Tribunais revolucionários de organizações de esquerda são reportados no livro Injustiçados, de Lucas Ferraz
Com mediações dos jornalistas Afonso Borges e Lucas Figueiredo, autor dos livros Morcegos negros e Ministério do silêncio, entre outros, o jornalista itabirano Lucas Ferraz, correspondente de várias publicações em Roma, Itália, participou de um bate-papo on-line, nessa quinta-feira (28), no I Festival Literário Internacional de Itabira (Flitabira), abordando o seu livro-reportagem Injustiçados (Companhia das Letras).
Com base em documentos, cartas e depoimentos de guerrilheiros, familiares das vítimas e militares, Ferraz reporta quatro casos de “justiçamentos”, com as execuções por grupos de esquerda dos militantes Márcio Toledo, Carlos Alberto Cardoso, Francisco Alvarenga e Salatiel Rolim, ocorridos entre 1971/73.
Condenados à morte por “tribunais revolucionários”, eles foram julgados à revelia por seus próprios companheiros da luta armada que se travou no país nos anos de chumbo contra a repressão patrocinada pelo Estado brasileiro.
A acusação foi que eles seriam agentes infiltrados pelos serviços secretos do regime militar. “Esses quatro personagens foram executados por suspeita de traição, mas eram todos inocentes”, sustenta Lucas Ferraz em seu livro-reportagem.
“Por outro lado, outros traidores da esquerda não tiveram o mesmo fim, como foi o caso do cabo José Anselmo dos Santos”, disse Lucas Ferraz no bate-papo virtual pelo Flitabira. “Todos esses traidores passaram incólumes pela justiça revolucionária”, salientou.
Segundo o autor, a ditadura usou a figura desses infiltrados, chamados de “cachorros”, para dividir e jogar os militantes de esquerda uns contra os outros, quando os grupos armados já se encontravam esfacelados pela dura repressão do aparato militar.
Leia mais aqui: Quatro casos de “justiçamentos” de ex-companheiros pela esquerda brasileira são revelados em livro-reportagem de Lucas Ferraz
Coragem
De acordo com Lucas Figueiredo, Ferraz foi corajoso ao revelar a história dessas quatro tragédias que ainda não havia sido reveladas em livro. “Mostra que ainda temos muito que pesquisar sobre a ditadura, sob todos os ângulos”, afirma o jornalista que recebeu três prêmios Esso, dois Vladimir Herzog e um Jabuti pelas suas corajosas reportagens sobre os porões da ditadura militar.
“É um vespeiro que a esquerda evita e que a sociedade precisa tomar conhecimento. Nem mesmo os governos civis eleitos tiveram coragem de abrir esses arquivos”, criticou.
Assassinato em Itabira
Lucas Ferraz encerrou a sua participação no bate-papo virtual denunciando o covarde assassinato de seu irmão Gabriel de Freitas Ferraz Araújo, em Itabira, na noite de 16 de julho deste ano.
“Itabira, terra de Drummond, e de tantas pessoas fantásticas, não pode deixar que seus filhos sejam assassinados. É preciso que se faça justiça. Sei que existe uma investigação em curso, mas é inadmissível que a cidade perca os seus filhos dessa maneira tão covarde.”
Presença
O neto de Carlos Drummond de Andrade, Pedro Graña Drummond, participa do lançamento do livro “Vasto Mundo”, nesta sexta-feira (29), com mediação de Bruna Lombardi e Afonso Borges, diretamente da Casa de Drummond – e com participação remota do fotógrafo Adriano Fagundes.
A apresentação musical desta noite será com a banda itabirana Rivotrio. Na noite de ontem, o show foi com a cantora itabirana Ana Coutinho, ex-superintendente da Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade (FCCDA).
A entrada é franca. Só é preciso apresentar comprovante de vacinação contra a Covid-19.
Patrocínio
O Flitabira é patrocinado pelo Instituto Cultural Vale. “O valor do patrocínio ao Flitabira 2021 é de R$ 800 mil, via Lei Federal de Incentivo à Cultura”, informa a assessoria de imprensa da Vale, em resposta a este site.
“Além disso, foram destinados R$ 400 mil em recursos próprios ao festival que aconteceria em 2020 e não foi realizado devido à pandemia. A soma dos valores destinados ao Flitabira em 2020 e 2021 possibilitou a realização deste grande evento na cidade onde nasceu Drummond, e que também é berço da Vale”, acrescentou.
O festival conta também com apoio da Prefeitura Municipal de Itabira, da Secretaria Municipal de Educação e da FCCDA.
Serviço
Flitabira – Festival Literário Internacional de Itabira
Presencial Flitabira: Praça do Centenário, Itabira/MG
Digital Flitabira: Redes do @Flitabira – Youtube, Facebook e Instagram.
Programação atualizada no http://flitabira.com.br
Confira abaixo a programação desta sexta-feira
11h – LITERATURA: Drummonzinhos (presencial)
Local: itinerante
12h – LITERATURA: Drummonzinhos (presencial)
Local: itinerante
13h – Matuzalem José de Souza, Márcio Passos, Claudionor Pinheiro (presencial)
Entre contos, poesias e crônicas
Local: Palco UFMG
15h – Márcio Caetano e Mailson Furtado (digital)
Poetas e a escrita que contornam cidades e eternizam territórios
Mediador: Jozane Faleiro
16h – Toninho Aribati, Maria Geralda dos Prazeres (presencial)
Poéticas para a vida
Mediação: Otávia Senhorinha de Andrade Muller
Local: Palco UFMG
16h – Arte Sagrada e Espiritual de Viver (digital)
Ailton Krenak e Bené Fontelles
Mediação: Afonso Borges
(Acervo)
17h – Chico Felitti e Tom Farias (digital)
Carolina e Elke – Duas Mulheres Extraordinárias
Mediação: Afonso Borges
18h – Gilberto Gil e Bené Fonteles (digital)
As naturezas do ser
Mediação: Afonso Borges
(Acervo)
18h – Cecília Viana Camilo de Oliveira, Geuderson Traspadini Marchiori, Paulo Assuero (presencial)
Itabira: Identidade, Cultura e Memória
Mediação: Rafael de Sá
Local: Palco UFMG
19h – Sérgio Abranches e Rodrigo Lacerda (digital)
A construção do Romance
Mediação: Afonso Borges
20h – Thiago Amparo e Eliana Alves Cruz (digital)
Esperança
Mediação: Afonso Borges
21h – Pedro Drummond e Adriano Fagundes (digital)
Vasto Mundo
Mediação: Bruna Lombardi e Afonso Borges
22h – MÚSICA: Rivotrio (presencial)
Local: Palco Principal
22h – João Paulo Cuenca (digital)
Qualquer lugar menos agora
Mediação: Afonso Borges
(Acervo)
23h – Encerramento do Evento Presencial
23:05h – Bruna Lombardi (digital)
Clímax
Mediação: Afonso Borges
(Acervo)
Além da programação acima, o festival conta com o “Acervo Corujão”, que transmite, das 22h às 8h, conversas memoráveis do projeto Sempre Um Papo (SUP), no YouTube do Flitabira.
Meu sobrinho foi assassinado em Itabira… primeiro acharam que fora morte morrida, muitos anos depois uma mulher ao denunciar o marido por espancamento denunciou ele como assassino com facadas’ do meu sobrinho. A nossa dor foi tremenda. Ocorre que o médico legista de Itabira não fez a necropsia e a polícia não teve interesse em solucionar o caso. Me sentirei menos dolorida se o Lucas Ferraz desvendar o caso triste do irmão. Da polícia espera-se o que eles fazem desde de D. João IV, proteger os ricos e açoitar pretos e pobres. Meu abraço amoroso ao Lucas.