Sindifisco-MG aponta rombo tributário na mineração e valida denúncias históricas da Amig-Brasil

Foto: Carlos Cruz

Subfaturamento, omissão de produção e triangulação fiscal provocam perdas bilionárias para o estado e para municípios minerados

O Sindicato dos Auditores Fiscais da Receita Estadual de Minas Gerais (Sindifisco-MG) revelou que mineradoras sonegam cerca de R$ 11,3 bilhões por ano em tributos no estado.

A denúncia é baseada em estudo do Observatório Econômico da entidade – e a aponta que R$ 2,2 bilhões anuais são sonegados em Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (Cfem), enquanto R$ 9,1 bilhões se referem ao ICMS perdido pela Lei Kandir, que isenta exportações de produtos primários como o minério de ferro.

Para isso, as mineradoras, segundo o relatório, utilizam mecanismos como o subfaturamento de exportações, quando vendem minério a preços abaixo do mercado para subsidiárias em paraísos fiscais, como a Suíça.

Outro mecanismo de sonegação é a omissão de produção, quando declaram menos do que realmente extraem, processam e vendem.

Além disso, utilizam-se da morosidade da justiça, com disputas judiciais prolongadas, que adiam o pagamento de tributos com penalidades brandas.

Amig-Brasil cobra dívida bilionária

A denúncia do Sindifisco-MG reforça o que a Associação dos Municípios Mineradores de Minas Gerais e do Brasil (Amig-Brasil) vem denunciando há anos com a sonegação sistemática por parte das mineradoras.

A entidade estima que o Brasil perdeu R$ 35 bilhões em Cfem entre 2019 e 2023, e cobra uma dívida de R$ 20 bilhões das empresas.

A Amig-Brasil também critica a fragilidade da fiscalização da Agência Nacional de Mineração (ANM), que permite autodeclarações sem verificação técnica.

Soluções propostas

O Sindifisco-MG propõe a criação da CIDE Mineral, uma contribuição sobre a receita bruta da mineração, com potencial de arrecadação de até R$ 30 bilhões por ano.

Já a Amig-Brasil defende o fim da Lei Kandir e o fortalecimento da ANM, além de alíquotas incidentes maiores para a Cfem, como instrumento de compensação direta aos municípios minerados.

Outro lado

O Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) também contestou, alegando que suas associadas operam legalmente.

Já o governo de Minas Gerais, por meio da Secretaria de Estado de Fazenda, refutou as denúncias e classificou os dados como “infundados e irresponsáveis”.

Itabira: prejuízo é  de R$ 199 milhões, segundo professor da UFV

De acordo com estudo apresentado pelo professor Tadzio Peters Coelho (UFV) e divulgado neste site, Itabira perdeu R$ 199 milhões com a arrecadação da Cfem, entre  2009 e 2020, devido ao subfaturamento nas exportações de minério.

A cidade, que abriga o mais antigo complexo minerador da Vale, enfrenta o fantasma tão real da exaustão de suas reservas, ainda que restam milhões de toneladas de recursos que precisam ser viabilizados – dando mais tempo para o município implementar uma política de sucesso, até aqui não realizada, de diversificação econômica.

A dependência da mineração, somada à evasão fiscal, tem gerado consequências graves. É que com a queda na arrecadação municipal com a Cfem e o ICMS afetam os serviços públicos. E as incertezas quanto ao futuro da cidade, com ou sem a mineração, desde já afastam investidores que poderiam contribuir para se ter um desenvolvimento mais sustentável – sobretudo, independente da mineração.

Fontes:

Sindifisco-MG — Estudo sobre sonegação na mineração

Vila de Utopia – Itabira perdeu R$ 199 milhões em CFEM entre 2009 e 2020, aponta estudo

O Tempo – Sindifisco-MG denuncia sonegação de R$ 2,2 bi ao ano por mineradoras

Diário do Comércio – Sindifisco-MG denuncia perda bilionária por ano com sonegação de mineradoras

 

Posts Similares

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *