniões envolvem a análise de metodologias e estudos para implantação de medidas de segurança na região, antes do início das intervenções nos diques”, limitou-se a informar.
E acrescentou: “O programa de descaracterização de estruturas a montante em Itabira teve início no segundo semestre do ano passado, com o objetivo de aumentar a segurança das comunidades onde a Vale atua. Em dezembro, foi concluída a descaracterização do dique Rio do Peixe.”
Cobranças
Mais recentemente, após reunião dos ativistas do Comitê Popular com representantes do Ministério Público, também em resposta a este site, a Vale já citou a necessidade das remoções, mas só na segunda etapa do processo de descaracterização e ainda sem citar o quantitativo de pessoas que serão atingidas.
“Para esta fase, visando à segurança dos moradores, está sendo considerada a remoção de pessoas e imóveis nos bairros Bela Vista e Nova Vista. As ações serão definidas conforme resultados dos estudos, sempre considerando o menor impacto possível para as comunidades”, ressaltou.
Esclarecimentos
A reunião virtual será, portanto, uma oportunidade para a empresa informar e esclarecer as dúvidas dos moradores. Porém, o Comitê Popular questiona a metodologia e a pouca divulgação dessa reunião, o que somente está ocorrendo na véspera, nesta semana.
“Na divulgação publicitária desta reunião está escrito que se trata uma ‘roda de conversa’ sobre o tema, mas não tem nada claro como será essa ‘conversa’. Sem contar que o agendamento da reunião foi feito sem nenhuma consulta, sendo marcada na noite anterior a um feriado. E só foi divulgada em cima da hora para a população atingida”, protesta o Comitê Popular.